quinta-feira, 14 de junho de 2012


Peleando na Maratona

A três de junho passado

Levantei de madrugada.

A carreira estava atada,

O compromisso firmado;

Muito tinha treinado;

Chegado era o desafio;

Correr, apesar do frio

Quilômetros, quarenta e dois.

Era largar e depois

Pelear, cheio de brio.

Hidratei-me na cambona.

Aos sessenta era um guri.

E o quera do Toropi

Orgulhoso, então, se entona.

Treinei no gelado ou quente,

Quase esfalfou-se o vivente,

Mas nunca baixei a crista.

E o velho maratonista

De novo honrou S. Vicente.





 

 

 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Voo de Asa Delta - Capítulo 2 e meio


 

Resumo do capítulo anterior, número 1, ou parecido.
O "Lambe-Lambe" iniciara um curso de voo livre e, no capítulo escrito há muito, muito tempo, ele dera com as ideias numa cerca ... Fato verídico, testemunhado e devidamente registrado em cartório ...

Após o desentendimento com a cerca, ficou marcado o próximo treinamento, missão, sei lá, entende?

Lá se foram os manicacas pro Morro da Praia Brava, entre Itajaí e Balneário Camboriú, que, naqueles tempos era um local desabitado e permitia essas coisas.

Já que eu dera com as guampas na cerca e visando preservar o equipamento, o instrutor, espertamente, deixou-me para último na fila dos voos.

O vento já era forte, no início, praticamente no limite máximo permitido para voar.

Os outros foram voando e cada um demorava mais de meia hora para regressar e remontar a asa.

O tempo passando e o Lestão dê-lhe aumentar.

O Lambe-Lambe inquieto no partidor.

Depois de vários voos, finalmente chegou a vez do fotógrafo.

O vento deixava os cabelos em linha reta horizontal, de forte. Tentei arrepiar: "Tá muito forte.Voamos outro dia."

- Não, tem que ser hoje. Quem amarela uma vez, pode amarelar para sempre - respondeu o instrutor.

- Que assim seja. Gaúcho não dispara do perigo.

Fui devidamente preparado e preso ao mosquetão da asa.

O pessoal alinhando a asa e eu aguardando a ordem para a corrida.

- Vai - falou o professor.

Fui.

Não sei o que aconteceu, mas no segundo seguinte, estava no mesmo lugar, só que em cima da asa com o intradorso para cima, eu de pé, como se houvesse treinado longamente um looping ou meio looping a baixíssima altura...

Nenhum dano à asa e ao piloto. Corrijo, talvez tenha havido o rompimento de algumas veias de certa região, pelo corte de prego ...

Aí mesmo é que quis amarelar.

Acham que aceitaram meu amarelamento?

Já estava quase escuro quando aguardávamos novamente o momento oportuno para a decolagem.

E o ventão comendo.

- Vai.

Fui.

Não fiz o looping esperado ansiosamente pela plateia.

Ao contrário, o lift ergueu-me quase na vertical, como se a asa fosse um helicóptero. Em fração de tempo o pessoal ficou pequenininho embaixo de mim e só ouvia gritarem em desespero:

- Pica ela! Pica ela!

É que o tal de adiantamento de CG, avançara o piloto e, como sou baixinho, a posição normal do corpo e braços deixava a asa num baita ângulo de ataque, convidando ao estol, outro looping ou tragédia similar. Só que naquela altura, contra o pedrario do Morro, morte certa.

Aí me borrei todo.

Mas, sou índio gaúcho, nascido em Santa Maria e criado em São Vicente do Sul.

"Não tá morto quem peleia!"

Resolvi pelear, seguindo a ordem de Picar.

A quilha baixou, mas a impressão que eu tinha é de que estava voando de ré.

Espichei ao máximo os braços, mãos e dedos, para levar o trapézio o mais para trás possível e picar ainda mais.

Depois de uma eternidade o pessoal da plataforma começou a ficar para trás.

"Mas tchê, estou voando!"

Um enorme silêncio protegia meu trajeto.

Estava lá, pendurado num triângulo de pano, sem nada embaixo de mim, voando como um pássaro, e, se não agisse como um pássaro, em segundo agiria como minhoca ...

