sábado, 31 de dezembro de 2011

Lembranças de Guri - Inveja






Para ver o texto em letra "malhor", como diz o Deoclécio, clique duas vezes sobre o texto. Ou clique em Página, dê o zoom que achar mais conveniente e curta a excelente lição de vida sobre os efeitos da inveja no coração e nas pernas dum piá ...

A todos os que aturaram o Blog durante 2011, os sinceros agradecimentos e votos de que 2012 seja um ano em que corrupto seja apenas aquele bichinho que se usa como isca, que a violência ocorra apenas nas horas do amor mais fogoso, que a fome seja apenas de saber, e a sede seja de união e paz.

PAZ TEMOS!

PAZ TENHAMOS!

PAZ TENHAMOS!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Inversão de horizonte

Olhem só o espelho em que se transformou a Lagoa dos Bairros, Barros, Quadros, sei lá, entende. É a que fica perto dos cataventos de fabricar luz, como diz o Deoclécio, lá do Alegrete ...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Lei da Vantagem


A Lei da Vantagem

Tenho cá comigo que a solução dos problemas do mundo é muito simples: bastam duas coisas - uma, parar de fabricar filhos em série, outra, já que não paramos de fabricar gente, vamos desenvolver o sentimento de solidariedade, de vida em grupo, de divisão dos parcos recursos de que dispomos e, isso, em todos os sentidos.

O que torna a vida sobre o planeta Terra cada vez mais difícil não é apenas o excesso de lotação. É, também, o tipo de passageiro embarcado.

O sujeito nasce e, só porque tinha um monte de babacas ao redor - médicos, enfermeiras, mãe, pai, avós e caterva - já fica achando que é a melhor bolacha do pacote.

Passa uma infância paparicado, torna-se um aborrescente dos mais aborrecidos e encara a vida adulta achando que o mundo gira em torno dele.

Aí a porca torce o rabito. Um monte de outros discípulos de Gérson também só quer levar vantagem, cria-se o conflito e está feita a porqueira.

Como ninguém mais se preocupa com o semelhante, nem possui sentimento ou consciência de grupo, a vida em sociedade torna-se cada vez mais difícil e, olhem, o ser humano não sabe viver sozinho. Aí fecha-se o círculo: não respeito os demais, fico isolado, cada vez mais agressivo e individualista, sou rejeitado, reajo com mais agressões, o outro também age de jeito semelhante e o dia-a-dia vira uma guerra de indivíduo contra indivíduo.

Hoje pela manhã tive uma clara demonstração disto:

Estava numa fila de carros aguardando a vez para entrar numa preferencial. Era hora de movimento e as brechas para entrar eram poucas e breves, exigindo do motorista uma certa habilidade, o que nem todo o mundo tem. Aí já está uma clara demonstração de nosso desrespeito para com os demais - mesmo sabendo que não tenho condições, compro uma lata velha e me enfio no trânsito. Azar dos outros.

Voltando ao assunto: chegou a vez do motorista à minha frente entrar no fluxo da avenida. Passou uma, duas, três, sei lá quantas oportunidades, mas o maneta não se encorajava. Como sou relativamente educado, aguardei e ao ver que o homenzinho não tinha condições, não fiquei buzinando. Apenas saí da traseira de seu carro e, como havia espaço, coloquei-me a seu lado, pois pretendia entrar na avenida antes da noite ...

Para quê? Foi o homenzinho ver que eu estava ao seu lado e que talvez fosse entrar na avenida antes dele, o tal que, antes não tinha coragem de avançar, a menos que os carros estivessem a quilômetros de distância, só para não perder a vez para mim, o que fez? Isso mesmo, enfiou-se justo na hora em que não podia. A Kombi que vinha na preferencial teve que dar um freadão para não bater, o grande motorista levou um baita cagaço e se mandou a la cria, com medo de que o que teve a frente cortada fosse atrás ...

Pois se era um bundão, não sabia dirigir direito, por que, justamente no momento em que eu poderia, nas aparências, levar vantagem, foi que se encorajou? Ah, mas a sua vez na fila não poderia ser de outro. Mesmo que estivesse trancando o trânsito por imperícia, a culpa de sua manetagem era de todos, menos dele.

Todos já ficamos trancados em cruzamentos porque o motorista da rua transversal avançou, mesmo sabendo que não havia espaço para completar a travessia, trancando a via quando o sinal fechou para ele.

