domingo, 29 de janeiro de 2012

Nota Importante

   Segundo fontes fidedignas o Deoclécio, Peão do Alegrete, futuro piloto, já não é, assim, digamos, tão futuro piloto.
   Aguardem a espetacular aventura do homem que domou um Ipanema e que devolveu o bicho manso, domado, montaria de patrão, sem um único arranhão, exceto o dos mangaços no focinho ...

sábado, 28 de janeiro de 2012

O Primeiro Voo - De Asa Delta


O Primeiro Voo Solo e de Asa Delta

Contam os antigos que no século passado, lá por mil novecentos e oitenta e dois, um certo retratista gaúcho aventurava-se pelas praias quase virgens e paradisíacas de Santa Catarina. Dito cidadão conseguia flagrar crianças em poses bem descontraídas, pois trabalhava com equipamento de fotografia automobilística de velocidade, usando poderosas lentes de aproximação sendo que os inocentes anjinhos nem se davam conta de que estavam na mira do lambe-lambe. Como eram fotos bem originais, o fotógrafo sempre conseguia vender seu trabalho aos pais dos capetinhas e, assim, os pilas para passar todo o verão naquele paraíso, tomar sua cervejinha, comer seu camarãozinho, essas obrigações ...

Num domingo em que estava de folga, resolveu ir à Praia de Laranjeiras, quando um sujeito errou um pouso de asa delta e foi parar dentro dágua, sem danos, a não ser o ridículo da situação, devidamente fotografada.

Como o cidadão-retratista não pregava prego sem estopa, foi oferecer a foto do flagrante ao encabulado piloto. Este interessou-se e entabularam uma prosa mui promissora.

O fotógrafo ficou sabendo que o piloto-banhista era aluno duma escola de voo livre e que dentro de alguns minutos estariam subindo o morro para outra decolagem. Claro que o clicador foi junto.

Chegando lá tratou de vender seu peixe ao pessoal e teve a idéia de fazer uma proposta decente: trocar o curso de Voo Livre por fotos, revelações, etc., pois o tal havia montado um laboratório colorido de última geração (demorava tanto que era sempre a última - pois era tudo feito manualmente e já existiam alguns laboratórios eletrônicos.)

Depois de intensas negociações diplomáticas chegou-se à conclusão de que o referido clicador de instantâneos seria admitido como aluno, devendo o pagamento ser feito em centimetragem quadrada de fotos, painéis e similares.

A primeira aula consistia em correr pela Praia dos Amores, empurrando um "bacalhau" relativamente leve, tentando impedir que o vento tomasse o controle e a asa voasse sozinha, batesse com as extremidades na areia e assim por diante.

Depois que a gente conseguia dominar a bichinha, passava-se à etapa seguinte, que era descer uma lombinha suave, na Praia Brava, também em Itajaí. Havia momentos em que se conseguia uma leve sustentaçãozinha e a gente ficava literalmente voando, mas que nem galinha: mal e a centímetros do solo. Foi num desses voozinhos que perdi o controle, fui para a lateral da pistinha e bati com o joelho numa pedra. Por pouco não me detonei.

Não foram muitos tais voozinhos e depois, sim, a cobra fumava.

A gente subia o Morro da Praia Brava, creio que de uns trinta, quarenta, cinquenta, sei lá quantos metros e partia para o abraço.

Imaginem a loucura da rapaziada: largar um novato, num comando solo, sem um único duplo, de mais de trinta metros de altura ... Ninguém se quebrou ou morreu por sorte, nunca por juízo ...

Pois bem, chegou minha vez de voar com a bacalhau relativamente leve.

Dada a liberação, corri e, de repente, estava voando. Eu, que apenas há uns dois meses é que conseguira descolar do solo dentro dum Boeing, nem de teco-teco voara.

Deu a lógica: perdi o controle da asa, derivei à direita e partia para uma arborização bem-sucedida quando uma cerca teve mais sucesso e me parou antes. Não dei com as ideias nos arames e nos moirões porque os estais do trapézio me protegeram. Homenzinho de sorte ...

