domingo, 3 de novembro de 2019

Desafio aos Manicacas

Estou lançando um desafio aos colegas manicacas. Quem é o dono/piloto dessa belíssima máquina de avoar?



   O homem tem 8 décadas de vida, pilota desde antes do 14 Bis.

Mora em São Gabriel, no Rio Grande do Sul.


O aparelho é um Tucano em escala 75%, montado pelo Beto Hausen. Motor Rotax, 110 hps ou algo assim. 
Máquina belíssima e desafiante. 
Parabéns ao Jajá, vulgarmente conhecido como Jader Dutra.
__________________________________

Acolhida Hospitaleira
Sobrevoando o rio Toropi, em São Vicente do Sul, cheio, mas ainda na calha, dia 25 de outubro, dia em que fui até a 4ª Colônia, no Baixo Jacuí.

Este manicaca anda pelo Rio Grande e, salvo raríssimas exceções, sempre foi muito bem recebido. Aliás, somente fui vítima de falta de hospitalidade num único lugar. Não cito a pessoa, piloto profissional, porque não merece notoriedade e, felizmente, é exceção no meio aeronáutico. 
Acima, no voo recente na região do vale do Jacuí, com a turma da Aeroagrícola Bolzaer, de Restinga Seca.
Muito obrigado, rapaziada!
______________________________

domingo, 6 de outubro de 2019

Paródia do Poema "Se" - de Rudyard Kipling - feita por Vilsom "Lambe-Lambe" Barbosa


Se

Paródia de Vilsom “Lambe-Lambe” Barbosa


Se és capaz de manter a calma em decolagem,
Quando o motor tosse ou simplesmente apaga ,
A Morte chamando pra tua última viagem,
Pela vida lutas,  pra continuar a saga.
Se crês em ti, com todo o mundo  duvidando,
Se és capaz de esperar sem desespero,
Sem pretensão, sabes, vais continuar voando.
Saberás como manter o avião inteiro.

Se és capaz de voar,  sem que só a isso te atires,
De sonhar  com horizontes, céus e amplidões,
De ver CBs e também o Arco-íris,
Viver, sem ser escravo das  emoções.
Se és capaz, de com  a perda de companheiros,
Seguir teus  voos , que a vida também trás morte.
De reviver  o gosto dos solos primeiros,
A dor te fará a cada dia mais forte.

Se és capaz de  tudo para ter  um avião,
Pondo ali tudo o que ganhaste na tua vida,
E uma pane destruir tudo no chão,
Se,  corajoso,  voltas ao ponto de partida
E te dedicas, coração, músculos, tudo,
A perseguir o  sonho de ao voo voltar.
Pode ser  que demore muito, contudo,
Ninguém duvide que ao destino hás de chegar.



Se és capaz de aos manicacas dar valor,
E não se intimidar mesmo quando  junto dos ases,
E a quem precise de ajuda estar ao dispor,
Tu és feliz em tudo o quanto tu fazes.
Se és capaz de no voo, segundo a segundo,
Aproveitar, viver com todo o amor e brilho,
Teu é o Céu e tudo o que existe no mundo
E o que mais importa: és um piloto, meu filho!

