Enfrentando o Ventão
domingo, 31 de janeiro de 2021
Enfrentando o Ventão
sábado, 23 de janeiro de 2021
Primeiro Grande Voo Comercial no Brasil
Vocação para Tatu
O Aero Boero até é um avião razoável, desde que seu motor
tenha, no mínimo, 150 hp. Aquela
enjambrina que fizeram num acordo comercial com a Argentina, com troca de não
lembro o que pelos ditos aviõezinhos foi muito do mal-feita. Em vez dos
originais 150 hp, os "aparelhos" vieram com apenas 115 cavalos. E
meio magricelas...
Com tanques cheios, dois pilotos, o avião fica uma pata
choca. Até sobe, mas devagar, quase parando.
O blogueiro, há muito tempo alugava tecos para fazer
"retratos" panorâmicos. Voava CAP 4, J3, Embraer 140, Tupi, esses
equipamentos.
E, às vezes, por necessidade, era obrigado, a contragosto, a
voar nos tais Aero Boero.
Andando por Santa Catarina e não vou dizer exatamente onde,
para não comprometer o Aeroclube, tive que, esperneando, entrar num AB para
fazer uns panorâmicos.
Era um dia pré-frontal, quente, com pressão atmosférica
baixa, tudo ajudando ...
Mas
o "Lambe-Lambe" veve de
retratos e o jeito era encarar.
Fomos pra cabeceira, o comandante deu motor e o aviãozinho
começou a comer pista, comer pista, comer pista ... Até que resolvesse sair do
chão demorou uma eternidade.
O pior é que saímos e aí começou a briga com o altímetro:
pra conseguir 150 pés por minutos de subida, só com muita reza forte. Mas fomos
peleando, peleando, até chegarmos nos mil pés.
Aí aproamos o local das tais fotos e fomos sem grandes
sustos, voando nivelados, mas com o motor sem muita margem para enfrentar
eventuais imprevistos.
Como o blogueiro já tinha uma certa experiência, para evitar
maiores percalços e cagaços, não se arriscou a voar mais baixo. Quem tem, tem
medo.
E a região inicial era num vale.
Pois as fotos daquele vale foram feitas e tínhamos que ir para um outro vale, na continuidade
dos clics documentatórios.
Só que a natureza inventou de sempre colocar uma cordilheira entre dois vales ...
Comuniquei o guri que já era hora de irmos pro outro vale,
além da tal serra, presente da mãe-natureza ...
Ele fez sinal de entendido e tomou a proa da cidade seguinte
a ser sobrevoada, lá do outro lado da morralhada.
E botou a manete no esbarro rumo ao primeiro cerro,
esperando o milagre da subida do Aero Boero.
Só que o vento era de cauda e, se com vento de proa, mal
subia a 150 pés, agora, praticamente não mexia o altímetro.
E o morro vindo ligeirito em nossa direção, pois com vento
no traseiro o AB ficou veloz ...
O "Lambe-Lambe" atento, vendo o que o guri ia
fazer.
Sei lá o que o rapaz tinha na cabeça, acho que vento ou
merda, pois já estva chegando ao ponto em que não se poderia fazer a curva sem
risco de bater no morro, estolar, etc. e ele aproado bem com a metade da altura
da montanha.
Pulei nos comandos e inicieia a curva de 180 graus.
- O que stásch fazendo? - falou com aquele sotaque de
catarina.
- Evitando abrir túnel no morro!
E
acrescentei:
- Com o avião "subindo" deste jeito, nem com a
ajuda de todos os santos de todas as crenças nós vamos ter altura maior do que
o topo. Vamos aproar o vento, subir até
ficar acima da crista da serra e, aí, sim, passar para o outro vale.
A manobra deu certo, tanto que estou contando, mas se fosse
um fotógrafo que não tivesse experiência como piloto, com certeza aquele teria
sido o último voo da dupla.
Fica a dica: nunca tente ultrapassar uma serrania sem antes
ter altitude superior a ela e com uma certa margem. Isso de achar que a razão
de subida vai ser suficiente é um convite ao carro fúnebre.
