sábado, 22 de outubro de 2011

Peão Laça Paulistinha

Enviada pelo Nédio Marques da Rocha, de São Pedro do Sul - Auto-estrada de Catanduva

CLÁUDIO CANDIOTA
O repórter da façanha inédita
Texto:ANTÔNIO GOULART
Fotos: LÉO GUERREIRO
O jornalista gaúcho Cláudio Candiota
relembra, 56 anos depois, a incrível
história do peão que laçou um avião
numa rica fazenda de Santa Maria
N
60
uma tarde de janeiro de 1952, o jornalista Cláudio
Candiota, então diretor de A Razão, de
Santa Maria, encontrava-se em sua sala quando
foi procurado pelo comandante do aeroclube da
cidade, Fernando Pereiron. O visitante trazia
uma notícia de impacto, mas não para ser
divulgada. Pelo contrário, queria escondê-la. Temia causar
prejuízo à imagem do estabelecimento sob sua responsabilidade.
Quando soube do que se tratava, a reação de Candiota foi em
sentido oposto: “Deixa comigo. Vou tornar este aeroclube
famoso em todo o mundo. É a primeira vez que acontece uma
coisa como essa”, disse de imediato. Como também era correspondente
no Rio Grande do Sul de O Cruzeiro, o jornalista
telefonou para a direção da revista, no Rio, que mandou, já no
dia seguinte, para Santa Maria, o seu melhor fotógrafo, o gaúcho
Ed Keffel. Uma semana depois aparecia, com exclusividade, a
reportagem em cinco páginas, amplamente ilustrada.
Um peão de estância tinha simplesmente laçado um avião em
pleno vôo. E como houve dano na hélice do aparelho, o piloto
estava ameaçado de demissão, por ter agido de forma imprudente
e provocativa, e por não ter comunicado o fato às autoridades
aeronáuticas.
TIRANDO RASANTES
O autor da façanha de “laçar um avião pelo focinho” foi o
peão Euclides Guterres, 24 anos, solteiro, descrito na época
como vivaz , fazedor e contador de proezas. Tudo começou
quando o jovem piloto Irineu Noal, 20 anos, pegou o
“Paulistinha” Manuel Ribas e decolou rumo à fazenda de
Cacildo Pena Xavier, em Tronqueiras, nas proximidades da base
aérea de Camobi, e passou a tirar repetidos rasantes sobre as
coxilhas.
No alto de uma delas, Euclides cuidava de uma novilha com
bicheira e não gostou do que viu. Achando que aquilo era alguma
provocação, não teve dúvidas: armou o laço de 13 braças e quatro
tentos e atirou em direção ao bico do teco-teco, acertando o alvo.
Por estar preso na cincha do arreio sobre o cavalo, o laço, com o
impacto, arrebentou na presilha e seguiu pendurado no avião. O
piloto, assustado, tratou de pousar. Ainda na cabeceira da pista,
longe do hangar, retirou o laço e o escondeu no meio das
macegas.
"Eu não fiz por maldade. Foi pura brincadeira.
Para falar a verdade, não acreditava que
pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas
num tiro de laço."
O peão Euclides Guterres
"Nada nos pode parecer mais estranho do que
a notícia de que um homem tenha laçado um
avião. A vontade que a gente sente é mesmo de
duvidar. Mas, a verdade é que a extraordinária
façanha aconteceu no pampa gaúcho, em
Tronqueiras, na rica fazenda de Arroio do Só, no
município de Santa Maria."
Abertura da reportagem publicada por
em 23 de fevereiro de 1952, assinada por Cláudio
Candiota
O Cruzeiro,1952

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