terça-feira, 17 de junho de 2025

Impressionate Chuva em Curto Intervalo

 Possibilidade de Grande Enchente na Região



O pluviômetro transbordou nos 150 mm desde ontem às 18 h.




    Com se vê pelas fotos de agora, deve continuar chovendo forte.

domingo, 15 de junho de 2025

15 de junho de 2925

  TEMPO



     9°, vento Minuano fraco, leve nebina na Palma - S. Vicente do Sul - RS. Durante o domingo tivemos nada menos do que 90 mm de chuva.

    Várzea do Toropi já começa a ter algum alagamento. Como teremos mais 48 h de elevação das águas, certamente aí vem mais uma cheia. 

   E "dizque" segunda bate água de novo.

_________________________________________

                             BICHOS E HOMENS

                                                          Vilsom Jair Barbosa

 

         Lá em Gênesis 1:27 a Bíblia diz que “criou Deus o homem à sua imagem e semelhança”.

         E prossegue: “domine ele sobre os peixes do mar, sobre s aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”.

         Não se assustem os meus três seguidores que não venho com pregação religiosa e pedido para que se convertam a esta ou aquela denominação, muito menos que venham a encher os bolsos dos Chapelões, Bispos, Malafaias, etc., etc.

         Cito a Bíblia apenas como um contraponto inicial e reforço de meus argumentos sobre a revolta que a bicharada deve sentir ao ser dominada pelo pior dos animais – o ser humano.

         E escrevo isto por causa dos recentes acontecimentos no Oriente Médio, lá onde a Bíblia foi escrita e onde nasceram e ainda vivem, ao menos parcialmente as “civilizações” judaico-cristãs.

         Temos lá Israel bombardeando Faixa de Gaza e Irã. Irã respondendo e algumas nações, ditas cristãs, oferecendo ajuda a um dos lados, Israel.

         E por que essa brigalhada entre os membros do mundo árabe (salientando que Israel e seus inimigos, na verdade provêm do mesmo tronco ancestral)?

         O Irã há muito tempo quer fabricar suas próprias bombas atômicas. O resto do mundo já possuidor do mortífero armamento não quer de jeito nenhum que o país também tenha essa potente forma de dissuasão belicosa.

         E aí começa a matança de inocentes. Crianças, mulheres, idosos, doentes, homens e, até militares ...

         Agora, faço um pergunta: alguém conhece alguma animal predador, leão, onça, tubarão, sucuri, qualquer espécie que dependa do ataque a outro animal vivo para sobreviver que haja como os homens, matando muito mais do que o que baste para a momentânea sobrevivência?

         Quanto eu saiba, um lobo sai em matilha para caçar, mas nunca fazem extermínio coletivo dum rebanho de alces, gnus, etc. Pegam apenas o necessário para seu alimento naquele momento. O leão, a onça e tantos outros agem da mesma forma. Isto porque os bichos (que não são racionais – segundo dizem) sabem que se exterminarem com os componentes da sua cadeia alimentar, em breve eles, os predadores, também serão exterminados. Simples assim.

         Os racionais, porém, desde muito desenvolvem máquinas de morte e extermínio, não para garantir alimento, mas por mera ganância, sede de poder, fanatismo político e religioso, todos demonstrações da faceta maligna do dominador de todos os irracionais.

         A própria Bíblia prevê o final catastrófico deste mundo.

         Infelizmente tem completa razão. A humanidade caminha para seu fim a passos de gigante e cada vez mais acelera o passo.

         Enquanto milhões morrem de fome por falta de comida, água, saneamento, os “donos do mundo” gastam muito mais do que seria necessário para socorrer as necessidades destes povos com armamentos, aviões, mísseis, bombas, navios, submarinos, etc.

         Conhecem algum bicho que desenvolva máquina de morte para matar outro bicho?

         A internet está cheia de vídeos onde o predador quebra a cara.

É leão, tigre e pantera que morrem nos chifres de búfalos e outros “almoços” deles.

         Mas nunca vi  caso de animal usando uma simples faca, um pedaço de pau, uma pedra para matar outro.