Naquele dia não houve tempo de repetir a tentativa, pois outros alunos também deviam voar, arborizar, atropelar coqueiros e, logo depois, essa asa foi requisitada pelo dono e só restou na "escolinha" uma asa pesadona, feita com um tecido que mais parecia lona de caminhão ... O CG estava tão deslocado que já se fizera uma adaptação, com um prolongador onde se prendia o mosquetão, adiantando o piloto uns quinze, vinte centímetros.

Ora, para quem já tem braço meio curto, ficar essa distância adiantado em relação à barra inferior do trapézio era, realmente uma barra ...

Conseguirá o fotógrafo tornar-se um piloto de asa delta?

Acompanhe o novo capítulo inédito de "Vale a Pena Verde Novo", segundo o Cai-Caivão Dueno ...

domingo, 22 de janeiro de 2012

O "Causo" do celular

Sorte e Azar

Não sou muito de acreditar em sorte ou azar, mas em possibilidades matemáticas ou estatísticas. Por exemplo, se a gente voa num tipo de avião que dá pane seguidamente e estamos com mais de mil horas somente voando numa boa, tudo indica que a hora está chegando. Se com os outros o dito dava pane, por que somente comigo não vai dar? Isso não existe. As possibilidades estatísticas já foram queimadas e estamos voando com "vales" de horas ...

Mas, para fins da história que vou contar, vamos fazer de conta que existem mesmo, a sorte e seu contraponto, o azar.

Um cidadão gaúcho, piloto de trike, excelente mecânico de estrutura e velame de ultraleves, nos tempos em que os aparelhos celulares custavam uma nota preta saiu a voar.

Voltou e, para azar seu, notou que o rico aparelhinho havia sumido. Primeiramente pensou que o havia deixado em terra. Não encontrou em lugar algum.

Dias depois o Fernando Velho Costa, que à época ainda era da ativa no exército, com a patente de coronel, recebeu uma ligação:

- Alô, falou a voz do outro lado - pois do lado de cá não haveria de ser (e tem escritor que consegue escrever isto ... a sério ...)

- Com quem estou falando - prosseguiu a voz do outro lado ...

- Com Fernando Velho Costa, respondeu a voz do lado de cá ...

- Sim, mas o senhor é coronel?

- Sou coronel do exército, médico - e se o senhor não levasse a mal, gostaria de saber por que o senhor me faz tais perguntas.

- Porque localizamos um celular e a última ligação foi feita para "Coronel". Pegamos o número e estamos contatando com o senhor.

- O senhor tem o aparelho aí? - perguntou o Costa.

- Sim, tenho.

- Então, ligue deste aparelho e vamos ver se é de algum conhecido.

Feito o sugerido, quem apareceu como dono do celular?

O azarado, agora sortudo, Zabiela.

- Esse telefone é de um amigo, que aluga um terreno na min ha chácara e pista de ultraleves, onde tem uma oficina aeronáutica.

- Mas coronel Fernando, esse homem é seu conhecido há muito e merece confiança?

- Sim, é homem sério, honesto, trabalhador e, ao que eu saiba merece confiança.

- Não sei, não. - respondeu o fazendeiro.

E continuou:

- Tem algo errado nesta história, coronel.

- Como assim? - retrucou o Fernando.

- É que o celular foi encontrado na carcaça de uma vaca que os abigeatários deixaram ao roubar mais uma rês aqui na fazenda.

É ou não uma sorte que virou azar, o reencontro do aparelho?

O que livrou o Zabiela de uma boa encrenca com a polícia, foi o fato de haver ligado, por último, para o "Coronel". Se tivesse ligado para o "Lambe-Lambe", por exemplo, imaginem o sufoco.

Quando o Fernando ligou para ele, avisando que o celular fora achado, quem disse que ia buscar. Quem tem ..., tem medo ...

