domingo, 2 de abril de 2023

Em Busca do Paraíso

 

                  "Conheço piloto velho, conheço piloto louco, mas piloto louco e velho, não conheço."

            Quem é do meio aeronáutico conhece este ditado que, como toda a regra tem exceção. Uma dessas exceções, parece, é o escrevinhador. Afinal, já aprontei algumas, escapei de outras onde não aprontei, mas as panes me pegaram no contrapé e, embora louco, estou velhito e vivinho da silva ...

            Mesmo com oito panes e as tais gracinhas pro diabo rir,  consegui ser um velho sex (agenário). Pena que agora isto passou e meu horímetro marca a década sept(uagenária) desde agosto passado.

            De acordo com os causos aqui do blog e de outros meios comunicantes, provado está que nunca regulei bem dos parafusos como piloto e que, apesar das loucuragens,  alcancei a tal idade provecta (que não sei bem o que seja).

            Como diriam os advogados, diante do exposto, conclui-se que o Lambe-Lambe é piloto velho e louco - desses de atirar pedra pra cima ... e não sair de baixo.

            Hoje, mais uma história  de cutucada da onça com vara curta.

            Será narrada pelo Deoclécio, um peão do Alegrete, que já foi até piloto de corrida de auto, e anda peleando para ver se faz o PP, pois  encasquetou que vai ser motorista de aparelho. Este quera, criado pelos "galpão" é fruto da imaginação doentia do Lambe-Lambe, um retratista que se meteu a fotógrafo. Depois até Piloto Privado virou, além de aprontar poucas e boas com ultraleves e experimentais como Netunos, MLs, Mai, Kitfox(s), Pober Pixie e assim por diante. Ah, e o candidato a hospício às vezes inventava de ser piloto de prova de aviões experimentais construídos por amadores que nunca tinham pilotado, não eram mecânicos de avião, sequer de fusca. Claro que também foi parar no brejo ...

            Agora, com a palavra o Deoclécio:

            "Tchê, não sei se vocês se alembram daquele abostado retratista que cruzou este Rio Grande, parte de Santa Catarina, Paraná e, dizque, até pelo Uruguai andou se metendo nesse negócio de fazê image das fazenda.

            Pois bueno, teve uns tempo em que retrato aéreo dava uns pila e o maluco, que além de retratista é advogado -  andou ganhando uma causa das cuiúda. Com a guaiaca recheada o suficiente, não é que enlocô e se meteu a comprar um aparelhinho loco de especial, um tal de Quitefosse, Quitefosque, que lá sei eu, esses nome afrescotiado, coisa de americano.

            Isso foi lá pelos ano final de noventa, apruximadamente.

            Pois o bagual estava guardando o aviãozinho esse  nos galpão de Montenegro e inventou de ir a Bom Jesus, num Rodeio que tinha lá.

            Como o vento do nascente tava fortezito e ia sobrevoar zona de serrania braba, planejou escapar dessas tribulência dos cerro, subindo, subindo.

            E se foi a la cria.

            Se atracou a subir pra ver se aliviava os coice das tribulência.

            Era um dia quente e pra não forçar o motor do aparelho o índio foi subindo uns quinhentos pé por minuto. Subindo, subindo.

            Segundo conta ele, nada de se acalmarem as tal de tribulência ortográfica. Já estava em mais de quatro mil e quinhentos pé e o ventão comendo.

            Foi trepando, trepando. Ainda bem que pensara em pedir uma jaqueta emprestada pro tal de Ricardo, lá de Montenegro, pois era um dia de mais de 30 grau no Oroclube e ele não truchera nenhum agasalho. Com a planejada subida, o tempo ia se pará fresco lá em riba, que o ar refresca dois grau a cada trezentos metro de subida, pra quem não sabe.

            Antes mesmo de cruzar o através de Caxias já andava nos oito mil e quinhentos pé.

            O Kistefoque pulando que nem cabrito.

            O infeliz do Lambe-Lambe bombeou o firmamento e viu que a altura máxima dos acúmulo não devia passá dos nove mil pé.

            Acima desses acúmulo - pensava o cabeça-de-vento, tem que alisá.

            Dez mil pé e nada de alisá. Os acúmulo cada vez aumentando mais de comprimento pra riba.