E se vier uma descendente sem prévio aviso? E se mudar o
vento? Aí, em vez do lift, teremos um rotor jogando o avião para baixo.
Não é por nada que num determinado ano houve mais mortes de
pilotos e fotógrafos do que pilotos agrícolas.
Na minha opinião há causas bem notórias: quase sempre o
piloto de aviões usados para fotos é recém-iniciado no voo comercial, às vezes
apenas PP, em ambos os casos com menos de 100 horas de voo, o que não é nada.
Também pode ser um instrutor com as suas 150 horas, mas voando muito em região
conhecida e com altitude maior. Deve contribuir, ainda, o fato de alguns
pilotos irem trabalhar em locais totalmente estranhos, sem saber como se
comporta a meteorologia, o tipo de relevo, ventos, alternativas, etc.
Por via das dúvidas: se ainda não está acima e bem acima do
topo duma cordilheira, não tente sobrevoá-la. A tentativa pode ser sua última
ação "nesta terra que o Senhor teu Deus te dá."
domingo, 17 de janeiro de 2021
Pane de Profundor - Homenagem a Fernando Velho Costa
Pilotar é Diferente de Palpitar
Quem não
conhece o famoso piloto de mesa ou de bar?
Todo o
aeroclube, toda a pista de ultraleves tem a indefectível figura.
O
sujeito pilota uma barbaridade, faz o que ninguém consegue, entende de tudo,
enfim, um ás no total sentido do termo ...
Toda a
vez que alguém passa por um sufoco, uma pane, um pouso de emergência, lá vem
ele com a infalível frase:
- Por
que tu não fizeste como eu, uma vez quando o motor rateou ...
O eu é o
único pronome que conhece. Eu faço, aconteço, etc. etal.
Mas, uma
coisa é pilotar sentado à frente duma gelada, outra, bem diferente é enfrentar
o pepino em tempo e espaço real. Não se trata de mera simulação: o pau, lá na
frente está parado, a pista mais próxima fica a milhares de quilômetros e o
piloto tem que levar o "aparelho" a um "choque com o planeta
Terra", como diria o Chico Ledur, o mais suave possível. Se der, com o
aviãozinho plenamente utilizável ou, ao menos, com o seu condutor saindo com
todos o ossos inteiros.
É muito
fácil pousar sem motor, sem algum dos comandos, enquanto a cerveja dá mais
perícia e reflexos ao entendido. O difícil é estar lá em cima com árvores,
morros e o gado, embaixo, na maior tranqüilidade e indiferença com o problema
ocorrido com a refrigeração do aviãozinho, pois, de repente o piloto começou a
pingar suor uma barbaridade. E vacas lá, no único trechinho mais ou menos
pousável.
Pois vou
relembrar aqui a pane que o Fernando Velho Costa enfrentou com muita
competência. A pior delas: o comando do profundor desconectou-se.
Imaginem
vocês: a gente lá em cima, puxa o manche e sente aquela leveza apavorante. Puxa
mais ainda, nada.
Empurra:
leve, leve. Pica até o fundo, mais leve...
O pavor
injeta litros de adrenalina no sangue. O coração dispara. A garganta seca como
se por dias não se houvesse bebido uma
única gota dágua.
O pior
dos pesadelos trás a agonia da morte não para o sono, mas para a realidade e o
piloto sente martelando no cérebro a expressão tantas vezes ouvida: "com
pane de profundor, só resta rezar".
Crente,
descrente, ateu, à toa, agnóstico, pernóstico, todos rezam nesta hora.
Mas
somente rezar talvez não seja suficiente. Quem sabe, totalmente ineficaz.
Algo
deve ser feito.
É onde
se faz a diferença entre pilotos-homens e pilotos-meninos.
Vendo a
morte com o gadanho erguido, lá embaixo, só esperando a chance, um homem reage,
um menino grita pela mãe, entrega a rapadura.
Para
completar, o Costa levava um passageiro. Para deixar a coisa mais tensa ainda,
criança de seus oito, nove anos.
O
Fernando fez a diferença entre homens e guris.
