domingo, 22 de janeiro de 2012

O "Causo" do celular

Sorte e Azar

Não sou muito de acreditar em sorte ou azar, mas em possibilidades matemáticas ou estatísticas. Por exemplo, se a gente voa num tipo de avião que dá pane seguidamente e estamos com mais de mil horas somente voando numa boa, tudo indica que a hora está chegando. Se com os outros o dito dava pane, por que somente comigo não vai dar? Isso não existe. As possibilidades estatísticas já foram queimadas e estamos voando com "vales" de horas ...

Mas, para fins da história que vou contar, vamos fazer de conta que existem mesmo, a sorte e seu contraponto, o azar.

Um cidadão gaúcho, piloto de trike, excelente mecânico de estrutura e velame de ultraleves, nos tempos em que os aparelhos celulares custavam uma nota preta saiu a voar.

Voltou e, para azar seu, notou que o rico aparelhinho havia sumido. Primeiramente pensou que o havia deixado em terra. Não encontrou em lugar algum.

Dias depois o Fernando Velho Costa, que à época ainda era da ativa no exército, com a patente de coronel, recebeu uma ligação:

- Alô, falou a voz do outro lado - pois do lado de cá não haveria de ser (e tem escritor que consegue escrever isto ... a sério ...)

- Com quem estou falando - prosseguiu a voz do outro lado ...

- Com Fernando Velho Costa, respondeu a voz do lado de cá ...

- Sim, mas o senhor é coronel?

- Sou coronel do exército, médico - e se o senhor não levasse a mal, gostaria de saber por que o senhor me faz tais perguntas.

- Porque localizamos um celular e a última ligação foi feita para "Coronel". Pegamos o número e estamos contatando com o senhor.

- O senhor tem o aparelho aí? - perguntou o Costa.

- Sim, tenho.

- Então, ligue deste aparelho e vamos ver se é de algum conhecido.

Feito o sugerido, quem apareceu como dono do celular?

O azarado, agora sortudo, Zabiela.

- Esse telefone é de um amigo, que aluga um terreno na min ha chácara e pista de ultraleves, onde tem uma oficina aeronáutica.

- Mas coronel Fernando, esse homem é seu conhecido há muito e merece confiança?

- Sim, é homem sério, honesto, trabalhador e, ao que eu saiba merece confiança.

- Não sei, não. - respondeu o fazendeiro.

E continuou:

- Tem algo errado nesta história, coronel.

- Como assim? - retrucou o Fernando.

- É que o celular foi encontrado na carcaça de uma vaca que os abigeatários deixaram ao roubar mais uma rês aqui na fazenda.

É ou não uma sorte que virou azar, o reencontro do aparelho?

O que livrou o Zabiela de uma boa encrenca com a polícia, foi o fato de haver ligado, por último, para o "Coronel". Se tivesse ligado para o "Lambe-Lambe", por exemplo, imaginem o sufoco.

Quando o Fernando ligou para ele, avisando que o celular fora achado, quem disse que ia buscar. Quem tem ..., tem medo ...

Mas, como o "Coronel" garantiu que o fazendeiro não lhe iria aplicar nenhum corretivo, como se fazia antigamente com os ladrões de gado, tipo marcar a ferro na cara, cortar uns dedos, essas coisas, o Zabiela encorajou-se e foi lá.

Ao chegar o fazendeiro o recebeu amistosamente:

- Quer dizer que Zabiela és tu?

- E os aviõezinhos pararam de cair na minha fazenda? Faz um bom tempo que tu não apareces por aqui.

É que a fazenda onde os abigeatários faziam a festa e o celular do Zabiela foi aterrissar ficava nas proximidades da pista e em posição, terreno, etc., favoráveis a pousos forçados com as incontáveis panes dos antigos ultralevinhos de motor dois tempos e uma vela só por cilindro.

- Mas me conta, prosseguiu o fazendeiro, como estava a costela da novilha?

- Brabo, mesmo, é ficar com fama de ladrão e não dar uma única mordida na carne da rês ...

Eu, cá comigo, ainda acho que o Zabiela estava era trabalhando como distribuidor de carnes nobres, em atendimento rápido, levando sua mercadoria por via aérea, de trike em evidente abuso de poder econômico, comparado aos outros chinelões que ainda roubavam gado usando prosaicas camionetas velhas, carroças, bicicletas, etc. ...

Perder um celular em voo, normal. Localizarem um celular que cai no campo duma fazenda, raríssimo. Agora, encontrarem o celular na carcaça duma vaca roubada, vai ter azar assim, lá no inferno.

Acho que seria mais fácil ganhar a mega sena da virada do que acertar no alvo novamente, mesmo querendo.

Eu, a partir de agora levo o celular amarrado dentro dum saco e no lugar mais seguro dentro do Kitfox. Vá que ele caia dentro da bolsa da Angelina Jolie quando ela vier ao Brasil. Sei lá se o Bradd Pitt vai gostar de ter um baixinho, narigudo, feio e pobre como seu possível concorrente ...

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