         E o homem dominará sobre todos os animais ...

         Tem horas em que a vontade é de que haja uma baita reviravolta e que a bicharada tome conta deste mundão sem jeito.

         Talvez se os tigres e outras feras conseguissem um jeito de ir comendo um tirano, um fanático, um louco, um megalomaníaco por dia, a humanidade conseguisse voltar ao  que estava nos planos do seu Criador. 

___________________________________________________________

Crônica para Descontrair

   Fará parte do Livro que será lançado ainda este ano sobre as vivência do Vilsom "Lambe-Lambe-Retratista" BARBOSA no mundo da aviação leve, geral, experimental, etc. ...


                   O ULTRALEVE KAMIKASE DO PACHECO         

               Pois o Pacheco gostava muito de furungar nos seus “aparelhos”.  Se estivesse ruim, tinha que melhorar, se bom, tinha que revisar, se  estivesse excelente, tinha que abrir para ver como é que se fazia para deixar daquele jeito ...

                   E mais futricava do que voava.

                   Num belo dia encasquetou que o seu ML 200, 300, 400, 401, sei lá, estava com algum problema de carburação. E mãos à  obra.

                   Desmontou o carburador, limpou, assoprou, regulou e tudo o mais  que uma furungação de respeito exige...

                   Veio a hora da montagem que, para mim, é a pior de todas: como mecânico desmontador, até quebro o galho, mas como montador, sempre enfrento a famosa sobra de peças ...

                   Pois o Pacheco era um futricador mais preparado: montou o  carburador e não sobrou peça. Infelizmente.

                   Após montado, nada restava, senão colocar o carburador no ultraleve. Colocado, havia que testar o funcionamento.

                   Como o aviãozinho ficara um bom tempo sem funcionar, a bateria se fora e o jeito era fazer pegar na manivela. O improvisado mecânico aeronáutico passou à categoria de relojoeiro:  dê-lhe corda ...

                   O ML estava meio temperamental naquele dia e não queria pegar. Ou queria preservar o dono.

                    Finalmente, quando o homem já estava com o braço que nem o do Popeye de tanto dar hélice, o ML pegou.

                   Como todos sabem, neste tipo de avião, ao se dar hélice, fica-se numa posição bastante perigosa, entre a dita e o conjunto leme/profundor.  Pois foi nessa posição perigosa que o motor pegou a pleno, porque o novel especialista em carburação montara alguma coisa errada.

                   Veio, então, a luta por segurar a cavalaria do motor, que, no caso tinha comido muito milho e estava com energia de sobra. Não deu outra: o avião foi mais forte e a traseira do ultraleve passou por cima do apavorado mecânico que, por pouco não foi arremessado contra a hélice girando a mil.

                   Avião é feito para voar e foi o que aconteceu com o recém-consertado ultraleve. Horas e horas decolando, pousando, cruzando pelos céus, que, no subconsciente da máquina, ficam gravadas todas as dicas do piloto ou instrutor, e ninguém ignora que avião tem alma, vontade, temperamento ...

                   Ganhou os céus de Gravataí o avião do Pacheco.

                   Mas não pensem que decolou de uma pista em meio a grande área deserta. O aeródromo além de curto, cercado de redes elétricas e árvores, ainda tinha a “vantagem” de estar rodeado por vilas na maior parte dos lados e,  num outro, pela obra da GM.

                   Todos nós, pilotos, não resistíamos à tentação de ver o progresso da primeira fábrica de automóveis a se instalar no RS. Por isso o aviãozinho já sobrevoara várias vezes tal obra e, como ultraleve também é bicho curioso, mesmo sem piloto, o ML encasquetou de ver a montadora.

                   Quando o Pacheco viu o avião rumando para aquelas bandas, dizem que foi um tal de pegar-se com todos os santos conhecidos e os que estão por ser canonizados. Se caísse nas instalações da multinacional, mesmo vendendo tudo o que tinha, o homem teria de reencarnar um montão de vezes, para pagar o prejuízo.