Pensar em nós mesmos é básico. Faz parte do instinto de preservação da espécie. Mas este mesmo instinto nos faz procurar o grupo, viver em sociedade.
Mesmo as sociedades ditas mais primitivas dão o devido valor à indispensabilidade da vida em comum e estabelecem regras rígidas de convivência. Os modernosos, os democratosos, os individualistas criam o mito da autossuficiência. Há que se respeitar o direito individual a qualquer custo.

Quando nos dermos conta de que preservando o grupo estamos preservando nossa individualidade, estaremos chegando perto duma vida parecida com a verdadeira civilização, civilidade, evolução ...

O indivíduo, fora do grupo é um bosta.

Um bosta petulante e abestalhado, feito o motorista quase atropelado pela Kombi ...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Recado do Deoclécio


Tchê, Lambe-Lambe:

Dentro dos esclarecido, ando numa baita correria com as planta de arroz. Até dei uma parada com o Curso de Apareio. Adespoi da safra, me atraco de novo. Mas o que me traiz aqui é esse tal de FORUM da ABUL. Andei dando umas bombeada no notebuk do seu Ponciano inda otro dia.
Será que essa indiada não arruma o que fazê? Se tão meio desacupado, que venham ajudá nos plantio. Ficá enchendo lingüiça com negócio de trem convencional, coordenação do primeiro tipo, mas que falta de trabaio!?
Aqui no Alegrete nós tinha o trem de carga, o comum, o vagão de segunda, o Minuano e, adespoi, o húngaro. Agora só temo o de carga e, lá de veiz em quando. Esse tal de convencional nunca passou por aqui.
Nessas cosa de coordenação, quem coordena, mesmo, é o piloto de avião agrícola. Nunca falô se é do primeiro, do segundo, do terceiro ou otro tipo. Mas coordena, ah, coordena. Já posô com cada ventão de atravessado, que a gente chegô a achá que a hélice tava na ponta da asa ...
Um abraço e até o fim da safra.
Deoclécio

sábado, 3 de dezembro de 2011

Lembranças de Guri - Prosseguindo com as aprontações




Se gostou, compre o livrinho e faça um velho feliz! Vinte pilas a serem ennviados por mala, cueca, meias, jatinho do Lupi, etc ...

Lembranças de Guri - prosseguindo as aprontações




Se gostou, encomende o livrinho com as quarenta e sete aventuras do "manicaca-guri". Apenasmente vinte pilas que podem ser enviados na mala, na cueca, nas meias, etc.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fernando Velho Costa, o aproveitador (no bom sentido) ...

O Fernando Velho Costa é uma das pessoas que mais curte o avião que tem. É um tal de festa aqui, encontro ali e, quando não tem festa, se manda para Ibiraquera, em Santa Catarina. Certo ele. Avião é feito para voar e investir num brinquedo caro só para olhar, não tem graça. Aqui ele e a Pierina, decolando para Ibiraquera.


Agora o homem tá voltando.
O pouso aqui exige atenção e cuidado. É passar a rede (pertinho ...) , fazer tudo certo e

pousar manteiguinha, com categoria. Obs. Não tente fazer este pouso se não visitou a pista terrestremente e fez uma completa avaliação de como aproximar, velocidades, etc. Isto é coisa para quem tem intimidade com o local, ventos, obstáculos, como o Costa,  meio que nascido aqui.

domingo, 20 de novembro de 2011

Cavalgada a Porto Alegre


Mal tinha cantado o galo,
Inda era madrugada,
Já tinha dado a mateada
E encilhava o cavalo.
Esse pingo de que falo,
Exige muita atenção,
Todo o cuidado do peão.
O descuido de um segundo
E o quera troca de mundo,
Pois o pingo é um avião.

Por dias tinha ventado.
Eu carecendo voar,
Esperando a madrugar.
(Como não sou aloprado,
Se o voo é arriscado,
Só faço na precisão.
Nunca é demais precaução.
Assim, se o vento tá forte,
Não vou cutucar a morte
Só pra bancar o machão.)

Na feita, tava flaquito;
Pouca nuvem ou cerração.
Pensei: "É esta ocasião.
Vou sair num trotezito,
A Porto Alegre, solito,
A partir de São Vicente.
(Se não sirvo pra valente,
Covarde não é minha'lma.)
Aquela manhã tão calma.
Pro meu voo era um presente.


Ventinho Leste de proa
Avagarava meu trote,
Mas não havia pinote.
A marcha rendia boa.
Para o piloto isto soa
Como milonga bem feita,
Que o compositor ajeita,
A guitarra dedilhando.
Sou pajador, e pajando
A estrada nunca se estreita.





