segunda-feira, 30 de maio de 2011

São Gabriel

Como se vê a festa é bem eclética.

O "Foquinho" sente-se em casa, mesmo que tenha companhia dum "Cristen Eagle" (escrevi certo?).

domingo, 29 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Embrabecendo o Anjo


Estive lendo um tijolão publicado no forum da ABUL, escrito pelo Matta Machado, sobre sua experiência com os CBs.

Todos cometemos erros e, felizmente, em muitas das cagadas, o preço pago não é o mais alto. Foi o caso, onde o preço ficou no susto e suadouro. Mas, como nem sempre as coisas terminam tão bem, ele resolveu tornar pública a aventura, para nos alertar.

Como dizia o esquartejador, vamos por partes:

Atender ao pedido de estranhos à aviação para fazer um vôo de risco é pedir para levar. Claro que todo o pai se amolece quando o pedido vem de algum projetinho de gente, com os olhinhos brilhantes de sede por aventura.

Cuidado: o adulto, o responsável, o capaz de avaliar riscos e ameaças somos nós, não as crianças. Elas confiam cegamente no seu maior herói, no super-homem, naquele que tem a coragem e competência de enfrentar os céus e as distâncias. É melhor decepcionar nossos fãs, diminuir um pouco a intensidade da aura de herói e continuarmos vivos, inteiros, em família.

Fazer um vôo de longa distância, num Corisco, aviãozinho bom, mas monomotor, em período conhecido como de intensas variações climáticas, pairando por horas sobre uma camada branca, ainda que em vôo sereno, é assumir risco graúdo. E se o motor, por mais confiável que seja, por melhor manutenção que tenha, inventar de perder rendimento ou, pior, ficar bem quietinho? A velha lei de Murphy é implacável - se pode dar errado, vai dar errado. E esta leizinha desgranida pode ser aperfeiçoada: o errado quase sempre acontece na pior hora. Pane no solo ou no circuito de tráfego é raríssima. Aliás, se a gente soubesse quando aconteceria a pane, elas estariam completamente banidas. Ninguém voaria sem antes fazer conserto, a revisão, etc., é evidente.

Pois bom, lá se ia o homem, meio alheio aos riscos que buscava.

Para completar, se foi tarde a dentro voando acima da camada, mesmo sabendo da possibilidade do surgimento dos CBs.

Atendendo à Lei de Murphy, eles surgiram.

Um erro nunca anda solito. O somatório iniciou com a decisão pelo vôo numa estação imprópria para aquele tipo de percurso, seguiu na insistência em permanecer sobre a camada com monomotor espartano de instrumentação, quis ir um pouco além, voando à tarde em época de CBs e, completou-se quando avistou um de nossos maiores inimigos e inventou de enfrentar a fera. Está certo que tinha medo de ficar com o combustível no crítico, mas, acredito que ainda assim, seria preferível isto a entrar na pauleira, cuja verdadeira força destrutiva não se podia avaliar. Vários equívocos que todos podemos cometer, mas todos simultaneamente, é nitroglicerina pura.

Como dizia minha avó, teve mais sorte do que juízo e o CB não era tão brabo, aliás, devia ser um dos mansos. De um CB de respeito, dificilmente um Corisco sairia ileso.

Felizmente tudo terminou bem, mas podemos dizer que ele não precisa mais jogar na loteria. Já ganhou sua mega-sena! Ele e a família estão inteiros.

Fico, sinceramente, com receio de escrever sobre erro dos outros, porque estou consciente de que já cometi muitos e que ainda vou cometer alguns, embora faça o possível para evitar.

Sou um piloto relativamente experiente. A sorte tem me ajudado e um pouco de preparo já me livrou de poucas e boas. Em seis panes, sendo duas de decolagem, consegui manter o nível de coragem acima do nível da bosta pelo cagaço, terminando os "causos" ileso em cinco casos e com um leve arranhãozinho na sobrancelha num deles, ainda que tenha lenhado feio o ultraleve em duas ocasiões.