                   Dê-lhe rezar.

                   Ou por serem fortes as rezas, ou por ter quase todo o avião alguma tendência, o aeromodelo criado a Toddy começou a fazer uma curva.

                   Vendo as preces atendidas, o Pacheco, homem reconhecido, começou a rezar pela graça alcançada.

                   O solitário brinquedo voador curvando, curvando.

                   Quando o fervoroso cristão abre os olhos, eis que um ultraleve kamikaze vinha na final dum mergulho certeiro e mortal.

                   Que rezar, que nada. O Pacheco, mais o seu Oly, seu guarda-campo e guarda-sítio, correram para trás das colunas do hangar, na esperança de não serem atingidos diretamente pela mortífera aeronave.

                   O guerreiro invisível sabia muito bem o que queria e prosseguia com os dois na alça de mira.

                   Foi um tal de pedir perdão dos pecados, que os céus, donde vinha o perigo, tivessem piedade e acolhessem duas almas cristãs no paraíso.

                   O Céu ou o Inferno deviam estar com problemas de superlotação e, uma providencial rajada de vento bateu no leme da máquina exterminadora.

                   O ultraleve recém-regulado, com motor afinadíssimo, rendendo todos os hps possíveis foi, incrivelmente,  estatelar-se numa lavoura de cana a apenas 100 metros da pista, mas ainda dentro do sítio de seu piloto, sem causar qualquer dano a terceiros. Nem destruíra a GM, nem matara ou ferira os dezoito ocupantes de cada uma das casinhas ou barracos das vilas próximas.

                   Dizem que depois desse susto o Pacheco furungava, mas, em carburador, nunquinhas.

                   O referido é a mais pura verdade e dou fé.

 

                   Nota do Escrevinhador: o Pacheco agora anda revisando carburadores lá pelo Céu, onde não tem GM, pista curta ou vila superpopulosa nos arredores. Se der problema, tem um monte de anjos para segurar um ML pela ponta das asas e trazê-lo de volta sem danos ...

 


domingo, 8 de junho de 2025

Sobre esta fria manhã de domingo - e o causo de um certo pouso - 08-06-2025

https://blog-do-vilsom-barbosa.blogspot.com/2025/06/pajadinha-sobre-esta-fria-manha-de.html

____________________________________________________________________________

Mais um História do Livrinho que Sairá em Breve ... (Quando?)

                   O Pouso Perfeito

 

                   Todo o mundo sabe que um bom piloto é aquele que sabe pousar bem. Tem sujeito corajoso, pé-e-mão uma barbaridade, prudente quando necessário, possuidor de excelentes conhecimentos teóricos e práticos, experiente e cheio de outras qualidades que, no entanto, põe tudo a perder na hora do pouso.

 

                   Assim, a gente vive tentando melhorar, fazer aquele pouso perfeito, que é conseguido quando a gente põe o avião no chão sem que ninguém note, inclusive o piloto.

 

                   Pessoalmente sempre gostei de praticar pousos. Voar para mim é muito gostoso, posso ficar no comando horas e horas, mas se não me deixarem fazer ao menos um pouso, fico frustrado. Como é gratificante a gente fazer o famoso manteiga, deixar todo o mundo babando e sair, assim meio desligado, fazendo de conta que aquilo é a coisa mais normal do mundo, que sempre acontece ...

 

                   Até que aprendi e fiz muitos pousos em pistas críticas ou até fora de qualquer tipo de pista, sem danos ou com danos mínimos.

 

                   Há porém experiências que nos marcam.

 

                   Tinha que fazer um traslado que também incluía a travessia do Guaíba e andar mais um bocado no rumo oeste. Para a aviação normal, variações de vento até que não atingem tanto o piloto, pois normalmente se decola de boas pistas, com aviões pesados, menos sensíveis  e logo se vai para as grimpas do céu onde as turbulências são menores. Agora, para ultraleveiros é uma desgraça. Se uma vaca dá um peido quando tu estás sobrevoando o bicho, lá temos uma asa subindo violentamente ...  Um leve brisa cria uma turbulência orográfica que nos afrouxa até as unhas, de tanto sacudir. Mas é a opção ...

