domingo, 15 de agosto de 2021

 


Pobre e Pobrice ...

 

Fiz baita planejamento.

Uma enorme economia,

Pois uma viagem queria,

Cabendo no orçamento.

E desde aquele momento

Guardei moeda a moeda,

Mas nosso real em queda

Por pouco bota pro chão

A viagem de avião

E a cosa quase se enreda.

 

Não tá morto quem peleia.

Não entrego a rapadura.

Mesmo na maior lisura,

Sem medo de cara feia,

Por pouco ninguém me apeia,

Que sou quera de coragem.

Co' a prenda me fui pra viagem

Pra ver a filha no Rio.

E também fugir do frio,

Presente cá na paragem.


 

Até parecia um sinal

Ou um aviso e conselho,

Quase que o aparelho

Decola sem o casal.

Chegamos já no final;

 No tal "Embarque Encerrado";

Felizmente ajudados

Por prestativa guria,

Que vendo tanta agonia

Foi nos mostrando o traçado.

 

Tavam a cancela fechando

E o mal sempre se agrupa:

Nossa mala de garupa

Lugar não mais encontrando.

Falaram: só despachando.

Que situação mal parada,

Pois se nem encruzilhada

Tinha pro tal despacho.

Me afrouxou o barbicacho

Com mais essa trapalhada.

 

O  despacho então foi feito,

Sem cachaça, sem galinha.

Na casinha o comandante

Falou: "Tá tudo a preceito.

Com calma e com muito jeito

São Paulo vem num instante

Tem cerração bastante

Mas já tô acostumado

E sempre tenho encontrado

O campo da aviação

Les garanto que este avião

Hoje não vai ser quebrado."

 

Lá na terra da garoa

Houve a tal baldeação.

Montamos noutro avião,

Bagagem, eu e a patroa.

E uma notícia boa

Do comando então nos veio,

Quem mandava no apareio

Dessa vez era mulher,

Que fez o voo correr

Bem no rumo do rodeio.

 

E o Santos Dumont era

O destino do aparelho.

O mar tava um espelho

E a comandante, mui fera

Pros pintos então deu quirera,

Na tal aproximação

Não é que passa co o avião

Abaixo do Redentor?

E completando o favor

Lambeu o Açúcar do Pão!



 Prum panorâmico fazer

A cosa se para hosca,

Pois um avião de rosca

Mil pilas nos vai morder.

Só nos resta agradecer

Para essa comandante,

Parece que adivinhante

Da guaiaca na magreza;

Do Rio nos mostra a beleza

Em cortesia marcante.

 

 Pois no início falava

Em aliviar a friagem.

Por isso a tal viagem

Pronde o calor estava.

E quando a gente chegava,

Sabem quem tomou  assento?

A confirmar o azarento

Dito: se pra praia o pobre sai,

Chuva ou frio também lá vai

E quase sempre com  vento ...

 

 


  Aqui, Niterói, com um vento gelado e até uns pingos ... 

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