Passei por Santa Maria,
Em Restinga fiz retrato.
E prosseguindo o relato,
Tudo como eu queria,
Num tapa pra já que eu via
A silhueta de Cachoeira,
Terra de minha parceira.
Só parei pra desaguada
E prosseguir na jornada
Antes que viesse a pauleira.


Devidamente aliviado,
Dei-lhe as esporas no flete.
No causo, era a manete.
Prá já tinha decolado
E para o Leste aproado.
Voar assim não é fardo
Na calma e sem retardo,
Bom pingo não desaponta:
E quando me dei por conta
Já sobrevoava Rio Pardo.
  
                                                                       

 
Velha capital Farrapa
À beira do Jacuí,
Tirei retrato e, dali
Ao destino era um tapa,
Como mostrava o mapa.
Embaixo, sacolejei
"Vou subir", então pensei,
E a coisa se acalmou
O corredor se alisou
E por Taquari cruzei.




Montenegro, de vereda
Pousei, outra desaguada.
Explico tanta mijada
Se não a história enreda
E a coalhada se azeda:
É que numa ocasião,
Por falta de hidratação
Quase que me apaguei.
Como daquela escapei,
Agora tenho cuidado,
Tomo líquido adoidado
E ainda não me molhei ...

Dali pra Gravataí
A distância era pouca,
Mas cada térmica louca,
Que não tinha no Gibi,
Até o garrão sacudi,
Mas pousar é que era o caso;
Passar a rede num raso
E mergulhar com vontade,
Mantendo a tranquilidade,
Sem adianto e sem atraso.

Mesmo estando cansado,
Fiz o que manda o manual.
Comandei o meu bagual
Dentro do programado.
Pousei curto, amanteigado,
Nem precisei usar relho.
Guardamos o aparelho.
Pensei: "A missão cumpri.
Se não sirvo pra guri,
Sirvo pra piloto

E VELHO...




Lá no fundo, Santa Maria a terra do piloto que se acha pajador ...


Restinga Seca - terra do Iberê Camargo


Rio Vacacaí (o Vacalevantei é mais adiante ...)




Rio Pardo


Taquari


19 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Chegar Voando


"Velocidade se mata na pista" - foi o que me disse uma vez o Altair Coelho, se não me falha a memória e não me pisca a vista. Como se sabe o homem entende, tanto que já projetou e construiu mais de quinze modelos diferentes. Se não foi ele, foi alguém com mais experiência do que eu e gente que escuto com as orelhas bem erguidas, para não perder o conselho.

Por estranho que possa parecer vejo nos aeroclubes os instrutores dando a maior bronca em alunos que fazem a aproximação com uma velocidade um pouquinho além da que eles prescrevem. E, vejam, a velocidade que aconselham: 60 milhas na perna do vento.

Isto mesmo, 60 milhas, com vento de cauda, numa aeronave fraquérrima de motor como o Aero Boeiro ou Aeroboero, sei lá como se escreve, com 115 hps, com estol em 47 milhas, se não estou enganado.

Então vamos por partes: trinta por cento sobre 47 são 61 milhas. Até aí, estamos dentro do razoável, pois temos que há uma certa margem de segurança antes do estol. Bem, se estamos na perna do vento (de cauda, portanto) e o vento é de oito milhas, se ele dá uma rajada de mais umas 8 milhas  ficamos com uma velocidade aerodinâmica de 52 milhas, apenas três além do perigo. Dependendo da temperatura, pressão atmosférica, eventuais turbulências orográficas e outras, a combinação é nitroglicerina pura. Se a rajada for  mais forte, babaus.
Também não devemos esquecer que logo a seguir há a curva para a perna-base, e que os professores mandam fazer com média inclinação. Quanto se perde de sustentação numa curva eu não sei precisar, mas sei que se perde bastante e a perda é geométrica em relação ao ângulo de inclinação. Assim, um tequinho beirando o estol  em termos de velocidade, altera a posição dos perfis que o sustentam, pode esperar o quê?

Não foi uma nem duas vezes que me falaram que eu estava chegando muito veloz na pista. Isto em pistas de mais de mil metros e para um avião que, em situações de necessidade, pousa em menos de cem.

Eu pergunto, para que chegar quase estolando, sem a mínima necessidade, se há uma babilônia de pista sobrando?

Não digo que a gente não deva treinar pousos curtos. Nunca se sabe quando vamos precisar dum deles. Mas, noventa e nove por cento de nossos pousos permitem uma aproximação mais garantida em termos de velocidade. O que justifica fazer a perna-do-vento e a base já beirando o estol?

