sábado, 28 de dezembro de 2024

Voando no Calorão

 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Voando no Calorão

 

Tem gente que não aprende.

Gosta de levar cagaço.

Devia era tomar laço,

Que conselho não entende,

Nem a prudência compreende.

Acha que é sabichão.

Desafia assombração.

Sai a voar no calor.

Aí, lhe bate o pavor

Com pane no avião.

 

Ainda em dois mil e dez,

Vejam bem o que eu fiz,

Me larguei no 15 Bis.

Não quis esperar a vez.

E o motor então fez

O que seria normal.

Aqueceu de forma tal,

Que nenhum Fusca aguenta,

Calor a mais de quarenta.

Aí então me dei mal.

 

Derreteu cabo de vela

Lá se foi um bom pistão.

Sem potência o avião

Apresentou por sequela,

Uma descida e aquela

Sensação de "Eu devia

Era voar outro dia,

Mas agora já é tarde.

Só se aprende quando arde."

E pousei nas "melancia".

 

Essa história já contei:

Detonei a ferramenta.

Vendi e o Gilnei sustenta

Que bom avião lhe passei.

Quanto gastou eu não sei

Mas já tá quase voando.

E eu, burro, aprontando

Saio com o Kitfox

No calorão, como fosse

Amena a temperatura.

Só encontra quem procura

Aquilo que é bom para tosse.

 

Lá pelas dez da manhã

Co'a patroa decolei

E lá no Gelson pousei,

Tapado de picumã.

Eu ando meio tantã,

Pois inda tinha nevoeiro,

Teto baixo e eu rasteiro

Voava, dentro das regras,

Meio contraindo as pregas

Mas cheguei lindo e faceiro.

 

E o calorão comia,

Desses de derreter.

Eu em vez de suspender,

Teimei em ganhar o dia.

Fui tirar fotografia

Na hora do calorão.

Quase quarenta e o avião

Se portava nos contentos,

Repassei os instrumentos,

Tudo conforme o padrão.

 

Enquanto curvas fazia,

Mudando a posição,

O ar da refrigeração

O radiador atingia.

E assim ele resfria

A água e o motor

Eu tranquilo, sim senhor,

Aproeei rumo das casas

Conduzido pelas asas

Dum rico avião de valor.

 

Tudo o que é bom dura pouco:

Fui checar os instrumentos

E um desses elementos

Me colocou quase louco.

Da afoiteza era o troco:

A água quase fervia.

Aos noventa e oito ia.

Nos cem começa a fervura.

Nenhuma mangueira atura

Esse tipo de pressão.

Pensei: "Outra vez vou pro chão

Por procurar aventura."

 

"E agora, o que fazer?

Subo pro ar mais frio?"

Mas me dava um arrepio

No que ia acontecer:

Acelerar para valer

Com água quase fervendo!

Acabei foi escolhendo

Reduzir a tal manete

Para refrescar o flete,

Pouco efeito isto fazendo.

 

Com menor velocidade,

Menos ar no radiador,

A água quase em vapor.

Causo feio, era verdade.

E aquela ansiedade

Por chegar logo na pista.

Eu espichava a vista,

Mas não encurtava espaço,

Nem que fosse em placaço

Pousar, a maior conquista.

 

Cinco minutos fora,

Mas parecia uma vida.

Que rotinha mais comprida.

"Por favor, não seja agora

Se uma mangueira estoura

Será que o motor não tranca?"

Nossa mente se atravanca

Com tanta possibilidade.

Num causo desses, a verdade,

 

Té valente perde a banca.

 

Pousei, encurtando o causo.

Quase foi pouso manteiga.

Uma história não tão meiga,

Mas ali me dei um prazo,

Sem adianto sem atraso:

De só voar em dia quente,

Se galinha criar dente,

Ou se a vaca tossir.

A valente pro Céu ir

Viro cagão, mas vivente ... !!!

 

O referido é verdade e dou fé.

Gravataí, 04 de fevereiro de 2012.

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Também deverá estar no livrinho sobre as aprontações, crônicas, histórias, cagaços, etc. no próximo livrim do "Lambe-Lambe" Retratista. 

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