Tratou
de não fazer curvas fortes e ir testando a reação do seu ML400 (naquele tempo
ele pilotava ultraleve, no verdadeiro sentido da palavra - não o RV-9, RV-7,
sei lá, que é um baita avião, isto sim)
com o uso do compensador e uma aceleradinha ou reduzidinha de manete.
O
pepino, de tão graúdo era uma melancia e das grandes ...
Suando
até pelas unhas, tenso que nem corda de violão, tratava de manter o ML no ar. E
estava conseguindo voar relativamente nivelado.
Voar em
linha reta horizontal é a primeira aula prática de nossos cursos. O abc
da pilotagem em situação normal ele conseguia executar
sem o mais importante de todos os comandos.
Isso já
era uma senhora façanha.
Mas todo
o avião que está em vôo tem que pousar. Para pousar, tem que perder altura.
Para perder altura, há que se picar o manche, quando ele funciona.
E o
Costa pensando: "Se, na hora de picar o compensador, o avião entrar numa
atitude de mergulho e não sair mais dela?"
O que
não tem solução, solucionado está.
Se não
tentasse, uma hora a gasolina acabaria e, aí, sim, a vaca se iria para o brejo.
Sem profundor e sem motor ...
Tomou a decisão
certa, começar a descida e torcer para que desse certo.
Com todo
o cuidado do mundo picou levemente o compensador.
O
ultraleve respondeu suavemente e começou a descer.
Agora
vinha o momento do tudo ou nada: hora de neutralizar. O que aconteceria?
O
aviãozinho sabia que duas vidas deviam ser preservadas, dentro do possível.
Começou
a erguer o nariz suavemente.
Era como
se o Sol nascesse depois de uma noite de tormenta e sem Lua.
Havia
esperança. Não entrariam de nariz, a noventa graus.
Qual
seria o ângulo da placada? A que altura estolariam?
Estas
perguntas repetiam-se numa rapidez vertiginosa.
Um
avião, duas vidas, um simples pino solto. O fim de tudo estava por um fio de
cabelo. E pelo sangue-frio do piloto. Corrigindo, sangue ainda não fervente,
pois numa situação desta ninguém pode mantê-lo. Apenas não perde o controle,
ainda que os cabelos ergam o capacete de pavor.
A pista,
na época era menor, creio que 360 m, iniciando por aterro e terminando entre
barrancos, com linha de alta tensão na
cabeceira. Era pousar ou pousar. Arremetida fora de cogitação.
Já
exigia perícia em circunstâncias normais. Sem profundor, perícia e sorte.
Enquanto
deu o Fernando testou o compensador, as reações do ultraleve.
Também
testou a reação quando diminuía o motor. Foi pegando a mão da sincronia entre
compensador e manete, isto no ar, em vôo quase nivelado.
Na reta
final, a descida definitiva, com maior
ângulo na rampa, o que aconteceria? Nenhum instrutor havia falado sobre isso.
Apenas lembrava-se de que "pane de profundor era lucro pras
funerárias".
Encarar
a descida para a pista com uma frase destas martelando as idéias não deve ser a
melhor coisa do mundo.
A Aldeia
dos Anjos (nome do Sítio de Vôo) aproximava-se.
Agora é
que o homem mostraria porque não era menino.
Reduziu o motor, picou suavemente o compensador e manteve o alinhamento com o eixo da pista.
Como o
Fernando é médico, preveniu o guri que o acompanhava para que, chegando bem
perto da pista, se encolhesse, evitando que o impacto fosse direto sobre a
coluna.
Nunca
aqueles seiscentos metros de aproximação demoraram tanto a passar.
Nunca
uma cabeceira passou por baixo tão rapidamente.
Era
agora: arredondar ou ir chão a dentro.
Cabrou o
compensador e reduziu o motor.
Só que
os ML, pela posição do motor - atrás e ao alto - quando há redução da manete,
tendem a erguer o nariz e foi o que aconteceu.
O
ultraleve ganhou novamente altura e a seguir estolou, placando com extrema
violência.
O
passageiro, criança, mais leve e, seguindo as instruções do comandante, saiu
praticamente ileso.
O ML
ficou quase que destruído.