 

                   Pois bem, já decolei com um Noroeste caborteiro, ventinho quente, manhoso, amolecedor de comandos, traiçoeiro, perigoso ... Mas tinha que voar e lá me fui brigar com as turbulências.

 

                   Saí de Itapuã  aproei um pouco à direita do circuito de tráfego de Belém Novo, o que me levava para uns morros duns seiscentos pés, perfeitamente indicados para me recepcionar com um rotor, já que o Noroeste vinha do outro lado dos tais morros.

 

                   Justamente quando me aproximava da zona de turbulência, aparece um ruído todo estranho, tipo hélice frouxa ou alguma peça do motor roçando em algo.

 

                   Com a garganta totalmente seca e a testa totalmente molhada dei um jeito de rumar a Belém Novo, coisa duns cinco minutos e torcer para não perder a hélice, o motor, sabia lá ...

 

                   Interiormente ressequido e exteriormente ensopado, fiz a aproximação de emergência e me fui para o pouso, numa pista de asfalto, com uma pandorga e vento de través. Estava bem arrumado.

 

                   Mas o que se aprende bem, nunca se esquece. Com pane ou não, pouso era pouso e não havia necessidade de atirar o aparelho no chão, pois, para um ultraleve, Belém Novo é um mundão de pista.

 

                   Assim, caprichei, mas nada de tocar.

 

                   E dê-lhe comer pista.

 

                   Pensei com meus botões: “Mesmo com essa imensidade de pista, se continuar flutuando desse jeito, vou furar.”

 

                   Comecei a ceder o manche, fiz até uma pequena arte e tirei uns graus de flape, com cuidado.

 

                   E sempre flutuando.

 

                   Quem disse que ouvia o gritinho do toque dos pneus no asfalto?

 

                   Aí me envaretei e, com muito jeito fui cedendo o manche, até chegar quase ao espetamento, mas nada do toque.

 

                   A estas alturas o Netuno já devia estar pensando: “O que deu nesse idiota, que sempre pousou tão bem. Vai ser boca-aberta prá lá! Tocou bem no início da pista e já faz uma eternidade que continua tentando pousar...”

 

                    Mesmo com o pavor da pane, instintivamente fizera tudo certo, mas tão certo, que os pneus tocaram tão suavemente o asfalto que fiz o papel de marido traído: o último a saber que já pousara.

 

                   Quanto à pane, mais uma vez o magnetozinho fora pro saco, se desmanchara por dentro. Ainda bem que não entrou em curto e não me toca fogo no ‘aparelho’.

 

                   Aí, só de birra voei uns dois anos só na bateria (duas bem carregadas), vendi o Netuno, que ficou dois anos com o Franzen, recomprei e a primeira coisa que fiz foi retirar o magneto e voltar para as baterias. Sabem como é, quanto menos peça girando, melhor.

 

                   E voei mais um ano e meio até vender o ‘Marimbondo’.

quarta-feira, 12 de março de 2025

"Leve" Turbulência

 

 

Leve Turbulência

 

O dia tava lindaço:

O ar bem limpo e parado.

Matutei "tá adequado"

Pro índio ganhar o espaço;

Pé-e-mão, a perna, o braço

Coordenando em sintonia.

Como o Deoclécio diria:

"É hoje que lavo a égua!

Vou voar prá mais de légua!

E bater fotografia!........."

 

Sou índio privilegiado.

Tenho baita companheira,

Que bota a mão na sujeira

E me ajuda um bocado.

Se o causo tá mal-parado,

Se tá tudo numa boa,

Sempre conto c'oa patroa.

É dessas que não se acha.

Não se assusta com graxa

E, num aperto, até voa!

 

Decolamos suavemente,

Dando rédea ao Kitfox,

E deixamos que ele fosse

Subindo e sempre pra frente.

Num trote firme e valente

S. Pedro do Sul aproamos.

O ar liso aproveitamos.

Eu dizia para mim:

Por que é que dia assim

Poucos por ano ganhamos?

