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Mais um História do Livrinho que Sairá em Breve ... (Quando?)
O
Pouso Perfeito
Todo
o mundo sabe que um bom piloto é aquele que sabe pousar bem. Tem sujeito
corajoso, pé-e-mão uma barbaridade, prudente quando necessário, possuidor de
excelentes conhecimentos teóricos e práticos, experiente e cheio de outras
qualidades que, no entanto, põe tudo a perder na hora do pouso.
Assim,
a gente vive tentando melhorar, fazer aquele pouso perfeito, que é conseguido
quando a gente põe o avião no chão sem que ninguém note, inclusive o piloto.
Pessoalmente
sempre gostei de praticar pousos. Voar para mim é muito gostoso, posso ficar no
comando horas e horas, mas se não me deixarem fazer ao menos um pouso, fico
frustrado. Como é gratificante a gente fazer o famoso manteiga, deixar todo o
mundo babando e sair, assim meio desligado, fazendo de conta que aquilo é a
coisa mais normal do mundo, que sempre acontece ...
Até
que aprendi e fiz muitos pousos em pistas críticas ou até fora de qualquer tipo
de pista, sem danos ou com danos mínimos.
Há
porém experiências que nos marcam.
Tinha
que fazer um traslado que também incluía a travessia do Guaíba e andar mais um
bocado no rumo oeste. Para a aviação normal, variações de vento até que não
atingem tanto o piloto, pois normalmente se decola de boas pistas, com aviões
pesados, menos sensíveis e logo se vai
para as grimpas do céu onde as turbulências são menores. Agora, para
ultraleveiros é uma desgraça. Se uma vaca dá um peido quando tu estás
sobrevoando o bicho, lá temos uma asa subindo violentamente ... Um leve brisa cria uma turbulência orográfica
que nos afrouxa até as unhas, de tanto sacudir. Mas é a opção ...
Pois
bem, já decolei com um Noroeste caborteiro, ventinho quente, manhoso,
amolecedor de comandos, traiçoeiro, perigoso ... Mas tinha que voar e lá me fui
brigar com as turbulências.
Saí
de Itapuã aproei um pouco à direita do
circuito de tráfego de Belém Novo, o que me levava para uns morros duns
seiscentos pés, perfeitamente indicados para me recepcionar com um rotor, já
que o Noroeste vinha do outro lado dos tais morros.
Justamente
quando me aproximava da zona de turbulência, aparece um ruído todo estranho,
tipo hélice frouxa ou alguma peça do motor roçando em algo.
Com
a garganta totalmente seca e a testa totalmente molhada dei um jeito de rumar a
Belém Novo, coisa duns cinco minutos e torcer para não perder a hélice, o
motor, sabia lá ...
Interiormente
ressequido e exteriormente ensopado, fiz a aproximação de emergência e me fui
para o pouso, numa pista de asfalto, com uma pandorga e vento de través. Estava
bem arrumado.
Mas
o que se aprende bem, nunca se esquece. Com pane ou não, pouso era pouso e não
havia necessidade de atirar o aparelho no chão, pois, para um ultraleve, Belém
Novo é um mundão de pista.
Assim,
caprichei, mas nada de tocar.
E
dê-lhe comer pista.
Pensei
com meus botões: “Mesmo com essa imensidade de pista, se continuar flutuando
desse jeito, vou furar.”
Comecei
a ceder o manche, fiz até uma pequena arte e tirei uns graus de flape, com
cuidado.
E
sempre flutuando.
Quem
disse que ouvia o gritinho do toque dos pneus no asfalto?
Aí
me envaretei e, com muito jeito fui cedendo o manche, até chegar quase ao
espetamento, mas nada do toque.
A
estas alturas o Netuno já devia estar pensando: “O que deu nesse idiota, que
sempre pousou tão bem. Vai ser boca-aberta prá lá! Tocou bem no início da pista
e já faz uma eternidade que continua tentando pousar...”
Mesmo com o pavor da pane, instintivamente
fizera tudo certo, mas tão certo, que os pneus tocaram tão suavemente o asfalto
que fiz o papel de marido traído: o último a saber que já pousara.
Quanto
à pane, mais uma vez o magnetozinho fora pro saco, se desmanchara por dentro.
Ainda bem que não entrou em curto e não me toca fogo no ‘aparelho’.
Aí,
só de birra voei uns dois anos só na bateria (duas bem carregadas), vendi o
Netuno, que ficou dois anos com o Franzen, recomprei e a primeira coisa que fiz
foi retirar o magneto e voltar para as baterias. Sabem como é, quanto menos
peça girando, melhor.
E
voei mais um ano e meio até vender o ‘Marimbondo’.
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