Com o
Fernando Costa, infelizmente, a coisa complicou. Fraturou um vértebra. Isto
porque, no instinto de piloto, bateu no solo com as pernas esticadas, a mão no
manche, indo todo o impacto para a coluna.
Mas, sua
coragem, perícia e atitude foram recompensadas. Após cirurgia e tratamento,
recuperou-se, voltando a caminhar normalmente e a pilotar, sendo que agora anda
faceiro no seu RV.
No meu entender,
acho que pouquíssimos de nós
conseguiriam levar um ultraleve sem comando de profundor a pouso em que um
saísse ileso e outro com lesões recuperáveis. O fato de destruir o aviãozinho,
para mim é insignificante.
Pois é,
mas não faltaram "pilotos", "mui amigos", que começaram a
dizer que ele não deveria ter reduzido tanto o motor, que poderia ter cabrado
menos o compensador, ter feito uma rampa mais suave. Essas coisas que os ases
de mesa sabem falar, como se aviação fosse que nem futebol e existisse
pilotagem de botão ...
Segundo
consta houve até um que quis levar a coisa ao extremo e tentou um pouso sem
comando de profundor. Mas ele fez tudo na maior tranqüilidade, sabendo que, se
a coisa encrespasse, o profundor estava ali, disponível, era só usar.
Assim,
sem tensão, a coisa fica muito mais fácil. E o tal conseguiu pousar.
Pena que
pilonou ...
Ainda
bem que saiu ileso.
Mas que
nunca mais tentou o tal tipo de pouso é verdade e dou fé.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Voo Livre - Parte III
Como já falei, a
meteórica carreira de piloto de asa foi curtíssima, mas faltam "os
finalmentes".
Depois dos espinhos na bunda e da arborização veio o
encerramento do curso, carreira, etc., com chave de ouro...
Andava o escrevinhador-blogueiro tratando de seu trabalho,
entregando fotos, recebendo uns trocos, essas coisas, quando me encontro com o
carro do instrutor, duas asas no teto, quatro alunos dentro, vindo em sentido
contrário.
Dei um jeito de fazê-los parar e perguntei para onde iam.
- Pro Morro da Jativoca,
em Joinville.
E caíram na armadilha de elogiar o tal Morro. "Que era
ideal para voos iniciais, pois era um morro pelado, isto é só tinha pasto na
encosta. Que a inclinação era ideal, pois o ângulo de descida era mais ou menos
igual ao da rampa do morro. Que, no caso dum imprevisto, dificilmente o novato
se machucaria e, finalmente, que permitia voo com vento de qualquer direção porque
era uma elevação arredondada e regular."
Pronto: "Podem ir se apertando que eu vou junto".
E lá se foi a Elba, se não me engano, atulhada de voadores,
experientes e nem tanto, equipamentos no porta-malas, duas asas no teto,
sofrendo com todo aquele peso.
Os cem quilômetros ou pouco mais foram vencidos sem problemas
e lá pelas três da tarde estávamos nós
no alto do Jativoca, disputando seu uso com o Exército Brasileiro, que estava,
justo naquele dia, fazendo alguns exercícios com a milicada. Os comandantes da
operação não colocaram empecilhos e começaram os voos.
O vento, fraco das pernas, de novo. Parecia até perseguição,
pois todos sabemos que litoral sem vento
é coisa difícil de ocorrer.
Só que fazer duzentos quilômetros, para não voar é coisa que
difícilmente a rapaziada aceitaria.
Mesmo em condições adversas, todos queriam tirar sua
casquinha no Morro da Jativoca.
Como aqui o trajeto entre a decolagem e pouso era menor e a
rampa mais suave, os voos se sucediam mais rapidamente e logo chegou minha vez.
O primeiro voo transcorreu sem incidentes mais graves.
Apenas aquela sensação de "vai dar cacaca agora" , pois com falta do
"lift" era um rasante de não caber uma formiga entre o voador e a
grama ...
Mas nesse, deu tudo certo.
Antes de mim um outro aluno andou perdendo sustentação e o
voo ficou pela metade, mas não se machucou, dadas as características de rampa
suave e sem maiores obstáculos.
A asa também saiu ilesa.
Outros voaram, todos tirando fininho do solo.