Vá lá que o sujeito, depois de alinhado com o eixo da pista, na rampa adequada, com vento de proa, na reta final, diminua a velocidade para os tais trinta por cento acima da velocidade de perda, mas ficar voando com vento de cauda, fazer curva e pegar través ao mesmo tempo, quase colando no estol, é pedir para levar.

Não gosto de falar em erros, pois todos cometemos e parece que é castigo: quando a gente aponta o dedo sujo para o defeito de outro, aparece o nosso.

Mas sabem por que eu faço isso - falar sobre erros embora não goste?

Por um motivo muito importante: preservar vidas.

Muitos amigos e colegas já se foram para as grandes alturas por causa do estol a pequena altura. Com certeza mais da metade das mortes na aviação geral ocorre por causa de perdas próximas ao solo.

A gente tem a tendência a voltar para a pista na pane de decolagem mesmo abaixo dos 500 pés (eu já fiz isso - embora mantendo a velocidade - e me dei mal detonando um Kitfox), mas no pavor da pane qual o procedimento instintivo? Cabrar o manche, esticar o voo.

Planeio não se estica, apenas aproveita-se da melhor forma possível. É melhor chegar voando num terreno não muito liso, do que encompridar o planeio até aquela rodovia e estolar antes de chegar lá.

Já vi muito pouso curto de impressionar.

Também já vi cada placaço ...

O pior é que seguidamente vejo a imprensa noticiando sobre "avião que caiu de bico", isto é, estolou.

Amigos já se foram. Outros se "lastimaram" feio - como diria o Deoclécio, que, dizem, voltará ao Curso de Apareio logo que passar o plantio do arroz - por causa da famosa perda a baixa altura.
"Cautela e caldo-de-galinha não fazem mal a ninguém", diz o ditado.

Velocidade, combustível e pista, também.


Acrescento a imagem dum casal de "Tarrãs" que sempre, ao anoitecer chega voando e pousa sem estol no açude da Chácara onde "veve" o Lambe-Lambe. Se algum infeliz inventar de atirar nos bichos, pego o tresoito, o Kitfox e viro um "ás" da primeira guerra, até pegar o desgramado ... Deixo virado numa peneira ...

domingo, 6 de novembro de 2011

SER PILOTO

Para que não me acusem de vaidoso que só publica textos próprios, fotos próprias, de coisas próprias e impróprias, anexo o texto que o Pizatto postou no FORUM (E VOLTARUM) da ABUL ...
Francis Gary Powers (1929-1977) foi capitão da Força Aérea dos Estados Unidos.