Tenho, entretanto, o maior respeito pela força da natureza. Já peguei algumas turbulências brabas, ventões de través de arrepiar na hora do pouso com pandorguinhas leves como Netuno, 15 BIS e Kitfox com trem convencional. Nunca, porém, tive o peito de enfrentar camada por horas, aliás, ultraleve não deve fazer isso nem por minutos e se o CB está pensando em se formar, compro uns dez tubos de Super Bonder, colo meus pés e os pneus do aviãozinho no solo, que é onde a gente deve estar quando aquelas nuvens bonitas de se olhar enfeitam os céus deste Rio Grande de Deus, nas nossas imprevisíveis e quentes tardes de verão.

Nunca se sabe o dia em que o anjo-da-guarda está de férias, pegou um resfriado, ou, pior, já cansou das nossas aprontações...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Disciplina, perseverança, garra, etc., etc.

São as qualidades mínimas dum piloto. E dum maratonista, também.

O "Lambe-Lambe" completou os 42,195km da Maratona de Porto Alegre em 4h e 26 min. Um tempo meio ruim, mas, para as condições de treino (gripe, lesões, etc.) foi louco de bom. E também há o problema de DNA, que muitos atletas começam a enfrentar: Data de Nascimento Antiga ... O outro obstáculo foi a umidade - uma idade avançada ... (58 invernos não são dezoito ...)

Ah, e cheguei bem, pois, já que não poderia fazer um bom tempo, espertamente fui poupando o "organismo", como diria o Deoclécio, para finalizar em condições de praticar muito sexo ... (Espiritual, platônico, desse tipo ...)
Lá pelo km 11.
E depois dos 42 km, louco para voar umas cinco horas no Kitfox.

sábado, 14 de maio de 2011

Sobre Solidariedade



Voar é um ato solitário.

Nossa maior emoção não é aquela sentida quando o instrutor nos leva para o primeiro vôo do curso. Também não é a do final do cheque quando ele nos dá os "parabéns, comandante". São fortes, marcantes, mas nem de perto se comparam à maior de todas elas.

O primeiro vôo solo foi, para muitos de nós, o maior momento de nossas vidas.

Ali rompemos o cordão umbilical da dependência para ganharmos os céus.

Estamos no ar e tudo depende de nós. A enorme sensação de liberdade, o horizonte que se alonga, a beleza da vida e, por que não?, a discreta presença da morte, são coisas nossas, com exclusividade. Continuar voando e vivos depende de nossa exclusiva competência.

A pista ficou lá embaixo. Voltar ao ninho não será obra de outro. Voltaremos por nossos próprios meios. Sabemos disso e encarar e vencer este desafio nos coloca numa dimensão acima dos mortais comuns, escravos da gravidade.

Essa falsa sensação de superioridade, de pertencer a um seleto grupo de privilegiados talvez seja a culpada pela arrogância e também falsa auto-suficiência que ataca boa parte dos comandantes.

Também soma-se a isto outra falsa sensação de poder que contamina os com caráter não muito inatacável, vinda da síndrome do bolso recheado.

Normalmente quem voa, salvo raras exceções, tem a guaiaca estufada. Pobre não compra avião de duzentos mil e de manutenção caríssima, para brincar nos finais- de-semana. E o dinheiro acaba inflando, além do bolso e da conta bancária, o ego do possuidor. Se o sujeito não tem pedigree, acaba achando que com os pilas pode comprar tudo, inclusive competência como piloto e vacina anti-pane.

Por essas e outras, normalmente piloto é um sujeito autoconfiante, exageradamente auto-suficiente, a pensar que com sua extrema habilidade, com dinheiro que botou no equipamento tudo estará sempre bem.

E voa, voa.

Felizmente os bons aviões e motores são maioria.

Mas, o meio mecânico é o meio mecânico.

Um dia pode dar-se a coisa.

É quando a gente precisa de ajuda, solidariedade.

A solidariedade nunca foi a marca dos ricos, dos poderosos e dos que se acham.

Até hoje nunca vi ricos fazerem mutirão para construir palacete. Já viram rico fazer churrasquinho na laje para construir a piscina? Para que ficar devendo favor, se o dinheiro compra tudo, até amor sincero?