O certo, mesmo, era suspender o treinamento, pôr a viola no
saco e voltar para Itajaí. Mas, não sei lá porque o professor cedeu aos apelos
dos alunos.
Não devia.
Eis que, de novo estava o "Lambe-Lambe" pronto
para nova corrida, decolagem, rasante morro abaixo e, com sorte, outro pouso lá
embaixo.
Fui-me. Num rasante bárbaro, que nem um agrícola Ipanema,
sobrecarregado em calorão de trinta graus.
Pois é, falei que o Morro da Jativoca era apreciadíssimo
pelos praticantes do voo livre.
Mais apreciado ainda era por uma colônia de cupins, que não
entendia de voos humanos pendurados naquelas coisas triangulares e estranhas. E
não imaginava que um novato quisesse fazer testes de resistência de
materiais, usando, justamente seu
condomínio.
Não deu outra: no raso, consegui dar uma cabradinha e livrar
minha cabeça, corpo e membro do arranha-céu dos insetos.
Mas não deu para livrar o trapézio do choque.
Para os gaúchos campeiros, foi como se tivessem pealado a
asa pelas patas da frente.
Faz tanto tempo que não lembro direito, mas acho que não
completei o "looping" invertido.
Quando me dei por conta estava com a proa da asa cravada na
grama, ambos ilesos.
Tratei de me levantar e subir a encosta para entregar o
equipamento a outro maluco que quisesse encarar aquela condição de pouco vento.
Notei que a asa estava meio molenga, mas pensei que fosse
coisa de apenas algum pequeno ajuste.
Chegando na rampa, fomos revisá-la.
Que ilesa, coisa nenhuma: o choque quebrara a quilha e, sem
um bom mecânico aeronáutico, por um tempo aquela asa não voaria mais.
A outra asa era a queridinha do instrutor, equipamento
caríssimo e, claro, naquelas condições nem ele quis saber de voar.
Restava, então, procurar um boteco e beber para esquecer.
E eles até já sabiam onde havia um que tinha cerveja bem
gelada a preço honesto.
Lá nos fomos para comemorar a "formatura" nada
honrosa desse manicaca aqui, que encerrou sua carreira de piloto de asa delta
de forma melancólica, bebendo em boteco de periferia ...
Não sei por que, dali para a frente, sempre que eu me
escalava para um voo, havia uma desculpa na ponta da língua ...
Naquela sequência, arborizando e quebrando asa, ia era
acabar quebrando as ideias nalguma pedra
ou encosta.
"Melhor não arriscar" - pensava o instrutor.
E ali encerrou-se minha experiência com o voo livre!
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Resposta da Sessão Nostalgia da Postagem Anterior
As fotos dos CAP 10 em acrobacia, foram feitas pelo "Lambe-Lambe na EXPOAER que ocorreu no Aeroclube do RGS, em 22 de abril de 1990.
Os pilotos eram um casal de franceses que faleceu em acidente aéreo alguns anos depois.
O Paulistinha pousado na praia era de Joinville e os "motoristas" eram o "Lambe-Lambe", de barba e o Irineu, que era instrutor naquele aeroclube, mas que já voara muito no Aeroclube de São Leopoldo.
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Sessão Nostalgia Pessoal
Quem seria o piloto especializado em quebrar Kitfox? Esse foi o primeiro, em 31 de dezembro de 1999.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
Voo Livre - Parte II
Pois como lhes falei
minha carreira como piloto de asa delta foi meteórica. Literalmente: sempre que
vejo um deles, ele está caindo ...
Após o pouso com o sentante no espinheiro, não me dei por
vencido e insisti em levar adiante o Curso de Voo Livre a troco de fotos. Meu
sonho era decolar da Pedra da Praia das Laranjeiras, ali, colada na ponta Sul
do Balneário Camboriú.
Vou abrir um parêntese sobre as categorias de pilotos:
sempre existem dois tipos - o JACA e o VACA. Sempre prefira voar com um piloto
JACA - Já Caiu. Se caiu, continua vivo e
pilotando, das duas, uma: ou é extremamente perito ou tem uma bruta sorte. Com qualquer
dessas qualidades continua sendo preferível ao VACA - Vai Cair. Com o último,
nunca se sabe o que pode acontecer numa pane.
