domingo, 21 de novembro de 2021
domingo, 14 de novembro de 2021
Operações da FAB e Exército Trazem Grandes Limitações ao Voo na Região de Santa Maria e Fronteira
Segunda consta há um conjunto de operações das duas armas na região que abrange Santa Maria, Rosário do Sul, Bagé, Dom Pedrito e outras.
Todos os tipos de voo na região devem obedercer às disposições de NOTAMS expedidos.
Atenção:
A zona não está fechada, mas todos os voos devem obedecer as limitações já mencionadas, inclusive desvios de rota em determinados momentos.
Não voe sem Plano de Voo.
Já houve caso de voo não notificado causar o "groundeamento" de 26 aeronaves militares prontas para entrar em operação.
Dizem que o operador vai ter uma "alegre surpresinha", em termos de multa, etc...
As restrições devem prolongar-se até 26 de novembro.
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Operação Meridiano é composta por três etapas e reúne mais de 5 mil militares
Deixa teu teco no chão
Ou voa fazendo o plano.
Que onde sopra o Minuano
Tem colhuda operação.
Não caia na tentação
Dos bocó, de gente estulta
Não te agranda, nem exulta.
Não faz besteira, te ajeita!
Se não voar pela receita,
Não vai ser pequena a multa !
terça-feira, 9 de novembro de 2021
FEBEAPA - Festival de Besteiras que Assola o País (Estanislau Ponte Preta)
"Até o tolo, quando se
cala é tido por sábio." Salomão
Ainda sobre o caso triste de Minas
Gerais, já falei sobre a irresponsabilidade criminosa da grande mídia,
explorando até a última gota de lágrima, até o último suspiro de dor dos familiares, amigos e fãs dos que
perderam a vida naquela fatalidade.
Mas não só a grande mídia como corporação, individualmente também há pessoas capazes de darem metade da vida para aparecerem, nem que
seja para falar cacaca.
E, parece-me
este é o caso deste tal de Lito, que nalgumas vezes até falou coisa com
fundamento.
Só que agora
me aparece com uns dados estapafúrdios de comparação entre "aviação
particular, não regular ..." e aviação regular.
Vamos por
partes, como diria o esquartejador:
"Primeiramentes",
no saber de sua Excelência, o Supremo Conhecedor da Aviação, o que V.
Excrescência entende por aviação particular não regular?
"Segundamentes"
o que Vossa Suprema Burrice, entende por aviação regular?
"Terceiramentes",
se falou em
aviação particular (essa mesma irregular, que não cuida de seus aviões, o "supositório" lógico é que a aviação que
quase não sofre acidentes (18.000% a menos) é pública.
Continuando: pelo seu brilhante raciocíncio, aviação
pública é a não particular. Assim, apenas os aviões da FAB, do governo
federal, estadual e municipal seriam os que recebem manutenção adequada...
Depois que sua Excelsa Inteligência
conseguir nos mostrar o que é uma e
outra destas novas categorias de aviação, nos mostre quantos aviões estão na
irregular e quantos estão na regular ...
Bem, quer
parecer a este humilde escrevinhador que aviação irregular, como o nome diz, é
a aviação clandestina, sem registros e controles. Avião irregular, não vai
procurar a ANAC e registrar os acidentes e incidentes que possam acontecer. Se
seus acidentes e incidentes não são registrados, qual a mágica aplicável para
se conseguir dados confiáveis para comparar acidentes com aviões regulares e os irregulares?
Quartamentes,
insinuar que avião particular (partindo do pressuposto que avião particular
seja o que não presta serviços a terceiros) não tem uma boa manutenção, assim,
generalizando é uma imbecilidade e atestado de QI baixíssimo, que dá vontade de
rir para não chorar. Vamos pegar o caso do dono da Havan, por exemplo, que
comprou um jato particular que vale
uma fortuna. Além do avião valer uma fortuna, achas tu, oh Supremo Conhecedor
de Tudo em Aviação, que o sujeito, ambicioso como é, com sua empresa abrindo
uma ou duas lojas por dia, vai querer jogar tudo no lixo, especialmente sua
promissora vida, para economizar trocados em revisão?
Se eu não
sou tão inteligente e supremo conhecedor quanto
Vossa Estultície, ficou mais ou menos implícito que aviação regular, não
particular seria a aviação das "linhas aéreas regulares".
Se formos
pegar os acidentes conhecidos, os únicos que podem aparecer nas estatísticas
(pois a irregular escamoteia seus dados por lógica pura e simples),
possivelmente teremos mais acidentes com aviões da chamada aviação geral (que
não faz linhas aéreas regulares - a grosso modo) do que acidentes com os aviões
de linha aérea.