 

Nuvem, nem pra remédio.

Só um ventinho fracote,

O teco sem um pinote:

Tão bom que até dava tédio.

Até um piloto médio,

Ali voaria bem.

Tudo como convém

Ao vôo pelo prazer

De ver o avião responder

Comandos, feliz, também!

 

O vôo era compridote.

O vento foi aumentando.

Aos poucos fui trabalhando

Mais, mantendo o trote.

É importante que se note

O tempo e sua mudança.

A natureza alcança

A gente, o braço é comprido

E o quera desprevenido

Se embreta na lambança.

 

Nas terras de S. Sepé

Parei pruma desaguada

E dar uma completada

Nos tanques, que nunca é

Demais gasolina e a pé

Não planejava ficar.

Ainda tinha que voar

Pras bandas da Vila Nova

E aí começou a prova

Que nem gosto de lembrar.

 

Assim, no mais, de repente,

Como saída do nada,

Turbulência inesperada

Incomodava o vivente.

Peleando incessantemente

Em mexeção de schimia;

De aparência, lindo o dia,

Mas ascendente aqui,

Descendente logo ali

Roubaram minha alegria.

 

E depois da Vila Nova

Encardumou-se o retoço.

Eu que já não sou tão moço

Vi minha experiência à prova.

Tava levando uma sova

Pra dominar o aparelho:

"Ou tô por demais de velho,

Ou tá feia a turbulência

Pra tudo é preciso ciência,

Mas tô apanhando de relho."

 

Vendo o causo mal-parado

Resolvi subir um pouco.

E quase que acabo louco

Com o tal vento cruzado.

Não sabia de que lado

Iria vir a paulada.

Na situação delicada

Optei mais baixo voar

Lá sabia o que esperar

E me negar da pealada.

 

Baixei a velocidade

Quase de nada adiantou.

O pingo corcoveou

Uma barbaridade.

Até me dava vontade

De pousar numa coxilha.

Temendo quebrar a encilha

Fui brigando a soco e tapa:

Do lombilho não escapa

Quem tem sangue Farroupilha.

 

E não mais que de repente

Fomos chamados pro Céu.

Subimos um escarcéu,

Um pensamento presente

"Sempre após a ascendente

Vem a corrente oposta".

Tudo o de que não se gosta

Acaba nos acontecendo

E veio um soco tremendo

Que nos afrouxou até a bosta!

 

Pra baixo fomos jogados

Com enorme violência.

Foi a maior turbulência

Em tantos anos voados.

Se não estamos amarrados,

O teto a gente furava

E eu ainda estragava

Esta minha linda estampa

deixando parte das guampa

No teto que atravessava ...

 

 

Nem faltava meia hora

Para na pista chegar.

E manicaca a suar

Dando-lhe relho e espora.

Pensando "Será que é agora

Que vou mudar de querência?

Mas gosto desta existência.

Tá certo que a coisa é feia:

Mas me entregar sem peleia

É contra minha consciência."

 

O céu azul continuava,

O Kitfox agüentando,

O piloto se borrando,

O GPS bombeava.

O tempo nunca passava.

Parecia pesadelo.

Era peão montado em pêlo,

Num redomão encruado.

Pra cima e baixo jogado

Mas se agüentando com zelo.

 

Confesso não entendia

Porque tanta turbulência.

O céu numa transparência ...

Nenhuma nuvem se via.

Era um baita dia

O jeito era agüentar.

Pensava em como pousar:

"Se aqui já tá desse jeito

Nem quero pouso bem-feito

Só o teco não quebrar."

 

Trezentos metros de pista

Com vento de atravessado.

O domador assustado

Se obriga a baixar a crista.

E só querer por conquista

O prêmio mais valioso:

Nada de grandioso.

Como sempre se diz:

"Um vôo só é feliz

Se ele termina em pouso."

 

No tráfego, dando espora

A biruta a noventa.

A coisa que se apresenta

Não me era animadora,

Mas era chegada a hora

Da onça água beber.