Mas, como o "Coronel" garantiu que o fazendeiro não lhe iria aplicar nenhum corretivo, como se fazia antigamente com os ladrões de gado, tipo marcar a ferro na cara, cortar uns dedos, essas coisas, o Zabiela encorajou-se e foi lá.

Ao chegar o fazendeiro o recebeu amistosamente:

- Quer dizer que Zabiela és tu?

- E os aviõezinhos pararam de cair na minha fazenda? Faz um bom tempo que tu não apareces por aqui.

É que a fazenda onde os abigeatários faziam a festa e o celular do Zabiela foi aterrissar ficava nas proximidades da pista e em posição, terreno, etc., favoráveis a pousos forçados com as incontáveis panes dos antigos ultralevinhos de motor dois tempos e uma vela só por cilindro.

- Mas me conta, prosseguiu o fazendeiro, como estava a costela da novilha?

- Brabo, mesmo, é ficar com fama de ladrão e não dar uma única mordida na carne da rês ...

Eu, cá comigo, ainda acho que o Zabiela estava era trabalhando como distribuidor de carnes nobres, em atendimento rápido, levando sua mercadoria por via aérea, de trike em evidente abuso de poder econômico, comparado aos outros chinelões que ainda roubavam gado usando prosaicas camionetas velhas, carroças, bicicletas, etc. ...

Perder um celular em voo, normal. Localizarem um celular que cai no campo duma fazenda, raríssimo. Agora, encontrarem o celular na carcaça duma vaca roubada, vai ter azar assim, lá no inferno.

Acho que seria mais fácil ganhar a mega sena da virada do que acertar no alvo novamente, mesmo querendo.

Eu, a partir de agora levo o celular amarrado dentro dum saco e no lugar mais seguro dentro do Kitfox. Vá que ele caia dentro da bolsa da Angelina Jolie quando ela vier ao Brasil. Sei lá se o Bradd Pitt vai gostar de ter um baixinho, narigudo, feio e pobre como seu possível concorrente ...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SSAA - Aldeia dos Anjos - Gravataí - RS

Comandante Werlang se aproximando.

Notar a curva feita entre a alta tensão e a cabeceira da pista, terminando a perna-base já no início da pista.




Toque manteiga.
Coisa dos que sabem o caminho das formigas ...

Sugestão de site meteorológico

yr.no

É, isso mesmo.

Acessem e vejam como os noruegueses fazem uma meteoro de primeira para o nosso Brasil.

Será que os brasileiros poderão inverter a situação, um dia ...

Tenho usado constantemente e, dificilmente os branquelos erram.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Fox IV à venda

Vendido

Fox IV, motor Rotax 503, dupla carburação, em voo e documentação em ordem. R$20.000,00. Estuda-se proposta para pagamento à vista. Tratar com Barbosa Lambe-Lambe. (51)9967-0844.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pensamento do Diaz ...

   Como a grande maioria dos pilotos da aviação leve é pesada, enquanto corria, hoje pela manhã, tentando manter-me literalmente na categoria leve, lembrei-me do Diaz e seus pensamentos:

   " A melhor forma de perder barriga é não achar barriga ..."

   Esse Diaz tem cada uma ...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Educando com Liberdade ...

   Este blog é prioritariamente sobre aviação séria, humorística, histórica, verídica, fictícia, etc. Mas também dou minhas bicadas em outros assuntos e, esse não poderia passar em branco. Contribuição do Nédio Marques da Rocha.
   Essa tal de educação com liberdade, nos conceitos da Maria do Rosário, é de lascar.
   Imaginem se a educação com liberdade for implantada na aviação ... Vai virar uma zorra ...
   Cliquem sobre a imagem e, na aba "zoom" aumente o texto para o tamanho que lhe for conveniente (13, 15, 22 cm ...)

  

domingo, 8 de janeiro de 2012

Hay que tener ...