Existem dois tipos de pilotos, aqueles que levam em seu sangue a necessidade de voar, pelas mesmas razões que precisam dormir, comer ou respirar, e aqueles que o fazem apenas pela tarefa, por obrigação ou por não ter outra alternativa.
Esses últimos normalmente chegam à profissão por acaso ou outra forma não planejada.
Os primeiros freqüentemente tem a inquietude desde pequenos, quando viam nos aviões algo notável, místico, sublime, talvez muitos destes começaram desde pequenos a construir modelos de aeroplanos, ou acumulando fotos e pôsteres ou qualquer outra coleção com motivos aéreos. Conheciam as especificações e dados de qualquer avião com riqueza de detalhes.
Quando crescem e têm a sorte de realizar seu sonho de criança, desfrutam plenamente do seu trabalho e sentem-se os homens mais sortudos do planeta.
Os pilotos são uma classe à parte de humanos, eles abandonam todo o mundano para purificar seu espírito no céu, e somente voltam à terra depois de receber a comunicação do infinito.
Esse grupo conhece a diferença entre voar para sobreviver e sobreviver para voar. A Aviação os ensina um paradoxo... orgulho e humildade...
Voar é uma magia... que faz vítimas voluntarias de seu feitiço transcendente.
Quando estão na terra, durante dias ensolarados, observam continuamente o firmamento com saudades de estar ali, durante dias chuvosos e nublados, revêem os procedimentos de voo em suas mentes.
O piloto sabe que o melhor simulador de voo esta em si mesmo, em sua imaginação, em sua atitude, porque a mente do piloto esta sempre acessível a elementos novos e compreende que para voar é preciso acreditar no desconhecido.
No mais, os pilotos são homens lógicos, calmos e disciplinados, que pela necessidade, precisam pensar claramente... de outra forma, se arriscam a perder violentamente a vida ao sentar-se na cabine.
O verdadeiro piloto não amarra seu corpo ao avião, pelo contrário, através do arnês ele amarra o avião em suas costas, em todo seu corpo.
Os comandos da aeronave passam a ser uma extensão de sua personalidade, essa simples ação une o homem ao aparelho na simetria de uma só entidade. Numa mistura única e indecifrável, cada vibração, cada som, cada cheiro tem sentido e o piloto os interpreta apropriadamente.
Não há duvida de que o motor é o coração do avião, mais o piloto é a alma que o governa. Os pilotos não vêem seus objetos de afeição como máquinas, ao contrário, são formas vivas que respiram e possuem diferentes personalidades, em alguns momentos falam e até riem com eles.
Esses seduzidos mortais percebem os aviões com uma beleza incondicional, porque nada estimula mais os sentidos de um aviador que a forma esquisita de uma aeronave, não podem evitar, estão infectados pelo feitiço, e viverão o resto de suas vidas contemplados pela magia de sua beleza.
Para o piloto ver um avião antigo é como encontrar um familiar perdido, uma e outra vez.
Quando o destino trágico mostra sua inexorável presença e vidas se perdem em acidentes, a essência do piloto se entristece pelo acontecido, mais não poderá evitar, talvez por infinitesimal segundo, que a sombra de seu pensamento volte ao aparelho caído um golpe de afeição inevitável.
Para o Aviador o som dos pistões é uma bela sinfonia, o som de um jato a síntese da força. Aviões perigosos não existem, somente não são pilotados adequadamente...
Para aviadores, os aeroportos são altares ao talento humano. Ali se realizam diariamente os desafios e os milagres frente às energias da natureza e a força da gravidade. São lugares sagrados, onde o ritual de voar se exalta e se glorifica, de onde caminhos e fronteiras se encontram e o mundo fica pequeno, nos que se chora de alegria e também de tristeza, onde nascem esperanças e sucumbem ideais, onde o som do silêncio habita as lembranças.
No ar o piloto esta em seu elemento, em sua casa, ao que pertence, é ali que ele se liberta da escravidão que o sujeitam na terra. É um dom de DEUS que ele aceita com respeito e alegria.
Este privilégio lhe permite escalar as prodigiosas montanhas do espaço, e alcançar dimensões no firmamento que outros mortais não alcançarão. Este presente permite apreciar a perfeição do criador e o absurdamente pequeno humano.
Permite-lhe igualmente reconhecer que ninguém avista a montanha dali... como ele a vê do céu..
Distinguir uma pessoa que deu sua alma à aviação é fácil, em meio à multidão quando um avião passa seu olhar volta-se imediatamente ao firmamento buscando-o e não descansará até que o veja. Não importa quantas vezes haja visto o mesmo avião, é preciso vê-lo novamente, é algo inconsciente e espontâneo.
Os pilotos talvez possam explorar os elementos físicos do voo, mas descrever o que ocasiona sua existência é impossível porque explicar a magia de voar esta além das palavras.

Ser Piloto

INFALÍVEL SIMPATIA PARA NÃO SOFRER PANE



Embora a maior parte dos acidentes, incidentes e similares sejam causados por falha do equipamento que fica entre o painel e o encosto do banco, lá de vez em quando surge uma pane de motor, que pode causar sérios inconvenientes, inclusive pesada conta na lavanderia para tirar manchas amarelo-amarronzadas das roupas, razão por que a Lambe-Lambe Assessoria Esotérica e Mística divulga a seguinte simpatia:

"Desmonte sua aeronave e coloque sobre um caminhão numa sexta-feira 13, à meia-noite. Leve o equipamento a uma encruzilhada, enfie uma vela de sete dias e sete centímetros de diâmetro no castiçal. A seguir acenda a vela e volte para casa com o caminhão e a aeronave. Importante: não utilize o seu brinquedo caríssimo durante o período da simpatia.

Volte durante treze sextas-feiras. Enfie de novo a vela. Acenda e volte para casa.

A partir da primeira semana você já sentirá aquela maravilhosa sensação de segurança que um motor confiável lhe transmite. A cada sexta, com uma nova vela enfiada, você estará chegando mais perto da segurança absoluta.

Garantimos que durante todo o período a única pane poderá ser a do caminhão e a de seu equipamento de uso com a patroa.

Passadas as treze sextas, remonte seu avião e volte a voar com absoluta tranquilidade.