Paródia de Vilsom “Lambe-Lambe” Barbosa


sábado, 28 de setembro de 2019

Não Pense Demais




                Não Pense Demais

            Não faz  muito tempo este motorista de teco-teco teve que fazer um dos seus tantos voos no Kitfox.
            Fez o preparo no capricho, como manda o figurino e, ao fazer o cheque de cabeceira notou uma certa falha em determinada faixa de giro. Muitas vezes isso ocorre por algum acúmulo de chumbo nas velas. É só acelerar fundo, deixar uns vinte, trinta segundos em alta, que o tal de chumbo, normalmente se vai pelo escapamento. Pois feito o tal procedimento o motor ficou funcionando redondinho, inclusive e especialmente com a manete no esbarro, posição usada na decolagem.
            Achei que estava tudo bem, acelerei a pleno e me fui pista a fora. O Rotax 912 berrava a plenos pulmões ou seriam carburadores e tudo ia dentro dos conformes, eis senão quando chega a hora de reduzir a manete.
            Deu-se a porcaria. O motor caiu violentamente de rendimento e mal e mal sustentava o teco voando a umas 60 milhas.
            O que fazer? Prosseguir no mesmo regime de rotação, num cof-cof desgraçado, mas voando, acelerar mais e ver se no esbarro a rotação voltava ao normal e arriscando a ver o motor afogar, apagar de um todo ou simplesmente piorar, impedindo a continuidade do voo?
            Não sou muito de futebol, mas no meio circula o ditado de que “em time que ganha não se mexe”. Estava conseguindo voar, portanto ganhava de um a zero, mas ganhava. Optei por não tocar na manete, como se estivesse infestada de escorpiões.
            E me fui com o coração na boca, tentando fazer o balão de retorno à pistinha. Não queria fazer curva de grande, para não arriscar alguma deficiência de circulação de combustível até o carburador. Assim, curva suave, longa uma barbaridade, levando não três minutos, mas um ano para ser feita.
E a garganta seca, o sovaco fedendo mais do que zorrilho tenso quando a cachorrada bate.
Que curvas mais demoradas aquelas, seu.
Tive sorte e, com o órgão aquele apertado, que nem alfinete passava, de repente me vejo quase alinhado com o “aeródromo”.
“Capricha, manicaca! Não vai jogar fora a colaboração do motor que te trouxe até aqui, com um pouso todo cagado, um placaço ou coisa parecida” – pensei.
Pousei queijo, pra não dizer manteiga, mas foi um pouso nos contentos.
No solo, a primeira coisa que fiz foi levar a manete no esbarro. Aí o motor respondia que era uma beleza. Fui reduzindo devagar e, de novo a peidorreira. Na lenta afinava de novo. Testei várias vezes e a coisa repetiu-se.
Desconfiei de algo com os magnetos, mas ao testá-los deu pra ver que a coisa não era por ali. Quase com certeza, problema com combustível, mas qual?
Primeira coisa: fui na pista da Bolzaer Aviação Agrícola e comprei 20 l de gasolina novinha em folha. Esvaziei totalmente os tanques, coloquei a nova AVGAS e os sintomas repetiram-se. A qualidade do combustível não era o problema.
Aí terminou-se a capacidade técnica do manicaca. Não sou, assim, uma Brastemp em termos de mecânica, muito menos de eletricidade aeronáutica.
Resolvi chamar os universitários, na pessoa do Link, que foi mecânico da FAB. Prontamente concordou em ajudar.
E se veio.
Eu já havia desmontado a parte inferior do carburador esquerdo e já me atrapalhara na hora de montar. Sobrou peça ...
Chegou, de cara conseguiu montar o dito, mas a falhação insistia em não abandonar o teco-teco.
Partimos ou, melhor, ele partiu para a desmontagem da parte inferior do outro carburador.
Eu já estava me aprontando para desmontar a bomba de gasolina, recolocar uma antiga, para ver se não era a nova que havia ido pro saco.
Aí ele me fala:
- Barbosa, pára tudo que já descobri o problema!
E me veio com uma particulazinha micrométrica duma proteção siliconada externa das mangueiras de combustível que ficam no compartimento do  motor.
E pensem em sujeirinha micrométrica ...
 Enquanto o regime era de baixa rotação, ela não atrapalhava o fluxo da gasolina. Em média, por algum motivo, praticamente fechava o giclê daquele carburador, ficando apenas o outro (suponho eu) funcionando bem. Em alta, a sucção devia ser bem maior o que fazia a sujeirinha mudar de posição, permitindo praticamente o passar normal da gasolina. Claro que isso é apenas um “supositório” ...
O fato é que, tirada a tal sujeirinha, voltou tudo à normalidade.
A primeira lição da experiência:
Se você mexeu no circuito de combustível, procure girar o motor com a mangueira desconectada do carburador, a fim de que eventuais “sujeirículas” saiam do circuito e fiquem no receptáculo que substituiu o carburador. Faça isso nos dois carburadores, quando for o caso.
Segunda lição:
Existem milhares de pequeníssimas, pequenas, médias e grandes peças, mecanismos, etc. que podem parar de funcionar a qualquer momento. Assim, faça todo o possível para manter o conjunto em excelentes condições. Quanto melhor a manutenção, menor a chance duma zebra. Mas, mesmo com a melhor das manutenções, o bichinho listrado pode aparecer ...
Por isso o título “Não Pense Demais”. Se a gente parar para pensar em tudo o que pode dar errado, pronto: ninguém mais voa.
Pense positivo, mas não demais.
Também pense negativo (isso inclui pensar em zebras nem tão zebras assim). Ao pensar no que pode dar errado, você agirá para que não dê errado.
Positiva ou negativamente, fique frio, calmo, confiante em sua forma de pensar, mas não extrapole no aprofundamento das filosofanças.
Faça o que aprendeu no seu treinamento, cumpra sua parte e saia por aí, mostrando ao mundo porque os passarinhos cantam!
Pense com moderação!”


sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Véspera do Dia do Gaúcho - 20 de setembro, para quem não tem o privilégio de ter nascido aqui ...

