O Chiquinho Foi Alegrar o Céu
Ninguém fica pra semente.
Para todos chega a hora;
Cedo ou tarde vão embora
Os que convivem c' a gente.
Assim, no más, de repente,
Até sem se despedir,
Se chega a hora de ir,
O jeito é aceitar.
Eles foram navegar
Sem ter medo de partir.
Chiquinho e seu avião,
O avião e seu Chiquinho,
Iam riscando o caminho
Pelo céu, em amplidão.
Eram cavalo e peão,
Centauro gaúcho alado,
Cruzando por todo o Estado.
Sempre por onde ia,
Espalhando alegria
No seu estilo largado.
Por homenagem esta reza
Do fundo do coração,
Pro ginete de avião
E para espantar a tristeza:
Foi, mas fica a certeza:
Voar não é para um fraco.
Tem que confiar no taco.
Não vamos ficar chorando,
Que o Chiquinho tá voando
Com o São Pedro de "saco"!
As fotos foram feitas na Mateada de São Borja, dia 18 de agosto.
Esta última, sem qualquer montagem ou tratamento, foi feita quando o Chiquinho decolou, ao final da tarde, de volta pro Alegrete, numa simbologia antecipada de sua última navegação que se aproximava. Antes de sair, insistira para que o visitasse no Alegrete, para fazermos um voo em seu aviãozinho. Talvez, se este fotógrafo-manicaca estivesse junto, possivelmente o Chiquinho ainda estivesse vivo, pois a suposição é de que tenha sofrido um mal súbito na decolagem e, com um copila ao lado, haveria chance de prestar socorro.
O consolo que nos resta é o de saber que se foi fazendo aquilo de que mais gostava: voar.
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