Não estranho que pilotos sejam uma categoria individualista. Até pela própria atividade. Quem passa horas e mais horas com o mundo a seus pés, tendo a sensação de poder sobre a vida e e morte sua e de muitos outros, com o tempo, pode acabar se achando.

Forma-se então o círculo vicioso, viciado, sei lá.

Eu vôo sozinho. Tu voas sozinho. Nós voamos sozinhos.
Encontramo-nos nas festas, para exibir nossas máquinas, equipamentos, bravatear proezas e distâncias e é só isso.

Solidariedade vem da necessidade mútua. Quem já nasce apoiando e sendo apoiado não terá dificuldades em ser solidário. Quem nunca precisou de ajuda, nunca ajudará, não por maldade, mas porque acreditar que todos estão no mesmo patamar de suficiência. Se meu dinheiro compra tudo, o dinheiro dele também deve comprar, é o pensamento.

Só que a vida não é bem assim. De repente, o avião do sujeito tapado de pila entra em pane, assim como o basiquinho daquele que empenhou a alma para comprar o pano e cabo.

Como a maioria é composta de auto-suficientes, estes pensam que os outros são auto-suficientes, portanto, não precisam de auxílio.

Quando, de fato, todos precisam de todos.

É uma pena que o ser humano, desde que se deixou dominar pela ambição, pela ganância, esqueceu dos valores básicos.

Voar é tão bom, é tão maravilhoso, que deveria ser um fator de agregação, de cumplicidade, companheirismo. Paradoxalmente, não é.

É por isso que seguidamente vemos quem sofreu alguma pane, acidente ou incidente, queixar-se de que não recebeu apoio dos colegas.

Todos achamos que o outro também poderá resolver tudo a poder de troco. Mas na hora em que estamos fragilizados, quando vimos a foice passando perto, quando nosso companheiro de jornadas está virado num amontoado de tubos retorcidos, não precisamos apenas de alguém para recolher o material, chamar o táxi, a ambulância. Precisamos é dum amigo que nos fale ao coração, que nos anime, que nos dê coragem, que nos transmita força para continuar voando.

Devo estar chovendo no molhado e, dificilmente o comportamento da maioria dos pilotos irá mudar por causa desta simples croniquinha. até porque pouca gente lê este blog.

Mas, se algum de nós, basta apenas um, tomar a decisão de estender a mão amiga ao que precisa, já estará de bom tamanho.

 

domingo, 1 de maio de 2011

HUMOR (negro)

Dicas de Economia

Já que está todo o mundo reclamando dos altos custos de taxas cobradas pela Infraero, Anac, essas coisas para pouso em aeródromos sem estrutura, uma sugestão: a gente decola, voa, voa, mas não pousa ...

Aí eles vão cobrar pelo uso do ar, pois ao remexer nas moléculas, há sensível desorganização do produto, que perde valor no mercado, etc, etc. ...

Notícia de última hora:

Descobriu-se que há gente interessada em terminar com a aviação geral, leve e desportiva no Brasil. Isso, desde 1914 ...

O Pinhão do Lambe-Lambe

Falam que há escassez de pilotos. Pessoalmente, acho que aprendi muito, mesmo depois de ser PP, com os ultraleves. O que se ganha de pé-e-mão, brigando com os ventos, não tá em nenhum Gibi.

Se, em vez de manear os leves, houvesse estímulo, por exemplo, permitindo somar as horas iniciais de ultraleve, como parte da instrução, estaríamos incentivando o surgimento de novos e excelentes comandantes. Mas, só eu, que sou mui burro vejo isso ...

Carta do Deoclécio

Tchê, Lambe-Lambe:

Tenho arreparado nessa tal de internet que tem uns quantos RV pra negócio. Andei avoando num apareio deste aqui no Alegrete, com um sujeito que é piloto desses avião de espaiá uréia e fungicida. Loco de especial. Mas, como ando curto dos pila na guaiaca, será que tem algum que aceita a égua Xuxa, com os apero completo, mais o cusco Ventania? Total, prazer por prazer, só cambiamo os tipo ... Já que tô de namorada, não careço mais dessas cosa de barranco.