Véspera do Dia do Gaúcho

O tempo tava buenacho,
Por isso me decidi,;
De gaúcho me vesti
Cansei de estar aqui embaixo.
Ajustei o barbicacho
Pra firmar bem o chapéu,
Me larguei meio sem léu,
Que nem guri com seu doce,
E me fui no  Kitfox
A ginetear pelo céu!



Pronde queria ir
Se levantou um nevoeiro.
Então decidi, ligeiro:
O voo tem que seguir.
Proutro lado vou sair.
Indo pra lá eu me embreto.
Sou taura, mas não me meto
Co' a força da Natureza.
E tempo bom, com certeza,
Só  no Cerro do Loreto.

Fui num trote despacito
Em manhã que era mui linda.
Às vezes a vida brinda
Um peão a voar solito.
E com calma, sem agito,
Fui tirando algum "retrato"
Campo, rio, coxilha e mato.
Tanta coisa linda vi,
Perto do rio Jaguari,
Que não cabem no relato.

À esquerda, ao alto, Rio Jaguari. À direita, Cerro do Loreto.


E se um dia o Patrão
Da Estância Lá de Cima,
Decidir que se aproxima
A grande navegação:
Que me permita a amplidão,
Onde o velhito remoce,
Como se ginete fosse,
Galopeando em Céu azul
Pelo Rio Grande do Sul,
Montado num Kitfox!

Observação:
   O flete que montei era o Kitfox  que foi do saudoso Fernando Velho Costa (PU-FVC).
   Pela manhã voei quase duas horas. À tarde, uma hora e meia, pois o dia acabou limpando para os lados em que havia nevoeiro de manhã.
    E o tequinho continua à venda.

sábado, 14 de setembro de 2019

Estrada Bossoroca a Santiago

Estradas Estaduais da Região em Situação Vergonhosa





A foto é de quarta feira, dia 12 de setembro. O que parece ser um excelente conserto é uma destruição do patrimônio público. Deixam a estrada praticamente virar um único buraco. A seguir máquinas terminam de destruir a via. Uma motoniveladora passa sobre os rejeitos, um rolo comprime esse material que seria inaproveitável e passa-se uma camadinha de tinta asfáltica. Durante uns dias parece que houve recapeamento. Na primeira ou segunda chuva desaparece  a estrada.



   Este é um dos trechos que sofreu o "recapeamento" ...

   Assim fica a opreção "tapa-buraco". Se for com água, o nome está certo ....


   Enquanto viajava, fiz uma pajadinha, falando sobre a situação, que vem de longe. E até relembro o caso do debate onde o Leite mandava o Sartori tirar a bunda da cadeira. 
   
Pajadinha  da Cadeira


O Rio Grande esperneia.
Não há quem isto ignore.
Tava ruim no Sartori
E continua mui feia
Esta ingrata peleia,
Co'a crise que se aprofunda.
Falta de relho, uma tunda!
Pra mim é a mesma porqueira:
"Deixar a bunda na cadeira

Ou a cadeira na bunda!"

sábado, 18 de maio de 2019


É Tudo Vagabundo
                   (Tô que nem o presidente ...)

É uma barbaridade 
O que tá acontecendo.
Só acreditei, vendo
E é a mais pura verdade.
Ninguém saiu da cidade
E num dia mui lindaço,
Por pura falta de laço,
Em vez de voar, indo e vindo
Ficaram os mamaus dormindo.
Mereciam era uns "mangaço"!!!


Digo e provo com foto:
Já passavam das dez horas.
Já tinha gasto as esporas,
Que sou ginete-piloto.
E no Catanduva noto,
O hangar tava fechado.
Sempre ouvi dizer que veado
Prefere ficar dormindo,
Mesmo o dia estando lindo,
Fica em casa o desgraçado!!!






quinta-feira, 11 de abril de 2019

KITFOX AMERICANO À VENDA

KITFOX AMERICANO À VENDA






   Este é um clássico da aviação leve. Kitfox feito de acordo com planta original e sob supervisão americana. Motor Rotax 912, 80 hp, 4 tempos, 220 kg, sobe a até 1.800 pés por minuto. Desempenho similar a um PA 18, em termos de subida.
   Avião especial para quem adora viver a aviação clássica, com trem convencional, manche de bastão, enfim, um teco, na verdadeira acepção do termo. Quem quiser velocidade, moleza na pilotagem, procure outra aeronave. Essa é para quem realmente busca o prazer de pilotar. 
   R$ 98.000,00. Aceito carro popular em excelente estado, motorhome, trailer. Estudo (falei estudo, não aceito) propostas.
________________________________________

sábado, 23 de março de 2019

Batendo Schmier - 23 de março de 2019

Sofrendo em Versos ...