Mas, para
cada avião de linha aérea, quantos "particulares irregulares"
existem? Não falaste nisso por distração ou má intenção? E onde estão os tais
dados que estudaste? Só sua Excelsa Sapiência os pode acessar?
Por ter mais
aeronaves em voo, lógico que o número de
acidentes com a aviação geral seja maior, mas, evidentemente nunca chegaria aos
estratosféricos 18.000%.
Oh, sabidão,
vou citar Disraeli, que sempre dizia: "existem três tipos de mentira - a
comum, a deslavada e a estatística".
Pois
bem, ainda pode piorar. A mentira da
estatística burra e mal-intencionada.
Que, parece,
é o caso.
Já que
defendes com tanto ardor a aviação regular (que não sei exatamente qual é, no
teu ponto de vista) mas supunhetando que seja a das linhas aéreas regulares,
não quiseste comparar o número de mortes que uma e outra causa. Estranho, não?
Ou seria: lógico, sim?
Cada avião
da tua "regular" que cai leva consigo mais de uma centena de pessoas.
Ah, e não me
venhas com chorumelas de que sou um desconhecido, um pilotinho privado, com
apenas umas seis mil horas de voo em aviões particulares, irregulares essas
coisas.
Sou-lho e
com orgulho e isso aos sessenta e nove anos.
O orgulho de
dizer que já enfrentei oito pousos fora, em aviões irregulares e particulares e
saí ileso de todos. Será que na aviação "regular" eu teria tamanha
"sorte"? Será que um pouso fora com um Boeing vai ter tantas
possibilidades de sair todo o mundo inteiro?
Já falei e
repito, quem realmente é um ás como piloto, não fica tentando aparecer a
qualquer custo e fazendo declarações espetaculosas, as quais somente servem para afastar muita gente boa da maravilhosa
arte de voar.
Quando for
falar em aviação, mostra primeiro o teu currículo como piloto, a tua
experiência de cabine em aviões regulares, porque particulares e irregulares
não valem para um piloto em tão elevado
nível.
Ah, e mostra
os dados que levaram ao miraculoso cálculo dos 18.000 %.
Enquanto não
conseguires responder bem a estas e tantas outras perguntas que tuas
declarações de bocó-de-argola nos trazem à mente, que tal, no dizer
"sábio" do piloto Nelson Piquet sobre o "grande jornalista"
Galvão Bueno:
- Por que
não para de cagar pela boca?
E mais não
digo porque eu falo besteira e assumo, mas não fico querendo falar bosta
travestida de conhecimento.
Mas que
barbaridade!!! Até eu gostei ...
domingo, 7 de novembro de 2021
Marília Mendonça: Trágica Morte e Exploração da Dor Alheia pela "Grande Mídia"
É de causar justa indignação a forma como a grande imprensa explora a dor e o sofrimento alheios.
O acidente que matou a cantora Marília Mendonça, uma jovem talentosa no auge de sua carreira, trouxe à tona a vileza e o desrespeito aos que tiveram uma grande perda.
Em qualquer canal, frequência de rádio, jornal, etc., só se vê e ouve alguém espremendo até a última gota de lágrima que se possa tirar da tragédia.
Tudo começando de forma errada:
Primeiramente procuram deixar implícita ou explícita a eventual culpa do piloto no acidente, falando que estaria voando um pouco abaixo da rampa de aproximação. Por isso não teria visto a rede de alta tensão e atingido o cabo que causou a queda do King Air que levava, além da cantora, mais quatro pessoas,
Que também morreram.
Pois bem: suponhamos que o piloto não tenha visto a rede e, inadvertidamente chocado-se com ela, perdendo o controle do avião. Mas ninguém da grande mídia falou que a montagem de referida rede não obedeceu aos critérios de proteção de áreas aeroportuárias.
Ninguém falou que a tal concessionária do serviço público esqueceu de colocar as esferas de advertência que lá deveriam estar.
É muito mais simples condenar alguém que morreu e não pode mais se defender. É muito melhor e conveniente calar-se diante da irresponsabilidade duma multinacional poderosa ou, mesmo empresa brasileira (creio que não é mais nossa a tal distribuidora de energia). Afinal, o piloto já morreu, não tem como defender-se, o potencial econômico-financeiro da família não poderá sustentar uma briga com uma poderosa concessionária de energia.