Conforme amplamente divulgado pela imprensa gaúcha, nacional e internacional, o grande manicaca "Lambe-Lambe" e seu Kitfox estão, ambos, isto mesmo, ambos os dois, hangarados no Sítio de Voo Aldeia dos Anjos, do comandante Fernando Velho (mas não tanto) Costa. Estando na volta, como diz o Deoclécio,  presencia alguns acontecimentos, fatos, atitudes, demonstrações e que lá m ais sei eu, dignas de registro nos anais (epa) ...
Notem a posição da biruta, cheia de vento, e o RV do Costa na cabeceira. Isto quer dizer que o ventão é de rabo, e forte. Menos mal que o campo de aviação dele é a descer, mas, maior mal, depois da descida, a uns 400 m temos uma baita rede de alta tensão ...


Agora atentem para o detalhe das "arve se acrocando", por causa da força do ventão. 

Claro que havia momentos em que o Lestão dava uma "mermada", mas mesmo assim continuava forte e nada garantia que não viria uma rajada de arrancar crina de petiço.
Assim mesmo o índio, com o RV "full tanque", sim eu sei dez palavras de inglês, mais a copila Pierina e as bagagens para o passeio de fim-de-ano, encarou.
Largou-se lançante abaixo e foi para o abraço. Como se vê o avião decolou, mas, logo após, para evitar a rede, tinha que curvar à esquerda e pegar a sombra dum mato de eucaliptos - rotor para mais de metro. O valente RV chacoalhou tanto, que, se levasse leite numa garrafa, chegava em Osório com manteiga já batida ...
Mas gaúcho é gaúcho e não se entrega assim no mais. O motorista do RV fez tudo dentro do Manual dos Escoteiros Mirins e, de vereda, estava já aproado com o vento, em altitude, situação dominada e rindo de nossa cara ...
Mandou-se a la cria, pras bandas dessas praias de água salobra, para o final de semana e de ano. Só que o São Pedro não gostou do desafio e vingou-se mandando água durante todo o reveillon ...
Mas, decolar numa situação dessas, é, ou não, primeiro, para quem sabe o caminho das formigas (conhece o "aparelho" e suas reais aptidões), segundo, para quem tem "aquilo roxo", como dizia um certo presidente?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Pajada de Verão

Andei meio atucanado,
Lidando barbaridade.
Monte de prioridade,
Que fiquei atrapalhado
Feito tatu esfaqueado.
Chegava a andar meio grogue,
Quase me esqueço do blog.
Escrevi meio pouquito.
Espero, devagarzito,
Que a cosa se desafogue.

Nas cosas de fim-de-ano
É uma baita correria.
O índio até se judia:
Hay que tener tutano.
Compra boia, compra pano,
Compra um monte de presente.
O velhito se ressente,
Se pára meio esgotado,
Fica todo esgualepado.
Não há gaúcho que aguente!

Mas já está tudo mermando.
Pra praia o povo fugiu.
Só se vê o mulherio
O couro no sol torrando.
E as polpa provocando;
Polpa linda, polpa feia.
Lá tem boto, tem sereia.
E aqui dou meu palpite
As polpa com celulite
Que se enterrem na areia...

E, em areia falando,
Há que se ter bom cuidado
Pra não ser contaminado.
Ouçam o que tou falando,
É aviso que estou dando,
Nisso é bom botar fé:
Bombeando as polpa, até
Periga o pobre do peão
Que andar de pé-no-chão
Ficar com bicho de pé! ...

Mas, nos assuntos de avião,
Vejam o que sucedeu:
O Deoclécio e eu
Na hora do chimarrão
Ouvimos um barulhão,
Desses de arrancar brinco,
Bombeamos com muito afinco
A causa da barulheira,
Oigalete porqueira,
Eram os tal F5.

Quase que me embrabeço.
É curto o meu pavio.
Ora, onde já se viu,
Violar meu endereço?
Espaço aéreo, me esqueço.
Se preciso até fosse,
Mostrava o que é bom pra tosse:
Interceptava o esquadrão
Pra que respeitem um peão
Seu tresoito e Kitfox ...