No voo livre o caso é parecido - temos o que já arborizou e
o que vai se empoleirar numa árvore. Não tem como fugir disso ...
Sabedor que se estava esgotando o meu crédito como aluno,
pois as fotos não cobriam milhares de horas, tratei de ir queimando etapas,
antes do final do curso, incluindo a tal arborização. Queria sair realmente capacitado ...
E lá estávamos nós, instrutor e alunos, no alto do morro da
Praia Brava, para prosseguimento dos voos.
Neste dia a situação do vento era oposta e não passava duma
brisa, meio insuficiente para voos de novatos.
Repetem-se as manobras de decolagem, voo curtíssimo, longa
e penosa subida do morro carregando a asa nas costas para entregá-la ao aluno
seguinte.
O fotógrafo-aluno faceiro que nem mosca em tampa de xarope,
esperando impaciente a vez de repetir a maravilhosa experiência de estar no ar,
sozinho, curtindo o zumbido do ar nos cabelos, a beleza da praia e o prazer
indescritível de ser como os pássaros.
Chegou a minha decolagem e o vento que da outra vez quase me
manda proutro mundo por estar forte, agora era "muy flaquito" como
diriam os argentinos que infestavam e ainda infestam a região no veraneio ...
O instrutor largou o "Agora". Lá me mandei eu esperando que o "lift" me erguesse e, do alto, agora "experiente", não permitiria a cabrada excessiva com o risco de estol. Assim já sairia curtindo o voo desde o seu
início.
Mas cadê o vento e o correspondente "lift"? Em vez
de subir, ao terminar a rampinha de decolagem, continuei num voo rasante, tipo
marreca piadeira. Tirava fininho duma pedra aqui, dum arbusto ali, desviava
doutro mais adiante e a situação começou a se mostrar complicada. Tudo indicava
que o pouso nos espinheiros ou o perseguido pouso normal lá na praia não
passavam de sonhos de uma noite de verão ...
O negócio era ir tentando driblar a vegetação e,
principalmente as pedras, descida abaixo.
Tudo ia nos conformes até que o novel voador se atrapalha e
perde o controle da asa. Esta derivou para a direita onde me aguardavam uns
butiazeiros guarnecidos por uma cerca de arame.
E farpado!
Tentei cabrar um pouquinho, tentando passar por cima da cerca e ver se me livrava do
abraço aos arames. Preferia catar coquinhos, dando um estampaço no tronco dalgum butiazeiro,
mas a manobra não foi muito feliz e já antes dos coquinhos, estava a asa devidamente enroscada na cerca.
Lá estava o fotógrafo ileso, mas encagaçado de
novo, com o "pequeno" nariz a milímetros do arame farpado e enferrujado,
combinação perfeita pruma infecção ou, pior, tétano, se não fizesse a vacina de
imediato.
O que me salvou de um baita estrago no semblante de galã de
porta de açougue foi os cabos que reforçam e fixam o trapézio à asa, os quais
formam um tipo de "Santo Antônio" protetor. As farpas não chegaram a
estragar minha estampa justamente porque correram pelos cabos e não me
atingiram, pelo que milhares de mulheres agradecem até hoje ...
Fui até fotografado no exato momento da arborização ou cercarização,
ritual indispensável a todo praticante de voo livre, mas, perdi uma tarde
inteira escarafunchando minhas fotos antigas e não consegui achar os tais
"retratos".
Mas quer arborizei, isso arborizei! E tenho como prova os
fios de arame e os butiazeiros que nunca me deixaram mentir.
Tem outra aprontação com asa delta, mas fica proutro dia.
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Sessão Nostalgia
Alguém sabe quem são os dois pilotos? Onde foi esta apresentação? Quando?
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Nostalgia Pessoal
Pelo prefixo do Paulistinha: de onde era ou é? Também por aproximação: que trecho do litoral catarinense (fica a dica)? Em primeiro plano, além do "Lambe-Lambe", quem é o outro piloto? Agora é piloto agrícola ...
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