E essa imprensa suja, vil, interesseira, que cruza com um trator por cima da amargura e sofrimento das pessoas somente fala em Marília Mendonça, como se ela fosse a única a ter morrido no acidente. Nada contra dilvulgar-se a tragédia que abateu uma artista de renome, mas ficar um final de semana inteiro, catando formas de forçar a barra e causar comoção artificialmente, realmente é o sinal triste de inversão dos valores, onde a ética e o respeito humanos são jogados na sarjeta no maior caradurismo.
Por que ninguém fala no piloto que estava dando o seu melhor e que, por falta do cumprimento duma obrigação legal da concessionária não viu a tal rede. Segundo consta não poderia ter sido construída naquele traçado e, se construída, devia, ao menos ter os exigidos equipamentos de alerta?
Por que ninguém fala no co-piloto? No tio da cantora e seu assessor e no outro ocupante do avião? Será que não tinham família, esposas, filhos, pais, familiares e amigos que também estão chorando e sofrendo com a trágica e inesperada perda?
Ah, grande e poderosa mídia. Até quando tentarás adonar-se da alma dos mais simples, dos menos esclarecidos? Até quando, para conquistar audiência e leitores irás enterrando o mais elementares princípios de respeito ao ser humano e cumprimento das mais elementares bases éticas do viver em sociedade?
Para finalizar, anexo uma postagem, cujo autor não foi possível identificar, mas que tem muito a ver com o momento. Fala sobre o que é ser piloto e o quanto falta de respeito e consideração para com a classe.
"A profissão de piloto é realmente muito fascinante, mas também muito ingrata, injusta, as vezes insalubre, e incerta. Digo isto pois, o piloto é o único profissional que PAGA COM A VIDA, pelos riscos da profissão. Vejam bem:
Se erramos, pagamos com a vida;
Se ocorre algum tipo de pane catastrófica, pagamos com a vida,
Se há elementos, como um fio, nuvens baixas, pouca visibilidade, que venham ser contribuintes em um acidente, pagamos com a vida.
Pagamos com a vida e somos responsáveis por outras vidas.
E ultimamente sofremos com baixíssimos salários, desconforto, afrontas, e comentários do tipo que ganhamos a vida muito fácil...digo a vocês: Fácil, fácil meus amigos, é PERDER a vida.
Temos inúmeros desafios a enfrentar, estudamos várias teorias, experimentamos várias situações que potencialmente geram riscos, e na ponta da lança, lá estamos nós, pilotos que entregamos nossa vida a profissão, abrindo mão de ficar com família, deixamos de acompanhar algumas fases do crescimento de filhos, natais, aniversários, tudo isso distante de nossos entes queridos, e nada disso é levado em consideração.
Somos uma das poucas profissões que exigem renovações de habilitação constante, exames médicos rigorosos, estudos e atualizações tão constantes quanto os lançamentos de algumas tecnologias.
Pra piorar, nós estamos experimentando uma desvalorização vertiginosa de nossos conhecimentos e nossa IMPORTÂNCIA por sermos responsáveis por sua vida também, tanto por parte de Patrões, Sócios, Operadores, Diretores etc... alguns desses sequer tem noção do tanto que investimos e estudamos para estar no comando de uma aeronave de milhares e também milhões de dólares. Além disso, pseudo amigos de profissão que, para criar a oportunidade deles, propõem realizar os voos, pela metade do que é o justo, as vezes até de graça, assumindo custos que são das empresas, tudo para agradar quem não está na cabine, muitas vezes colocando em risco tudo o que muitos bons pilotos lutaram e se doaram atingir em sua vida profissional.
Este é um grande recado para proprietários, operadores e clientes..
VALORIZE OS PILOTOS !! PONHAM A MÃO NA CONSCIÊNCIA..
Tenham em mente que nós somos responsáveis por vocês e suas famílias e seus clientes, quando estão sob nossas asas..
Por uma aviação segura e justa !!! "
Repelente de Chato de Hangar
Repelente de Chato de Hangar
Este
escrevinhador teve o privilégio de pilotar o "15 Bis", aviãozinho
louco de buenacho construído pelo Marcos Ramão Ledur. O nome para registro foi
muito bem escolhido, pois, realmente foi uma criação aeronáutica de grande impacto no
meio, tal qual o primogênito "14 BIS", do baixinho aquele, chamado
Alberto Santos Dumont.
E tenho que
valorizar a classe dos baixinhos, que além de servir para fazer os grandes
brigarem, também têm a mania de ser inteligentes e inventivos ...
Pois bem, o
"15 Bis" foi um cruzamento de Netuno (um ultraleve básico, motor VW,
bem primário, com o Kitfox, já mais
avançado e um projeto bem mais moderno, em relação ao modelo que homenageou o
Deus das Profundezas ...
Ora se
Netuno seria nome para avião ... Não é
de estranhar que, com esse batismo, tenha caído no esquecimento ...
Pois o
"15 Bis", inteligentemente fabricado pelo Ledur, o Marcos, não o
Chico - piloto agrícola e irmão do
construtor, aproveitou o melhor de cada um dos modelos. A esse cruzamento
incorporou um par de asas doado (o par
foi doado, portanto não há erro de concordância ... ) pelo saudoso
"seu" Darci, de Osório. Com um porementes: o motor era um Volkswagen
1.600 original, carburador simples, 30 milímetros. Isso era motorização mui
flaquita para um tequinho, mesmo com redução a correia.
Ainda que
sendo um "cruzamento de jacaré com porco-espinho", era um
"oroplano" excelente de comando, estável, enfim, daqueles projetos
que a gente não consegue explicar como deu tão certo, quando, na teoria, tinha
tudo para dar errado. Adaptações de célula, motorização fraca, redução a
correia desdentada (ou lisa), asas de projeto totalmente diverso, etc., etc.
Pois o
manicaca aqui vivia com uma ideia fixa: o dia em que o tequinho tiver uma queda
mínima de potência, não tem "escapula": vou pro chão, sem dó nem
piedade.
E voava com
o 15 Bis por esse Rio Grande de Deus.
De sair aqui
de São Vicente, ir tirando retrato campo a fora, passando por Alegrete, abastecer
por lá e seguir na confirmação do "como é longe Uruguaiana". Lá na
costa do Uruguai, só não entrei Argentina a dentro, para não humilhar "los
hermanos com meu "Brasília
voador". Sim, porque o motor era realmente um motor de Brasília.
Aí está ele, no dia do tal voo mui longo, em Uruguaiana
Acham que
estou mentindo? Pois vou completar: abasteci em Uruguaiana, me toquei pra Itaqui,
abasteci de novo, passei por Maçambará e voltei pras casas em São Vicente do
Sul, numa perna longa uma barbaridade.
E cheguei
tranquilo e faceiro.
Mas até com
o fios de cabelo esgotados de cansaço.
Contando,
até eu fico na dúvida se foi verdade ...
Que tequinho
bom!
Até lembro
que quando estava hangarado com ele em Montenegro, ficava todo sem jeito em
contar minhas aventuras, porque "lá tinha" um amigo que comprara um
"Conquest", se não me engano por 120 mil dólares e vivia enfrentando
problemas com sua aeronave. Tantos que acabou devolvendo o
"aparelho". Consta que eventuais defeitos que poderiam acontecer com
toda a produção dos montadores, escolheram concentrar-se em um único aviãozinho
...
O "15
Bis" me custara apenas dez mil reais (não dólares) e era confiável,
eficiente. Era ou não de deixar o meu amigo puto da vida o fato de haver gasto vinte vezes mais e ficar voando sempre com o traseiro na reta?
Ah, consta
que o Conquest é um excelente avião. Aquilo foi uma Zica que atacou num lugar e
num proprietário só.
Tem outras
aventuras com o "Brasília" do Lambe-Lambe, que já contei e outras que
pretendo contar.
Tanto gostei
do aviãozinho que fui homenageado pela patroa Sandra, pintora (tomara que não
pinte o sete ...). Perco a amizade (e o casamento) mas não perco a piada. Pois
ela pintou numa camiseta o dito aeroplano.
Devido a
algum engano fui convidado para a Festa
do Dia do Aviador, em São Gabriel, entre 22 e 24 de outubro de 2021. Por
conhecer o Leonardo e sua turma, conhecer melhor ainda a qualidade das carnes
que eles assam por lá, montei no Kitfox e me fui.
Como em
minhas andanças profissionais, ando muito por este Rio Grande, fiz amigos por
todos os quadrantes da querência. Assim fui prosear com um grupo aqui, outro
bolinho ali, até que cheguei nos alegretenses. De longe reconheci o
"Guerra", excelente amigo e melhor piloto. Pilota uma barbaridade, tanto
avião de adulto (Globe Swift - é assim que se escreve?), Ipanema, etc., quanto aeromodelos. Entre outros no grupo
havia um sujeito magro que ao ver o "15 Bis" estampado na camisa,
começou a me especular: se eu era o piloto, se sabia quem fora o construtor,
onde está agora o 15 Bis, essas coisas.