Organizei os pensamentos e dei comando direcional.

Resposta lenta, mas veio. Quando vi, estava alinhado com a pistinha de pouso, que era um corredorzinho estreito, um caminho de banhistas, entre a vegetação da duna, cheia de arbustos espinhentos. Dois metros à esquerda ou à direita e, agulhadas no sentante.

Comecei a me tranquilizar.

"Acho que haverá pouso".

Tratei de curtir os segundos finais da trajetória, numa alegria do tamanho do mundo. Saltara do Morro da Praia Brava e, pelo visto, pousaria, no máximo com um ou outro espinho na bunda ...

Os que estavam embaixo perto da pistinha de pouso, me incentivando. "Muito bem, vai assim," essas coisas.

Quando atingi a altura adequada ao pouso veio a ordem:

- Ataca!

Quando cabrei, o lestão sacaneou e mudou levemente de direção.

"Pronto, vou tomar umas vinte injeções na bunda".

O estol foi, de fato em cima dos arbustos.

Tive tanta sorte que um do únicos sem espinhos foi o que me acolheu.

Não sei os gritos que dei, de eufórico, histérico, sei lá.

Voara com um ventão em que até gente experiente não decolaria, levara a asa em segurança e só não fizera pouso perfeito por causa da brincadeira do desvio de direção.

A verdade, porém, é que por meses, toda a vez em que narrava o "causo" um reflexo estranho me pegava: aparecia uma certa umidade na palma das mãos.

Se, meses depois, no solo, só em lembrar, suava frio, imaginem o pavor que não passei naquele meu primeiro e único voo de asa delta.

Mas ali já ficara provado que tinha uma das qualidades indispensáveis ao piloto: agir, não entregar os pontos, raciocinar mesmo sob a mais terrível ameaça.

Acho que isto me tem livrado de poucas e boas, não que procure, mas por necessidade. Afinal, já enfrentei seis pousos fora, sendo dois por pane de decolagem e, felizmente os ossos continuam devidamente ligados uns aos outros.

Como é bom quando um pouco de preparo se junta com muita sorte!


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Causo da Bombacha

PILOTO DA TAM - Bagual de São Borja

Num vôo comercial saindo de Porto Alegre , o piloto gaúcho e Sãoborjense
Salustiano Flores, liga o microfone e começa a falar com os passageiros:

- Bueno indiada, aqui é o Piloto, Capitão Salustiano, guasca troperu
parido com muito orgulho em São Borja.

Deixei minha chinoca e meu cavalo pra ter a satisfação de acompanhar as
senhoras e os senhores nessa

bagaça que é o vôo TAM 426, com destino a São Paulo e escala em
Florianópolis, quintal de minha querência

o meu Rio Grande amado. Neste exato momento tamu vuando a 9 mil metro de
altura, sacudindo as

melena, velocidadezita de 860 Km/hora, e jatemu sobrevoando a cidade de...

OHHHHHHHPAAA!!! BARRRRRBARIDADE!!! DEEEEEUZULIVREEE, COMO FOI ACONTECER
ISSO !!! PATRÃO VELHO, QUE CAGAAAAADA...!

E os passageiros escutam aqueles gritos pavorosos, seguido de um barulho
infernal... - NÃÃÃÃOOOOOOO....!!!!!!

Segundos depois, o gaudério pega o microfone e, rindo, meio sem graça, se
desculpa:

- Bah me desculpem xiruzada, pelo "esparramo" aki na cabine, mas é que me
descuidei e me escapou da mão a cuia do meu chimarrão, que caiu bem encima
da minha bombacha nova, sacumé, agua meio quente.. e tal, me queimou
ozôvo!!!!
Vocês precisam ver como é que ficou a parte da frente da minha bombacha
tchê!!!

Nisso grita um lacaio lá do fundo do avião, provavelmente um Catarina.....

- Seu Gaúcho filho da puuuuuuutaaaaaaaaa! E você precisa ver como ficou a
parte de trás da minha calça!!!

Geadão de Outono

Dia 08 de junho, 1 grau ...


O construtor deu uma pausa na obra.






O Kitfox ficou no galpão, entanguido de frio. Ah, ia esquecendo: 1 grau, mas negativo ...