Basiquinho
Pois em primeiro lugar peço desculpas pela displicência com o blog.
Mas explico:
É sabido que o manicaca aqui foi vítima de uma arapuca que estragou o tequinho. Em toque suave de pista, mas tão suave que o pneu saiu rodando em linha reta, quebrou-se a ponta de eixo, e o trem esquerdo cravou-se na grama. Pilonagem, teco todo esgualepado.
Quando a culpa é da gente, alegre não se fica, mas o jeito é assumir as consequências da cagada.
Agora, estragar um rico dum avião que nem o Kitfox, por culpa de erros de engenharia de terceiros, aí dói e o cristão perde aquele entusiasmo por um tempo.
Por isso ando meio desligado das coisas aeronáuticas.
Mas já estou recomeçando mais a sério o conserto de meu pingo voador.
E aí a gente recomeça a acompanhar o meio.
Lendo o Forum da ABUL, vi que um cidadão, por ter alguns pilas e poder entrar meio logo no avançados, chamou disso e daquilo os basiquinhos.
Este manicaca já era piloto de avião homologado há bastante tempo quando entrou na aviação leve, mas leve, mesmo.
E digo mais: aprendi muito, mas muito mesmo, em termos de pilotagem com as pandorgas. Dominar um aviãozinho leve, lento, de pouca potência e brigar com ventos, não é coisa pra qualquer um.
Não que eu aconselhe alguém a desafiar um vendaval com os basiquinhos. Mas que é bom a gente treinar um pouco com vento, isso é, pois se pode ser surpreendido e, sem preparo prévio ...
Claro que o ideal é céu azul, vento calmo, pressão alta, temperatura média ... Ah, e uma mulherzinha do lado, bonitinha ...
Mas isso nem sempre se consegue - principalmente a mulherzinha ...
Bueno, voltando: os basiquinhos ainda tem seu lugar de destaque. Coisa boa decolar de manhã cedo, taxiar na grama molhada, decolar com o Sol baixinho ainda, o vento frio batendo na cara, fazer uma pequena navegação e voltar em uma ou no máximo duas horas.
Para quem gosta de voar, aí é que está o bom da coisa. Perguntem a um piloto de acrobacia o quanto ele adora navegação ...
Não tem como comparar os "avançados", (às vezes pilotados por gente nem tão avançada), que se prestam a navegações, com os destinados a voar como mosca de padaria, sempre em roda.
Conheço pilotos de aviação internacional que curtem um básico, um trike, etc.
Sou suspeito para falar, pois não gosto de navegação: acho cansativo ficar horas e horas numa mesma atitude de voo, conferindo mapas, plotagens, combustível e, pouco praticando em termos de pé-e-mão.
Tenho feito longos voos fotográficos, às vezes com pernas de três horas e meia ou até mais, mas sempre com muitos objetivos e manobras no caminho, o que quebra a monotonia.
Nada contra quem gosta de andar longas distâncias. É uma questão de gosto.
Também nada contra um basiquinho, para voar curtas distâncias e curtir longas e grandes emoções com a companhia daqueles que realmente voam, os pássaros.
O prazer de voar não está na distância percorrida, nem na velocidade.
Está na decolagem da alma, que se vai pelo azul do céu, tanto num supersônico, quanto num vagaroso pano e cabo.
E mais não digo, para não desperdiçar tá lento!