Fui respondendo
e notei que o pessoal em roda, disfarçadamente segurava o riso. E o tal magrão
dê-lhe perguntar: se eu uma vez não tinha sobrevoado o Alegrete com o avião da
Pepsi, pois o tequinho fora pintado com uma asa azul e outra vermelha, no mesmo
tom das cores da Pepsi-Cola?
Lá pelas
tantas o tal magrão falou que conhecia o saudoso construtor, que, segundo
sabia, era irmão do Chico Ledur, o piloto agrícola e de acrobacias com o RV-6. E
aproveitou para perguntar se eu conhecia o paradeiro do Chico?
Respondi que
a última notícia que tinha era de que o tal maluco andava lá por Sinop, no Mato Grosso.
Aí o pessoal
não se aguentou e caiu na gargalhada!
Pois o tal
magrão era o próprio Chico Ledur que, como muita gente sabe, teve sua época de
gordo. Bem gordo. E a última vez que eu falara com ele fora na época do
peso-pesado ...
Depois andou
fazendo cirurgia bariátrica, regimes, dietas e tal, ficando com o corpo de bailarino espanhol ...
Tudo isso
para dar a abertura a um causo narrado pelo próprio na última vez em que
conversamos.
Se passou
bem assim, segundo contou o, na época, Gordo Chico Ledur:
Estavam ele
e alguns amigos num papo de fim de tarde, no Aeroclube ou coisa parecida lá de
Sinop quando apareceu na roda o famoso chato, aquele melhor do que todos.
Não existe
lugar no mundo livre deste tipo de inseto. Não tem veneno que mate esse
organismo maléfico. Se vocês conhecerem algum local frequentado por pilotos,
futuros pilotos, ex-pilotos e aficcionados da aviação que esteja livre desta
praga mundial (pior do que Covid) me avisem, que vou me mudar pra lá.
E nunca o
tal ás é realmente tudo o que se acha.
Os
verdadeiros ases que conheço são humildes, discretos e não precisam, eles próprios,
ficarem a se vangloriar. O talento deles já é suficiente.
Mas o
"ás" chegou arrotando goma: que fazia, acontecia, deixava de fazer e
assim por diante. Aquela conversa de
irritar até a própria mãe.
Deixou pro
final a frase de efeito:
- O único
aqui em Sinop que já passou entre os dois edifícios sou eu!
Aí se calou
num pouquinho, para saborear a glória de ser o mais competente e corajoso
piloto da região.
Nisso o à
época "Gordo Ledur", naquele seu jeito divertido, chegou pro "ás"
no manche e falou naquele seu modo pausado e único:
- Capaz,
guri?! Verdade que tu conseguiste passar entre os dois edifícios?
O chato de
hangar estufou o peito, cresceu uns 5 cm na altura e retrucou:
- Por acaso
tá duvidando de mim? Tenho prova, até vídeo que um amigo fez!
- Bah, tchê,
lá no Alegrete é difícil encontrar um piloto com essa coragem - replicou o
Chico.
Sem grandes
explicações foi saindo da roda para terminar a inspeção do seu RV e fazer o
famoso voozinho de final de tarde.
Como se sabe
o Chico, além de excelente contador de causos é um baita piloto, meio maluco, é
certo, mas competente e corajoso. E isso comprovam as laranjeiras, bananeiras e
outras árvores domésticas que por ele
foram podadas, na devida época, em tempo recorde a poder de asa e hélice dum RV
em exclusivíssima técnica agrícola alegretense ... Um parafuso chato do qual
ele só saiu no solo e no hospital ...
Decolou dito
gaúcho com seu RV-6 e dirigiu-se para os
lados da cidade.
Não se sabe
como, talvez pelo celular de um amigo, o tal ás no cockpit foi informado de
alguns acontecimentos, arrumou uma desculpa esfarrapada e foi saindo de
mansinho.
Quando o
Gordo Chico Ledur pousou, o chatonildo tinha azulado.
Segundo
consta nunca mais apareceu no tal hangar e se foi visto rondando as imediações,
fazia caravolta e se mandava a la cria quando avistava o nobre representante da
fronteira gaúcha por perto.
E tinha lá
seus motivos:
O Chico "perdera" o
controle do RV na hora de tentar a passagem no meio dos edifícios e o fizera no
dorso ...
Sua manobra
foi o mais poderoso repelente de chatos de hangar que se viu em Sinop ...
(Ah, a gente
aumenta, mas não inventa.) Fato devidamente comprovado, verídico e acontecido.
Chácara
Analou - Encruzilhada da Mata - RS, 07 de novembro de 2021.