sábado, 6 de fevereiro de 2021

Sobrevoando o Rio Uruguai

 

         Sobrevoando o Rio Uruguai

 

         Pois este blogueiro andou sofrendo um percalço com seu Kitfox, lá por 2012. Uma ponta-de-eixo inventou de quebrar em pleno pouso. Como meu KF é para piloto-raiz, trem convencional, quando o triângulo do trem, sem pneu,  tocou no solo, deu  a lógica: pilonagem, embora a baixa velocidade.

         Resumindo: ponta da asa quebrada e alguns pequenos danos em outras partes, mas que exigiam uma conscienciosa revisão. Curto dos pilas, para variar, tive que ir adiando o conserto. Com isso era obrigado a alugar aviões ou operar com drones.

         Precisando fazer umas fotos na região de São Borja e, até um pouco afastado dali, contatei o Frizzon e combinamos alguns voos, com seu pássaro prateado (o Cessna 140).

         Na região que ele conhece muito bem, a fronteira, tudo transcorreu dentro dos conformes, sem maiores sustos, tanto da parte dele quanto de mim.

         Mas, sempre tem um mas, surgiu a necessidade de fotografar para as bandas de Santa Rosa, que não é muito pertinho. Ainda mais para um Cessna 140, com motor mais potente e, por isso, limitado na autonomia.

         Tudo planejado "nos mínimos detalhes", tipo assim, vamos costeando o rio Uruguai e, lá em cima a gente deriva à direita, que chegaremos a Santa Rosa onde, esperávamos, o abastecimento estivesse funcionando em pleno sábado.

         Decolamos cedo, para não pegar muita turbulência e nos fomos, "dê-lhe tirar retrato" de fazendas, granjas, vilas, cidades, etc., sempre costeando o rio Uruguai, que estava cheio e tinha vastas áreas inundadas.

         Este fotógrafo já está acostumado com situações adversas e nem enquentou a passarinha com o sobrevoo das áreas alagadas, sabedor de  que, normalmente,  a correnteza é forte somente na calha do rio. Nas várzeas, dificilmente é forte, quase sempre as áreas alagadas não são muito profundas e, por perto sempre há uma árvore, poste, moirão, algo onde o cristão possa se agarrar até socorrido. Também considerando que o piloto/retratista é metido a atleta e nada mais ou menos bem.

         Assim, ao chegarmos nas cidades ribeirinhas, claro que tínhamos que ir para a temida calha do rio, a fim de fotografar a cidade, sempre atentos para não invadir a parte argentina do Uruguai (captaram a inteligência do trocadilha?) ... Para mim, esse era o maior problema: los hermanos nos acusarem de invasão de seu espaço aéreo.

         E assim fizemos em Porto Xavier e Porto Lucena. Eu louco de tranquilo, primeiro, por estar num avião bem mais estável do que a pandorguinha do Kitfox e, em segundo lugar, porque se desse uma improvável pane no Lycoming do Cessna, no planeio dava para chegar a algum local sem correnteza, mais raso e com árvores e outros "salva-vidas".

         Só que esqueci de avisar o comandante Frizzon.

         Agora, quase dez anos depois o próprio me manda um whats onde elogia as escrevinhações e relembra esta aventura, confessando, literalmente, "quase sujei de barro as cuecas" ...

         Outro incidente marcante nesse voo de longa duração foi o cuidado com os níveis dos tanques. Como meus dois Kitfox sempre insistiam em praticamente secar primeiro um tanque, para depois e se acontecesse, mudar para o mais cheio (lembrando que não possuíam seletora, mas apenas um "t" que recebia gasolina de ambos os tanques e a encaminhava para o carburador), ao ver a seletora do Cessna em ambos e um dos tanques já quase na reserva, falei para ele que talvez fosse melhor mudar para o mais cheio, a fim de evitar a entrada duma bolha de ar no circuito de combustível. Aí, quem ficou de coração na boca fui eu, pensando: daqui a pouco o motor tosse ou pára de vez. E o tal tanque já quase no vermelho ...

         O Frizzon muito do tranquilo: "Barbosa, te garanto que daqui a pouco ele passa a chupar gasolina do outro." E acrescentava:   "É mais seguro ter dois tanques à disposição do que um".

         Mas, e se numa curva, o tanque quase vazio mandasse uma bolha de ar pro circuito?

         Consegui convencer o homem a passar a seletora pro tanque mais cheio e pousamos em Santa Rosa sem grandes problemas.

         Vejam vocês: num mesmo voo, um piloto mais ou menos experiente cortando prego, sem saber que o outro, também cancheiro, quase borrara as cuecas com medo de transformar o Cessninha numa micro arca de Noé ...

         Ah, e teve outra, que ele pede para relembrar:

         Era inverno e não dava para encarar um voo sem a janelinha o tempo todo, por causa do frio. Assim, apenas tiramos aquela hastezinha tipo dobradiça, que permite abrir a janela totalmente, não apenas uma fresta e nos fomos pras bandas de S. Luiz Gonzaga, Bossoroca, etc.

         Na primeira abertura da janelinha deu-se a porqueira: uma das dobradiças superiores não ficara bem travada e na hora em que sofreu a pressão do ar em velocidade, desencaixou de vez ... Não sei como tive reflexo para segurar a janela antes que arrancasse a outra dobradiça e fosse bater lá no profundor, sabendo-se lá com que tipo de resultado ...

         O piloto Frizzon também teve reflexo e reduziu a velocidade, permitindo que eu conseguisse recolocar a janelinha no caixilho e improvisar uma amarração com tensores que sempre carrego comigo nos voos.

         O resto das fotos foram feitas através do acrílico, com perda de qualidade, mas o que não tem solução, solucionado está...

        

    

   O  Cessninha da história - vermelho-e-prata - num evento em S. Borja. Em primeiro plano o Sonex do saudoso "Chiquinho", que faleceu em acidente com o mesmo, meses após este encontro. Tudo indica que houve um mal súbito que levou o divertido Chiquinho para voos em outras querências. 

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         Aproveitando a deixa, o Frizzon pede para avisar:

         AEROCLUBE DE SÃO BORJA ESTÁ EM ATIVIDADE DE NOVO.

         No momento o avião usado para instrução é um CAP-4.

         Lembrando que lá existe alojamento para os alunos.

         Sucesso ao Frizzon e ao Aeroblube!

         Fone do Frizzon: (55)99979-4415

        Vídeo do CAP 4 e hangar do Aeroclube.



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Pensamento do Diaz:

         "Antes de voar sempre vá ao banheiro e faça o número dois. Cagada se faz no solo ..."

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Se você tem alguma história para contar, sua ou de colegas, mande, que divulgamos. Se for cagada braba, mantemos o anonimato.

   Fone/whats (55)99997-6269

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   Avisos, alertas, compra-e-venda, mande que por enquanto é "de grátis".

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