Ah, importante: nunca deixe de fazer uma revisão completa com um mecânico competente. Se a simpatia não funcionar, a culpa será da vela ... do mecânico, do fabricante, nunca de nosso "trabalho".

Para garantir o efeito, sugerimos que envie módica contribuição à ONG, APSP (Associação dos Pilotos Sem Pila), que ainda não tem conta-corrente e por isso, em deferência especial, está autorizada a utilizar a conta do Lambe-Lambe.

Satisfação garantida ou seu dinheiro com as "tias" ...

Teve um piloto que não enviou sua contribuição. Ao contrário daquelas famosas corrente da internet, nada de ruim aconteceu com ele.
E de bom, também ...

sábado, 29 de outubro de 2011

Passando por Cruz Alta

   No dia da  festa em Cruz Alta, o escrevinhante estava com o pé meio prejudicado e não deu para comparecer.
   Na sexta, dia 28, andei por lá e fui muito bem recebido pelo pessoal, como é costume. Os "Bohn", pai e filho, assim como todos os outros se esmeram por atender bem o visitante.
   Mal pousei o pai veio com um baita chimarrão. Dali a pouquito chegou o Diego e um de seus tantos alunos de uma navegação.
À direita o Diego e o aluno, faceiro porque já é "navegador" ...


Claro que tenho que provar que estive lá.

  Taí o valente Kitfox, que neste dia sacudiu até o ventil da câmara, de tanta térmica que pegamos. Tive que dar um tempo, entre meio-dia e cinco da tarde. Numas horas  achei que ia ficar só com o manche na mão, nem o charuto ia aguentar o pataço das ascententes ...   Que o diga o Jango, de Maçambará, que caiu na armadilha de aceitar meu convite para um voozinho ali pelas três da tarde... O homem se agarrou na estrutura, arregalou uns olhos e só largou a respiração quando pousamos de novo.
   Fazia bastante tempo que não voava na região naquele horário. E olha que não havia uma única nuvenzinha no céu. Térmica seca pura (CAT, como querem os que se acham ...). Imagina quando tem cúmulos ... Também a considerar o fato de que embaixo o pessoal está mexendo nas lavouras nesta estação do ano . Terra remexida, térmica na certa.
  O Vovô aqui tá até agora com o punho doendo de tanto bater "schimier", fazer polenta, etc ....

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Kulula - Não é a empresa "com o Lula", no falar do próprio ...

Esta empresa realmente existe, tem preços módicos e bom-humor. Pena que é da África do Sul. Colaboração do Cesar Ludwig

domingo, 23 de outubro de 2011

OshCox - Encontro de Coxilha

Recado do Deoclécio, lá do Alegrete:

Lá pelo norte do Estado
A aviação se reuniu;
O céu era puro anil.
Deu gente de todo o lado.
Eu, que não fui convidado,
Mesmo triste, não me enforco,
Um trago de canha emborco;
Vendo as acrobacia
Recupero as  alegria.
Triste mesmo, só o  porco...

   Vendo o vídeo vocês saberão do que estou falando ...

Para ver, clique no link



http://www.youtube.com/watch?v=yWPyIJGrZsg

sábado, 22 de outubro de 2011

Peão Laça Paulistinha

Enviada pelo Nédio Marques da Rocha, de São Pedro do Sul - Auto-estrada de Catanduva