Não tinha muito a escolher:

Era pousar ou pousar

E tentando não quebrar

Avião, piloto e mulher.

 

Com medo e com coragem

Que é este o segredo:

Coragem é vencer o medo,

Buscava o fim da viagem

Sem fazer uma bobagem,

Que naquela situação

Quebraria o avião.

E isso não combinaria

Com o azul daquele dia

Nem com os pilas do peão.

 

Indo pra reta final

Esperava uma pauleira,

Mas foi baixando a poeira

E subindo meu astral.

Talvez eu não pouse mal.

Talvez a coisa dê certo.

E eu me saia deste aperto

E não se vá tudo à breca.

Talvez eu não suje a cueca.

Do final feliz tô perto.

 

Não foi uma Brastemp o pouso,

Mas também não foi placaço.

O avião tava inteiraço,

Mas foi um vôo tinhoso.

Deu pra ficar  orgulhoso.

Então, ficamos assim:

O avião é bom, pra mim

A Sandra é corajosa

E o Lambe-Lambe Barbosa

Até nem é tão ruim ....

 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

JETSKY VOADOR

 Primeira Navegação após Carta de Arrais


   Não me perguntem quem era o piloto, quem fotografou, que avião era. Dizem que era um certo elemento que vivia cruzando o Sul do Brasil com uns tequinhos de fazer retrato ...




   Papiros encontrados à margem do RioYacuhy, comprovam que o recém-formado capitão de barco, com sua carta de Arrais estava sozinho nesta primeira navegação e ele mesmo fez os registros em daguerreótipo ...


    Notar que a embarcação tipo overkraft (é assim que se escreve, ou é com BIC?) estava abaixo do nível da torre de comando do "barcum areeirum". Houve troca de cumprimentos entre as tripulações. 
   
    Mais um encontro entre navegadores aquáticos. 


Ponte sobre o rio Yhacuy entre as cidades históricas de San Yeronimum e General Khamara. Nauqele tempo eram feitas  vistorias nos pilares das obras de engenharia. 
_________________________________________


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Carnaval de S. Vicente do Sul é Adiado Devido a Destelhamento do Hospital

   Ainda não há previsão da nova data.

       É uma medida acertada, pois, antes de tudo deve ser priorizada a saúde e a vida da população.

       Lazer e diversões podem esperar um pouco.

______________________________________________________

Versinho do Dia

       A internet é um instrumento indispensável à vida moderna. Só que tem as suas desvantagens e problemas. Um deles o "cardume" de "Criadores de Conteúdo", sendo que boa parte nem tem conteúdo ...


________________________________________

domingo, 16 de fevereiro de 2025

BRUXAS À SOLTA

     O objetivo do blog é falar sobre aviação com leveza e bom-humor. Noticiar acidentes, embora possa chamar mais seguidores, em princípio é chover no molhado pois as más notícias sempre andam muito rápido.

    Mas chega uma hora em que não se pode tapar o Sol com uma peneira: nas últimas semanas as zebras foram muitas, inclusive trágicas. 

    Aquela do avião que atropelou a caminoneta de manutenção ou seja lá do que fosse, poderia ter sido uma tragédia assustadora. Não ter havido danos aos tanques, com vazamento de combustível, foi algo que não tem explicação do ponto de vista meramente técnico. Os religiosos dirão que foi milagre, os místicos que foi sorte, mas estatísticamente, a probabilidade de ficar apenas em danos materiais era a menor delas. Felizmente foi a que aconteceu.

    Conheci o advogado gaúcho. Falamo-nos umas poucas vezes, mas era um guri gente boa, estudioso, sempre buscando evoluir profissionalmente. Meu contato maior era com seu pai, o qual tinha, com motivos, muito orgulho do filho.

    Mas a ceifeira não pergunta se é ou não a hora. 

    A pane veio no momento e hora mais críticos: logo após a decolagem, sobre área urbana. Duas mortes que poderiam ser muito mais por diferença de segundos. 

    Nesta semana um casal veterano também se foi, num avião experimental, ao que parece, confiável. 