Planejei navegação
E fiz tudo direitinho.
Já conhecia o caminho.
Revisei o avião.
Então veio a cerração
E esculhamba com tudo.
Mas sou quera cabeçudo,
Não me entrego sem peleia;
Pouca coisa não me apeia
Do teco, pois  sou peitudo.

Levantei de madrugada
Pra sair sem turbulência,
Mas fui perdendo a paciência
Com a cerração fechada.
Pensei: Está mal parada
A minha fotografança
Sou índio que não descansa
Sem encarar  o desafio.
Manicaca, mas de brio,
Que espera e sempre alcança ...


Às oito ia decolar
Mas nem que a vaca tossisse
Limpar, clarear, quem disse?
E dê-lhe, dê-lhe esperar.
"Uma hora há de limpar.
Então daí eu decolo."
E depois de muito rolo
Com o tempo incomodando,
Mas, finalmente, clareando,
Às onze deixei o solo.


Aí a cosa encrespou:
Térmica pra lá e pra cá.
E o manche era uma pá.
Batendo schmier vou.
O braço quase engessou,
A perna endureceu,
Até chegava a suar,
O teco a  corcovear.
Sobe, desce, se ladeia
Oigaletê cosa feia,
Mas o jeito era encarar ...

Passando por Santiago



Remei quase duas horas
De afrouxar até a unha.
O peão se acabrunha
Mas se firma nas esporas.
Não se assusta com demoras.
Meu destino era ir  lá
Perto de Maçambará.
Cheguei todo esgualepado.
O Jober tinha esperado
Com boia prá me animá ...



Boia loca de especial,
Que mal pude aproveitar,
Pois tinha que continuar
A voar no meu bagual.
Itaqui era o final
Destino e depois volver,
Mas foi um pior sofrer.
Era um tal de sobe e desce,
Que se o piloto amolece,
Tudo pode acontecer.

Nas berba do Itaqui,
Então, a cobra fumou.
A turbulência piorou.
Como não sou de mentir,
De lá tive que sair,
Fazendo só a metade
Do planejado, é verdade.
Por ali eu me cansei,
Confesso, amarelei
Mas não me tornei "saudade".





Lá para o Jober voltei.
Lanche, café, gasolina.
Segue a luta teatina,
Cinco e vinte decolei.
Mais hora e vinte voei,
Para a Palma aproado.
O ar se tinha amansado.
Cheguei, o Sol no finzinho 
Em movimento certinho,
Friamente calculado...







sábado, 12 de janeiro de 2019

Enchente do Toropi - 9 e meia de 12 de janeiro

E O SÃO PEDRO ESQUECEU AS TORNEIRAS ABERTAS



   Desde o início da primavera, esta deve ser a quarta ou quinta enchente. Houve lavoureiro que replantou três, até quatro vezes e, agora, tudo ou quase tudo perdido.
_____________________________________________________
Pajadinha



O causo se parou feio.
Chega até a causar medo.
Tá caducando o São Pedro.
E a chuvarada se veio.
O índio não vê um  meio
De escapar do prejuízo.
O gaúcho já tá liso
E se para apavorado:
Meio sinistro o  recado
Do fim do mundo é o aviso?

E por Brasília, a lambança
Parece que continua.
O povo na maior pua
E a graudagem em festança.
E por lá ninguém descansa,
Pra  no bem-bom se afofar
E competência alegar.
Mesmo rumo, mesmo trilho:
O vice nomeia o filho.
E o povo vá se lascar!

Não votei no Bolsonaro
E tampouco no Haddad.
Pra completar a maldade,
Que isto fique bem claro:
Nem Leite, nem "Sartonaro".
Me agarrei no "zero, zero".
Anulei, vou ser sincero:
Militar, é no quartel.
Capitão ou coronel

Presidente é que eu não quero!


Ando sempre gauderiando.
Vou por estrada e atalho.
Pois vender é meu trabalho.
Vivo o Rio Grande cruzando,
Mas já não tô mais aguentando
Este destino velhaco.
É buraco e mais buraco,
Que, pra ser honesto e franco,
Qualquer dia um solavanco
Me arranca as bolas do saco!!!