CLÁUDIO CANDIOTA
O repórter da façanha inédita
Texto:ANTÔNIO GOULART
Fotos: LÉO GUERREIRO
O jornalista gaúcho Cláudio Candiota
relembra, 56 anos depois, a incrível
história do peão que laçou um avião
numa rica fazenda de Santa Maria
N
60
uma tarde de janeiro de 1952, o jornalista Cláudio
Candiota, então diretor de A Razão, de
Santa Maria, encontrava-se em sua sala quando
foi procurado pelo comandante do aeroclube da
cidade, Fernando Pereiron. O visitante trazia
uma notícia de impacto, mas não para ser
divulgada. Pelo contrário, queria escondê-la. Temia causar
prejuízo à imagem do estabelecimento sob sua responsabilidade.
Quando soube do que se tratava, a reação de Candiota foi em
sentido oposto: “Deixa comigo. Vou tornar este aeroclube
famoso em todo o mundo. É a primeira vez que acontece uma
coisa como essa”, disse de imediato. Como também era correspondente
no Rio Grande do Sul de O Cruzeiro, o jornalista
telefonou para a direção da revista, no Rio, que mandou, já no
dia seguinte, para Santa Maria, o seu melhor fotógrafo, o gaúcho
Ed Keffel. Uma semana depois aparecia, com exclusividade, a
reportagem em cinco páginas, amplamente ilustrada.
Um peão de estância tinha simplesmente laçado um avião em
pleno vôo. E como houve dano na hélice do aparelho, o piloto
estava ameaçado de demissão, por ter agido de forma imprudente
e provocativa, e por não ter comunicado o fato às autoridades
aeronáuticas.
TIRANDO RASANTES
O autor da façanha de “laçar um avião pelo focinho” foi o
peão Euclides Guterres, 24 anos, solteiro, descrito na época
como vivaz , fazedor e contador de proezas. Tudo começou
quando o jovem piloto Irineu Noal, 20 anos, pegou o
“Paulistinha” Manuel Ribas e decolou rumo à fazenda de
Cacildo Pena Xavier, em Tronqueiras, nas proximidades da base
aérea de Camobi, e passou a tirar repetidos rasantes sobre as
coxilhas.
No alto de uma delas, Euclides cuidava de uma novilha com
bicheira e não gostou do que viu. Achando que aquilo era alguma
provocação, não teve dúvidas: armou o laço de 13 braças e quatro
tentos e atirou em direção ao bico do teco-teco, acertando o alvo.
Por estar preso na cincha do arreio sobre o cavalo, o laço, com o
impacto, arrebentou na presilha e seguiu pendurado no avião. O
piloto, assustado, tratou de pousar. Ainda na cabeceira da pista,
longe do hangar, retirou o laço e o escondeu no meio das
macegas.
"Eu não fiz por maldade. Foi pura brincadeira.
Para falar a verdade, não acreditava que
pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas
num tiro de laço."
O peão Euclides Guterres
"Nada nos pode parecer mais estranho do que
a notícia de que um homem tenha laçado um
avião. A vontade que a gente sente é mesmo de
duvidar. Mas, a verdade é que a extraordinária
façanha aconteceu no pampa gaúcho, em
Tronqueiras, na rica fazenda de Arroio do Só, no
município de Santa Maria."
Abertura da reportagem publicada por
em 23 de fevereiro de 1952, assinada por Cláudio
Candiota
O Cruzeiro,1952

sábado, 15 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Eu fui piá em São Vicente


Vilsom Jair Barbosa


Mal começava a existência,
Era um toco de guri,
A costa do Toropi
Se tornou minha querência.
Foi a mão da Providência
Que foi me orientando a alma,
Tirando força do amargo,
Me dando horizonte largo,
Como só tem cá na Palma.

O pago a que me refiro
Não era um lugar ao léu.
Tinha um jeito de Céu
A Fazenda Bom Retiro.
De saudade, hoje suspiro:
Era lugar bom de fato,
Onde o Vovô Donato,
Um Farroupilha elegante,
Bem montado no Brilhante
Foi do gaúcho o retrato.

A vida é um cavalo:
Anda, troteia e galopa;
Sem aviso o quera topa
Com cupim, toca ou com valo
E nos surpreende o pealo:
Lá se foi o meu avô.
Aquele que me orientou
Rumo ao corredor do bem,
De soco se foi pro além
E o piazote, então, chorou.

Adeus para o arvoredo.
Adeus minha tropa de osso.
Hoje fazer não posso
Mais mangueira de brinquedo.
E nos recuerdos me enredo
Como em barbante de saco.
Com a saudade me atraco.
Não arrebento este ajojo,
Ah, se eu tivesse o apojo
Pra dar força ao guri fraco.

Nunca mais comi pitanga,
Gosto de puro mistério,
No rumo do cemitério.
Os grandes com sua zanga
A carreta, os bois na canga,
Todos, rostos fechados,
Os semblantes emburrados;
O piazedo em gritaria,
Para nós era alegria,
O passeio de Finados.

Nunca mais pesquei traíra
Com três palmos "fora o rabo".
Vou pescar, só fico brabo.
É coisa que me admira:
Nem lambari se tira.
O peixe anda sumido.
É rio, açude poluído.
Antes, na minha infância
De peixe era tal abundância:
Pros vizinhos distribuído.

E a velha Maria Fumaça,
Cortando a beira da Serra,
Levando para outra terra
Gente que vem e que passa?
Por mais esforço que faça
Não escuto mais o grito.
Se perdeu longe o apito
Foi-se o trem de carga e gente
Meu coração se ressente
Por não bater num piazito.