    Fica no ar, porém, a pergunta: por que tantos acidentes, incidentes, tragédias, quase tragédias em sequência cronológica tão curta?

   Nenhum acidente acontece devido a uma única causa. Há todo um conjunto de fatores que contribuem para a ocorrência. Não sou perito aeronáutico e não tenho elementos para apontar os fatores que estão causando tanta zebra. Acontece que há que se tomar providências e rapidamente, para eliminar boa parte destes fatores que, somados, causam as desgraças. 

    Peguemos, de novo, a camioneta no meio da pista na hora da decolagem. Falha inconcebível. Pode a torre ter falhado, os operadores do veículo podem haver entendido mal o contato rádio ou sido feito por qualquer outra forma o fato é que até uma criança fica espantada com a capacidade humana de cometer erros grosseiros. 

    Foi levantada a hipótese de atentado, justamente pela enormidade e gravidade do erro. Acredito que não tenha sido o caso, mas é uma hipótese plausível. 

    Resta torcer para que as leis da estatística façam a compensação pelo tanto que já tivemos de acidentes, mortes, incidentes, erros, falhas e que essa sequência assustadora seja interrompida por um longo período de voos seguros, pois o avião, apesar dos acontecimentos vistos, continua sendo o meio de transporte mais seguro.

    ________________________________________________

    Para Desestressar um Pouco

domingo, 28 de março de 2021

O Ultraleve Kamikase do Pacheco

         

                        

https://1.bp.blogspot.com/-tq0YhIXjndc/YGDsJyxkQSI/AAAAAAAAIQE/btIeT6XHNWsFAn75wLJOBW_ZWq7mQKN7QCLcBGAsYHQ/w400-h271/ML%2Breta%2Bfinal%2Bdo%2BPacheco.jpg


O ultraleve da aventura era desse tipo. Aqui, numa aproximação. Notar que vem quase na mesma altura dos pinus. Normalmente a gente colocava o nariz do "aparelho" entre os dois pinus e as asas passavam roçando ou realmente roçavam nas folhas mais altas. Não se sabe porque nunca houve um acidente gravíssimo nessas loucas aproximações. Ah, até pode ser que esse fosse o ultraleve kamikaze, mas não tenho certeza, pois estas fotos são de 1990.

 

https://1.bp.blogspot.com/-_cj98AiaFnE/YGDtkn1_NdI/AAAAAAAAIQM/NM73zY7CByMWnxgOO398mcg62iXyP1dbwCLcBGAsYHQ/w400-h265/Ml%2Bpousando%2Bno%2BPacheco.jpg

Essas fotos comprovam a loucura que era um pouso naquela pistinha de apenas 280 m, com uma rede de alta tensão na cabeceira oposta e esse malditos pinus na aproximação.

        


        Pois o Pacheco gostava muito de furungar nos seus “aparelhos”.  Se estivesse ruim, tinha que melhorar, se bom, tinha que revisar, se  estivesse excelente, tinha que abrir para ver como é que se fazia para deixar daquele jeito ...

 

         E mais futricava do que voava.

 

         Num belo dia encasquetou que o seu ML 200, 300, 400, 401, sei lá, estava com algum problema de carburação. E mãos à  obra.

 

         Desmontou o carburador, limpou, assoprou, regulou e tudo o mais  que uma furungação de respeito exige...

 

         Veio a hora da montagem que, para mim, é a pior de todas: como mecânico desmontador, até quebro o galho, mas como montador, sempre enfrento a famosa sobra de peças ...

 

         Pois o Pacheco era um futricador mais preparado: montou o  carburador e não sobrou peça. Infelizmente.

 

         Após montado, nada restava, senão colocar o carburador no ultraleve. Colocado, havia que testar o funcionamento.

 

         Como o aviãozinho ficara um bom tempo sem funcionar, a bateria se fora e o jeito era fazer pegar na manivela. O improvisado mecânico aeronáutico passou à categoria de relojoeiro:  dê-lhe corda ...

 

         O ML estava meio temperamental naquele dia e não queria pegar. Ou queria preservar o dono.

