sábado, 16 de abril de 2011

Atendendo ao pedido da grande maioria dos meus três leitores ...

    Como a maioria é quem manda, atendo e republico o "causo".


Ponto Imbatível

A gauchada que joga bocha sabe que, ao se pôr a bocha bem perto do balinho, quase colada, o adversário dificilmente consegue bater.

Pois em termos de vôo, outro dia, fiz um ponto destes.

O 15 Bis estava fechando exatamente um mês sem desgrudar do chão e, pior, sem girar o motor.

Era o sábado do II Mocotó do Lambe-Lambe e, como a maioria dos pilotos havia se bandeado para o lado das moçoilas, ficando em casa por causa dum friozinho de nada, depois do meio-dia, como aparecera um Sol meio tímido, na falta do que fazer, resolvi dar uma avoada.

Havia um vento Sul, mas piloto macho não se entrega nem pro frio, nem pra ventinho ... E às vezes é bom não ser tão “macho” ...

Preparado o “apareio”, como diz o Deoclécio, combinei com a patroa Sandra, a heroína do Mocotó, pois 99,9% por cento da trabalheira é dela, que faria um turninho de pista. Depois, estando tudo dentro dos conformes, sinalizaria para que ela viesse ocupar o lugar de co-pila, para um panorâmico. Que ela merecia.

Já falara sobre a sinalização, pois, do jeito que soprava o vento não era totalmente certo que desse para fazer o vôo duplo.

Também ficara combinado que ela fotografaria o 15 Bis em vôo, e, por isso dei um quase raso sobre a pista.

Mesmo passando na “sombra” do arvoredo “das casas” a turbulência não chegou a impressionar. Fui, então para o pouso.

O vento era de través, levemente de cauda. Nesses causos, sempre é bom vir com uma certa velocidade, para garantir a sustentação e eficiência dos comandos.

Fiz o que manda o manual e vim aproximando pouca coisa abaixo da velocidade de cruzeiro, para passar da “sombra” duns eucaliptos em velocidade segura. Depois cortaria motor e partiria para o abraço.

Corrijo: o manual manda, mesmo, é não voar num dia assim.

Quando já estava sobre a cabeceira uma rajada forte e lateral obrigou-me a priorizar a estabilização e não o toque na pista.

Com o tequinho estabilizado, e por ter engolido um bom pedaço da pista, meio forcei o toque e fui devolvido ao ar com uma certa força, obrigando a dar um motorzinho. Lá se foi outro eito de pista.

O toque seguinte demorou e ainda não consegui ficar colado ao solo, por causa da turbulência e da velocidade. Não dei motor, mas demorou mais um pouco para as rodinhas fazerem amizade com a grama.

Dois terços da pista haviam ficado para trás.

À frente, na cabeceira, uma cerca, depois um açude sobre o qual passa uma rede elétrica desativada, mas muito eficiente na hora de pôr um aviãozinho no chão.

Não sou boi roceiro para pular cerca, o 15 Bis não é anfíbio, tampouco pandorga de guri, para se enroscar em fio.

Assim, só restavam duas alternativas: parar ou parar.

Pelos meus cálculos feitos friamente, não pararia em linha reta,

O jeito era frear com tudo e, com a velocidade diminuída, curvar à esquerda, tentando pegar a pistinha de acesso, rumo às casas e ao “hangar”.

Mas o pingo vinha ligeirito. Assim que deu, pedalei o esquerdo, evitando exagero para que a asa direita não batesse no chão. Quando vejo estou alinhado com umas toras de eucalipto, que aguardam desdobre em moirões e tramas de cerca.

Somente a bequilha não garantia a curva necessária. Tive que dar outro motorzinho para que o torque, aliado ao ventinho extra no leme, dessem direção ao 15 Bis. Deu certo e, finalmente, estava na pistinha em linha reta, só que em velocidade exagerada.

Que vontade de ter 120 kg para largar em cima dos calcanhares e fazer as rodinhas arrastarem na frenagem...

Como peso a metade, o freio não estava me garantindo a parada antes da cerca e já me via ampliando o tamanho do hangar, na marra.

Cortei magnetos, tentando diminuir o prejuízo ao preservar a hélice.

O 15 Bis ainda correu mais um pouquinho e a dois metros da porteira finalmente parou.

Ilesos, piloto e avião.

A patroa, na maior inocência, ainda veio perguntar se o seu panorâmico sairia.

Para ela, tudo aquilo era brincadeira minha.

Não falou, mas deve ter pensado: “Exibicionista!”

Quando estiquei a mão, mostrando os dedos pulando mais do que os de um pianista, de nervosos, é que se deu conta do enrosco.

Imediatamente perguntou:

- Vamos guardar?

Não preciso dizer que a resposta afirmativa foi enfática.

E voltando ao caso das bochas, se o hangar fosse o balinho, o aviãozinho uma bocha, duvido que outro fizesse um pouso com corrida em curva, parando assim, tão pertinho.

Portanto: ponto imbatível.

Se desmancho a aeronave, ia ser um “II Mocotó” e tanto: uma trabalheira para fazer o grude, a meteoro dando contra, com frio e garoa, impedindo a vinda em vôo, a bichice dos pilotos que não vieram de carro por causa do frio e, finalmente o grande parceiro 15 Bis todo detonado ...

Mas vamos ressalvar que o Guidotti e o seu irmão, o Nédio e o Kat (é assim que se escreve?) compareceram.

Os demais, mesmo que tenham emboiolado, se assustando com um friozinho de dois graus negativos, continuam sendo amigos e não precisam esperar convite para fazer uma visitinha. É só avisar, que nessa época tem muita vaca atolando nos banhados e dá para conseguir alguma carninha ...

Um comentário:

  1. Buenas amigo Barbosa.
    Segundo o Galo Veio tem um acontecido parecido do seu Kit Fox com este do 15BIZ, tu pode contar pra gente?
    Abraços

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