Foi-se o tempo do sarampo,
Da geada, pé-no-chão;
A capina, a marcação,
Vidrinho de pirilampo.
Se foi o guri de campo
Nos tombos da égua lerda.
Esta vida nos deserda.
E o choro a cara me banha:
Bom se o guri de campanha
Não sofresse tanta perda!

08 de outubro de 2011.


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Segurança do Hangar

 O Mano, quando chega o entardecer começa sua ronda para evitar que os ratos cheguem perto do Kitfox.
Enquanto isso eu e a patroa mateamos num ambiente "mui estressante" ...

domingo, 25 de setembro de 2011

Causo Narrado pelo Deoclécio


Causo Narrado pelo Deoclécio

Pouso com Ventão de Través

Passou-se ansim:

- Diz que lá pelas bandas de Itajaí, nos plagos catarinense, um desses piloto recruta, que tá empeçando as peleia com os apareio, estava nas berba de ir pro tal de cheque.

O peão deu uma sorvida no amargo, depois cuspiu pro lado de montar e seguiu narrando:

- O rapazote não era lá mui assustado, desses que corre fantasma a canzil, no más! Facero que nem bolicheiro em dia de cancha reta, aguardava ansioso pelo avoo, pois ia confirmá o solo. Pela primeira vez iia se afastar da pista, sem um instrutor dando as garantia.

- O instrutor fez o tal de "bifing" ou seja lá o que for de palavra afrescalhada de gringo e dirigiram-se para o Paulistinha, devidamente aperparado pelo aluno. Diz que nesse negócio de "bifing" o instrutor alertou para as particularidade da região nessas cosa de tempo. "Duma hora para outra bate um ventão e a gente deve sempre contar com o pior e saber como enfrentar a situação" - falou pro novato.

- O ventinho que soprava vinha do leste, mas era cosa poca.

- Se foro pro firmamento, dum azul forte, com uma ou outra nuvenzinha, diz que desses tal "acúmulo". Fizero as manobra prevista no Manual e o instrutor autorizou o poso. Em vez de se dirigirem pro galpão dos apareio, pararam levemente afastados da pista e confirmou-se que tinha chegado a hora. "Fica tranquilo. Tu estás bem preparado. É só fazer o que tu sabes que vai dar tudo certo. E fica atento com a biruta, para ver se não aumenta o vento, quando voltares."

- Lá se foi o guri. Já se sentia homem, piloto, de verdade.

- Ficou cosa duns vinte minuto na área de manobra e se tocou de volta. Quando chegô no tráfego, arrepiô os cabelo de um tudo. A biruta tava retinha, de tanto vento. E bem de atravessado!

- Benzeu-se, agarrô-se com tudo quanto era Santo e repassô a forma de como fazê um poso com um ventão daqueles!

- Tremendo que nem vara verde, mas mantendo os pensamento concentrado fez os procedimento. Quando entrô na reta final, abaxô a asa do vento, deu um pedal contrário e veio pro tudo ou nada, pensando "se só desmanchá o Paulistinha e não me machucar, estou no lucro".

- Diz que o toque foi suave, a correção dessa tal de caranguejada foi feita no momento justo e, agradecendo aos Santos, confirmando a generosa oferta na Igreja, benzeu-se e foi pro galpão de guardá apareio.

- Meus parabéns - falou o instrutor.

- Provaste que sabes controlar um teco com vento de través, mesmo quando não há vento de través.

- Como assim? Sem vento? Olha só a biruta. Tá na horizontal, de tão forte que é o ventão.

- Mas ao olhar praquelas banda, a biruta tava murchinha, sinal de nenhum vento.

- Voltando de lá, com uma escada e um cabo de vassora na mão, que fora tirado de dentro do tubo de pano, um aluno veterano se desmanchava de ri, com o final da empulhada ...

Diz que o referido pode ser verdade de dou fé.
Vilsom Lambe-Lambe Barbosa

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Para Incluir no Cheque Pré-Voo

  Agora, para preparar o avião, tenho mais uma tarefa: ver quanto ninhos os passarinhos fizeram ...


Por vários motivos fui obrigado a ficar mais de vinte dias sem voar. Com algum informante secreto, as "corruíras" descobriram, andaram ligeiro e fizeram um ninho antes que o piloto voltasse. Imaginem se eu fosse que nem muito apressadinho, que senta, vira o arranque e se manda pista a fora... Com o aquecimento, os pauzinhos secos, as palhas e outros ingredientes, certamente pegariam fogo e, aí o manicaca ia ver o que é bom pra tosse.


Passeando pela querência.