sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bruxa Solta

   Infelizmente a ceifeira está trabalhando a todo o vapor.
   Semana passada foi em Passo Fundo, hoje, em Chapada, com o presidente do aeroclube de Carazinho.
   Nesta safra, no RS, já se foram três ou quatro pilotos agrícolas, mais o experiente piloto acrobático de Passo Fundo.
   Claro que morre gente caminhando, andando de bicicleta, infelizmente, até na hora da diversão, como em Santa Maria. Mas a média, em termos de aviação este ano está muito alta.
   Vamos por nossas barbas de molho.
   Antes de decolar avalie se está tudo bem com você. Com o avião. Com a meteoro.
     Se a tesão por adrenalina estiver muito grande, acalme-se. Se der, deixe para voar outro dia. Se for voo profissional, e você tem que voar, doutrine-se para não cair no canto da sereia de provar que pode ir um pouco mais além do que foi na última vez. Faça o voo feijão com arroz e deixe as acrobacias para outro dia.
   Este manicaca já pilotou "autinhos de corrida" e, na pista, cometeu erros. Os resultados foram estragos materiais, prejuízo no bolso, vitória jogada fora, etc. Mas, a mesma proporção de erros em aviação já teriam calado o Lambe-Lambe há muito tempo.
   Extrapolar o limite numa curva pode levar a um estampaço no guard-rail, mas num raso, um estol quase sempre é fatal ou incapacitante. Bater com um lado do carro na proteção é uma coisa. O leve tocar da ponta da asa num galho - zebra graúda.
   Todos já aprontamos, especialmente quando mais jovens.
   Reconheço que, às vezes, fico admirado por não me ter dado mal. Fiz algumas brincadeirinhas das bem cutucantes da cobra com vara curta. Por exemplo, andei mais de quarenta quilômetros sobre um rio, com o trem quase tocando nágua. Pane ali ...
   Hoje, acho que nem me pagando o conserto do Kitfox que ainda está quebrado eu repetiria o feito com o avião oferecido por alguém. A gente vai ficando velho e arisco. Deveria ser o contrário: os jovens é que deveriam ser cautelosos, por terem toda uma vida pela frente a aproveitar. A gente, que já está dobrando o Cabo da Boa Esperança não tem assim, tanto a perder. Uns vinte, trinta anos de fase Condor.

  Com dor aqui, ali, acolá.

  Velhos, maduros, jovens: nossas famílias nos esperam. Nossos amigos gostam de nós. Talvez um ou outro tenha aquela gatona esperando ... Quem não tem gatona mas tem companheira de toda uma vida, não vai colocar tudo a perder por causa duma inconsequência.

   Em homenagem aos que se foram, vamos viver mais um pouco.
   Bons voos a todos nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário