Este escrevinhador, na década de 60 e início de 70 do século passado foi aluno de internato do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul. Não tenho vergonha de dizer que aqueles foram os melhores anos de minha vida e de muitos que por lá passaram.
O Cesar Ludwig, também interno, internado, sei lá, entende? - teve a excelente idéia de organizar um encontro. Pretendia reunir 140 pessoas dum grupo esparramado, com gente que não se enxergava há quarenta e cinco anos.
Pois não é que apareceram quase trezentos elementos?
A ideia realmente foi ótima. A alegria de ver amigos que há tanto não encontrávamos é indescritível. Pessoalmente nunca havia passado por uma experiênncia dessas e foi ótimo ver que todos partilhavam da mesma alegria, ou seria euforia?!
A turma que mais enviou gente, curiosamente foi aquela em que o Lambe-Lambe estudou, com oito representantes. A foto tá meio desfocada, pois foi feita por alguma pessoa também sob emoção ...
E conto uma das tantas aprontações da rapaziada medonha:
Como em todo o colégio, lá também havia a recepção dos calouros e respectivo trote.
Quem teve a ideia, não sei, mas inventou-se a Caçada de Tirisco.
Tirisco, para quem não sabe, é um bicho que só existiu na imaginação daquela turma ...
Escolhido o calouro-vítima, um dos veteranos o convidava para Caçar Tirisco, animal de carne saborosa, habitante apenas dos matos que margeavam o Rio Santa Maria ou Paranhama e o Rio dos Sinos, ambos cruzando perto do IACS e encontrando-se uns três quilômetros abaixo.
A técnica para se caçar o bicho era espantá-lo com muito barulho rio abaixo, até a confluência dos rios, pois sua vulnerabilidade era a de não saber nadar. Encurralado, e apavorado com o barulho, era a maior barbada pegá-lo e fazer um churrasco de primeira. Diziam que a carne tinha gosto de gado, ovelha, galinha, etc., tudo o de que o novato gostasse.
Combinada a noite da caçada, muniam-se os caçadores de latas grandes, tambores, se desse para surripiar da banda do colégio e se iam para a margem do rio.
O novato era instruído a não parar nunca de bater lata, mesmo que os outros houvessem parado, evitando que o bicho retrocedesse e não descesse até a confluência dos rios.
Claro que os veteranos largavam o calouro num ponto isolado com instruções de não estragar a caçada de forma alguma. Se ele parasse, adeus churrasco.
Muitos caíram no trote, mas a grande maioria batia lata um tempo e, lá pelas tantas se flagrava.
Um houve, que, entusiasmado com a possibilidade de comer carne, pois o refeitório do colégio era vegetariano e carne, necas ... ficou batendo lata até o dia clarear.
Como naquele tempo o bulling não estava na moda, adivinhem qual o apelido que dito cidadão ganhou?
Tirisco.
E, o pior é que o homem não gostava e, dizem, não gosta do apelido.
Tanto que não compareceu, temendo convite para a caçada de algum novo bicho exótico ...
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