            Sô grosso de campanha, mas entendo um poquito de motor, pois lá na fazenda e granja do seu Ponciano a gente tem que fazer meio de um tudo. Por isso já tô ciente de que nas grimpa do céu o oxigênio é escasso. Não vivem falando esses locutor de jogo de bola que os atleta ficam meio grogue quando vão jogá nas cidades com mais de treis mil metro de altura?

            O ar fica escasso pros vivente e pros motor. Até já vi os piá do Oroclube falando que lá em cima tem que regulá mistura.

            Mas o teco-teco do Lambe-Lambe não tinha essa tal de regulagem. Aí, dizem que o motor trabalha rico demais, pode lavá as parede dos pistão com o excesso de gasolina, faltá lubrificamento e a porquera tá feita.

            Só que loco é loco e não tem o que acerte os parafuso dessa raça.

            O maluco sempre subindo, subindo.

            Só não subiu mais, sem regulage  das mistura, com risco de ele ficar mais abobado do que já é por falta de oxigênio e pela mesma causa o motor entregá os ponto,   porque se formô o tal acúmulo-nimbo bem em riba de Bom Jesus e não teve solucionamento que não fosse dar cara-volta para Montenegro.

            Dizem que esse tal de CB é o maior inimigo dos piloto e muito motorista de aparelho já trocou de querência por ser pego numa dessas nuve braba.

           Mas pelo menos uma vez na vida salvou um maluco e seu tequinho, porque o sujeito estava a dez mil e oitocentos pé, sem máscara, voando solito (ah, e o desgranido tem tendência a pressão arterial baxa), quando teve que retorná por causa dessa nuve de tormenta e empeçá a descida, devagarito, para não refrigerar demais o equipo e congelá o carburador.

            E antes que me esqueça: o tal teco-teco não tinha camufla, aquele negócio que isquenta  o vento que entra no carburador.

            Veio descendo a duzentos e cinquenta pé por minuto, adespoi andava outro minuto nivelado, descia mais duzentos e cinquenta e ansim foi descendo, degavar nas pedra.

            Les pergunto: adonde já se viu um abostado subir pras grimpa do céu, sem nenhuma proteção priele nem pro equipo? Treis mil e seiscentos metro?! Deiz mil e oitocentos pé!

            O piloto não tonteou por falta de ar, o motor não fundiu ou quebrou por mistura rica demais. Na descida não deu congelação no carburador. No mínimo treis cosa  pra dá errada. Não é causo de dá com um gato morto pela cabeça até fazê miá?

            O fato é  que deu certo.

            Não é vderídico que o macanudo já tá com setenta inverno, teve oito pane, duas de decolage, duas pilonage (que é quando o aparelho vira as pata pra riba, no chão - pra quem não é do meio oronáutico) e anda por aí, incomodando a patroa e os cinco leitor que ele tem nesse tal de blog?

            Pois de fato, acho que inté iseste piloto loco e velho ...

            Ala fresca, ia esquecendo que talvez nada tenha ocorrido com o loco esse porque o Bom Jesus ainda não queria ele lá nas altura ...!!!

            Era capaiz de se metê a besta e querê avoá mais alto do que todos os otros anjo ...

            Agora bombeiem comigo: se a treis mil e seiscentos metro já escasseia o  ar, quanto mais lá no Firmamento Eterno, que ninguém sabe o quanto tem de altura, somando os avoamento com os otro anjo subindo ainda mais, claro que iria dar porquera e causo o aprontador desse com as ideia no chão do Céu, ia ser um esparramo de bosta qual nunca houve ...

            Aí seria o causo de adatá o ditado: anjo velho e loco, difícil de achá ...

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    Tanto falam nesse tal de "digerível" que andou por aqui, mas o Lambe-Lambe fotografou esse aí, em Capão da Canoa, em 18 de março de 1995. Esse blog é documentação histórica ...

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Mais História


   Quem são esses dois aí? 

   Uma bala de hortelã (38) para quem acertar.

    Dica: eram franceses - Abril de 1990

   Curva 360° em espelho. 

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Sandro Lima e patroa no dia em que fez o primeiro pouso na sua pista.
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Se você tem uma história, aventura, sufoco, situação engraçada, dica, mande sua contribuição. Até lembro da história do Luques, que inventou de voar um agrícola no escurecer e foi parar numa estrada a quase 200 km da pista onde devia pousar. 

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