 

         Finalmente, quando o homem já estava com o braço que nem o do Popeye de tanto dar hélice, o ML pegou.

 

         Como todos sabem, neste tipo de avião, ao se dar hélice, fica-se numa posição bastante perigosa, entre a dita e o conjunto leme/profundor.  Pois foi nessa posição perigosa que o motor pegou a pleno, porque o novel especialista em carburação montara alguma coisa errada.

 

         Veio, então, a luta por segurar a cavalaria do motor, que, no caso tinha comido muito milho e estava com energia de sobra. Não deu outra: o avião foi mais forte e a traseira do ultraleve passou por cima do apavorado mecânico que, por pouco não foi arremessado contra a hélice girando a mil.

 

         Avião é feito para voar e foi o que aconteceu com o recém-consertado ultraleve. Horas e horas decolando, pousando, cruzando pelos céus, que, no subconsciente da máquina, ficam gravadas todas as dicas do piloto ou instrutor, e ninguém ignora que avião tem alma, vontade, temperamento ...

 

         Ganhou os céus de Gravataí o avião do Pacheco.

 

Mas não pensem que decolou de uma pista em meio a grande área deserta. O aeródromo além de curto, cercado de redes elétricas e árvores, ainda tinha a “vantagem” de estar rodeado por vilas na maior parte dos lados e,  num outro, pela obra da GM.

 

         Todos nós, pilotos, não resistíamos à tentação de ver o progresso da primeira fábrica de automóveis a se instalar no RS. Por isso o aviãozinho já sobrevoara várias vezes tal obra e, como ultraleve também é bicho curioso, mesmo sem piloto, o ML encasquetou de ver a montadora.

 

         Quando o Pacheco viu o avião rumando para aquelas bandas, dizem que foi um tal de pegar-se com todos os santos conhecidos e os que estão por ser canonizados. Se caísse nas instalações da multinacional, mesmo vendendo tudo o que tinha, o homem teria de reencarnar um montão de vezes, para pagar o prejuízo.

 

         Dê-lhe rezar.

 

         Ou por serem fortes as rezas, ou por ter quase todo o avião alguma tendência, o aeromodelo criado a Toddy começou a fazer uma curva.

 

         Vendo as preces atendidas, o Pacheco, homem reconhecido, começou a rezar pela graça alcançada.

 

         O solitário brinquedo voador curvando, curvando.

 

         Quando o fervoroso cristão abre os olhos, eis que um ultraleve kamikaze vinha na final dum mergulho certeiro e mortal.

 

         Que rezar, que nada. O Pacheco, mais o seu Oly, seu guarda-campo e guarda-sítio, correram para trás das colunas do hangar, na esperança de não serem atingidos diretamente pela mortífera aeronave.

 

         O guerreiro invisível sabia muito bem o que queria e prosseguia com os dois na alça de mira.

 

         Foi um tal de pedir perdão dos pecados, que os céus, donde vinha o perigo, tivessem piedade e acolhessem duas almas cristãs no paraíso.

 

         O Céu ou o Inferno deviam estar com problemas de superlotação e, uma providencial rajada de vento bateu no leme da máquina exterminadora.

 

         O ultraleve recém-regulado, com motor afinadíssimo, rendendo todos os hps possíveis foi, incrivelmente,  estatelar-se numa lavoura de cana a apenas 100 metros da pista, mas ainda dentro do sítio de seu piloto, sem causar qualquer dano a terceiros. Nem destruíra a GM, nem matara ou ferira os dezoito ocupantes de cada uma das casinhas ou barracos das vilas próximas.

 

         Dizem que depois desse susto o Pacheco furungava, mas, em carburador, nunquinhas.

 

         O referido é a mais pura verdade e dou fé.

Nota do Escrevinhador: o Pacheco agora anda revisando carburadores lá pelo Céu, pois lá não tem GM, pista curta ou vila superpopulosa nos arredores. E, se der problema, tem um monte de anjos para segurar um ML pela ponta das asas e trazê-lo de volta sem danos ...